A conjuntura e as condições objetivas da luta revolucionária

A crise do sistema capitalista mundial, cujo atual ciclo destrutivo se iniciou em 2008, que se arrasta há mais de uma década demonstra cada vez mais o seu rumo: o aumento da superexploração dos trabalhadores em todo o mundo e o caminho da guerra.
O sistema capitalista monopolista global afunda cada vez mais em uma espiral descendente de estagnação generalizada e prolongada, à medida que os povos e nações oprimidas estão envolvidas em dívidas e dificuldades econômicas e as grandes potências imperialistas não conseguem recuperar-se da crise.
Como consequência, os trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo pagam um custo cada vez mais caro por uma crise que não causaram: sofrem com a fome, a pobreza, condições de trabalho intoleráveis, salários insuportáveis e a erosão dos direitos democráticos conquistados com a sua luta e seu sangue.
Neste cenário, a deterioração das condições de vida das massas trabalhadoras se amplia cada vez mais velozmente, se tornando mais insuportável, em um processo que os imperialistas agem cada vez mais inescrupulosamente para ampliar a exploração e extrair superlucros para tentar salvar-se da bancarrota da crise.
A velha receita neoliberal imposta pelo imperialismo dos EUA e seus sócios menores através de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, já moldaram a economia dos países dominados para ser fontes de mão-de-obra barata e exportação de recursos naturais. Isso causou na maioria dos países pobres e em desenvolvimento o desemprego em massa, a disparada dos preços dos alimentos, da habitação, do combustível e de outros produtos básicos, o arrocho de salários e os problemas climáticos que empurram as massas para a extrema pobreza e o deslocamento e migração forçada a nível global. Como consequência da crise econômica e das guerras, existem hoje mais de 280 milhões de pessoas no mundo na condição de migrantes. Esse contingente é usado pela burguesia como mão-de obra barata, vítima que é da superexploração, do trabalho em condições de escravidão, entre outros problemas, gerando uma pressão no proletariado para aceitar condições de trabalho precárias e salários mais baixos.
A vida das massas populares chegou a um ponto de sofrimento, em níveis e extensão, que não era visto desde a Segunda Guerra Mundial. São 56 conflitos ativos, envolvendo 92 países, com um número recorde de 120 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo, de acordo com a ONU.
E para tentar frear a justa resistência dos povos diante da crise geral do capitalismo, cada vez mais se impõe regimes mais brutais e fascistas, esvaziando até mesmo a velha propaganda da “democracia burguesa”.
Por isso o imperialismo estadunidense amplia cada vez mais sua sanha armamentista e busca arrastar diversas regiões do planeta para a guerra e assim alimentar a sua indústria bélica e visualizar alguma saída da sua crise econômica latente.
Os Estados Unidos usam os seus aliados e estados fantoches para manter guerras por procuração e guerras contrarrevolucionárias contra os seus rivais na disputa pelo maior controle de maiores mercados e de mais fontes de matérias primas e mão-de-obra, agindo assim – como o fez e faz há décadas – para manter suas esferas de influência econômica e política em todo o mundo.
É o que ocorre desde 2021 com o conflito na Ucrânia, impulsionado pela OTAN em seu cerco à Rússia com o despejo de bilhões de dólares e euros para sustentar o fascista Zelensky no poder para buscar uma improvável queda do regime comandado por Putin.
Diante da maior ameaça a sua hegemonia, os Estados Unidos avançam em provocações de guerra contra a China, utilizando-se da questão de Taiwan como centro do seu plano para uma guerra por procuração e aumentando cada vez mais sua presença militar na região, tendo as Filipinas como principal fonte da ampliação das suas bases militares.
Também faz parte do plano reforçar o apoio a regimes autoritários e o financiamento do Terrorismo de Estado em países nos quais se desenvolve em diversos níveis a resistência popular, armada e desarmada. São os exemplos da Turquia, das Filipinas, da Indonésia, da Índia e outros locais nos quais avançam vigorosamente a luta pela libertação nacional e pela democracia para o povo. O imperialismo cada vez mais aperta o cerco contra países que afirmam a sua independência e soberania, como Venezuela, Cuba, República Popular Democrática da Coreia, Irã e Nicarágua, utilizando-se de embargos econômicos, do isolamento e das sanções.
O genocídio em andamento na Palestina desde 1948 e agora acelerado desde a histórica ação da resistência palestina da operação “Dilúvio de Al-Aqsa” com o fascista Netanyahu no comando da Entidade Sionista também faz parte desse movimento geral do imperialismo, utilizando Israel como a ponta de lança para a tentativa de dominar todo o Oriente Médio. Depois de todo o sangue derramado na Faixa de Gaza, o sionismo avança contra o Líbano, o Iêmen, a Síria e o Irã, para tentar avançar nos seus planos racistas com o patrocínio das bombas “made in USA”.
Diante desse cenário geral, é necessário, como dizia Mao Tsé-tung, “abandonar as ilusões e preparar-se para a guerra”. As plataformas reformistas vendidas pela social-democracia se provaram desde a início dessa grande crise capitalista completamente ineficientes para defender os interesses das massas trabalhadoras. Pelo contrário, mesmo os governos de diferentes vernizes mais ou menos progressistas, se puseram ao lado da burguesia aplicando medidas neoliberais e cortes de gastos públicos e de direitos para atender os interesses das elites econômicas locais e internacionais. Seja na América Latina, com o que restou da chamada “onda progressista” do início dos anos 2000, em países como Brasil, Equador ou Bolívia, seja em países europeus com uma “esquerda” mais moderna, como o Syriza na Grécia ou o Podemos na Espanha, todos aplicam as mesmas políticas das velhas e novas figuras da direita e da extrema-direita: salvar os lucros burgueses às custas da vida do povo.
É necessário observar a crescente resistência popular em todo o mundo, contra a retirada de direitos, contra os efeitos da crise climática, no meio das guerras étnicas e religiosas alimentadas pelos imperialistas, a luta pela terra e os direitos dos camponeses, dos povos originários pela defesa de seus territórios e inúmeras outras lutas em andamento e apoia-las.
A conjuntura internacional demonstra que as condições objetivas para um avanço da luta revolucionária estão dadas e que o avanço das lutas anti-imperialistas e democráticas dos povos do mundo tendem a crescer e se desenvolver cada vez mais. Por isso é necessário que se evolua na compreensão desse cenário e na construção de uma linha política correta, que retome os princípios do marxismo-leninismo e corrija os desvios oportunistas de “esquerda” e de direita, para fazer avançar a luta dos povos de todo o mundo.
Evidentemente este cenário geral, como não poderia deixar de ser se manifesta amplamente na nossa conjuntura brasileira e nas lutas de classes em andamento em nosso país. Por isso é necessário que atuemos cada vez mais firmemente apontando tais problemas.
A regressão política acompanha naturalmente o conjunto da regressão social. Assistimos a um rebaixamento cada vez maior das disputas eleitorais, com os partidos e candidatos a serviço da burguesia na luta de classes evitando a discussão dos problemas que atingem as maiorias nacionais, pois não podem apresentar soluções a esses problemas. A social-democracia (esquerda da ordem) e os partidos facistizantes vão se revezando nos governos, aplicando as mesmas medidas econômicas, diferenciando-se apenas no discurso, no que se refere às pautas progressistas. Por essa razão, por toda parte, verifica-se um grau enorme de abstenção eleitoral.
A regressão ideológica e cultural vincula-se também à regressão econômica e política. As privatizações nos serviços públicos têm uma relação direta com as instituições religiosas. O Estado burguês busca se livrar da responsabilidade com a oferta de serviços públicos, entregando-os à iniciativa privada, não apenas, mas também, de instituições religiosas, que entregam um serviço minguado e precário. Sobretudo as instituições vinculadas às grandes religiões são beneficiárias desse processo e como tal, não poderiam deixar de cumprir o seu papel de dificultar aos trabalhadores a compreensão lógica da regressão. O fundamentalismo religioso cumpre aqui um papel de vital importância para a burguesia, que trata de fortalecê-lo. Além disso, não podemos esquecer o papel que ele cumpre no fomento das guerras imperialistas.
Em nosso país, deve-se destacar o papel da social-democracia, que como poderosa corrente política a serviço da burguesia imperialista, com forte presença no movimento sindical proletário, busca desviar os trabalhadores da luta por seus objetivos. A luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, é olimpicamente ignorada pelas organizações controladas pela social-democracia. Ao contrário, essa corrente difunde entre os trabalhadores as teorias que afirmam que o que causa o desemprego são as novas tecnologias. A Federação Sindical Mundial (FSM) aprovou em 2022, realizar uma campanha pelas 35 horas semanais, mas não percebemos nenhum esforço da parte das organizações que fazem parte da organização no Brasil em realizá-la, como quase nada foi feito para reverter a reforma trabalhista empurrada goela abaixo dos trabalhadores brasileiros há alguns anos.
Por todas essas razões, constatamos que a correlação de forças na luta de classes no Brasil permanece desfavorável ao proletariado, com o aumento dos níveis de exploração da mais-valia, da opressão política e da dominação ideológica, situação essa que coloca uma série de tarefas inadiáveis para a organização revolucionária do proletariado brasileiro.
A luta pela reconstrução do partido revolucionário do proletariado entre nós, não está separada, mas vincula-se à luta pela organização de frentes de massa classistas no movimento sindical e de bairros, para o desenvolvimento e participação nas lutas em curso. Nesse processo, devemos fazer o combate ideológico, a denúncia das manobras burguesas e seus cúmplices entre os trabalhadores. É necessária a definição de um programa mínimo, que inclua a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a reforma agrária e é preciso realizar campanhas para divulgação desse programa, visando o fortalecimento da luta por sua aplicação.
