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Mao: "Dois Destinos da China"

Camaradas! Hoje inaugura-se o VII Congresso do Partido Comunista da China. Em que reside a importância muito particular do nosso congresso? No fato de, devemos dizê-lo, ser um congresso de que depende o destino dos quatrocentos e cinquenta milhões de chineses. Dois destinos se abrem à China e, sobre um deles, já se escreveu um livro(1); o nosso congresso representa o outro destino da China, e nós também escreveremos sobre isso um livro(2). O nosso congresso visa à liquidação do imperialismo japonês e à libertação da totalidade do povo da China. É um congresso para a derrota dos agressores japoneses e a construção da nova China. É um congresso de união do povo chinês e dos povos do mundo inteiro para a conquista da vitória final. O momento é-nos muito favorável. Na Europa, Hitler está a ponto de ser batido. O principal teatro da guerra mundial contra o fascismo situa-se no Ocidente, onde os combates acabarão em breve por uma vitória, graças aos esforços do Exército Vermelho Soviético. Os canhões do Exército Vermelho ouvem-se já em Berlim, cuja queda está possivelmente iminente. No Oriente, a vitória da guerra para esmagar o imperialismo japonês avizinha-se também. O nosso congresso reúne-se pois em vésperas da vitória final da guerra antifascista. Dois caminhos se abrem ao povo chinês — o caminho da luz e o caminho das trevas. Dois destinos esperam a China — um destino de luz e um destino de sombras. O imperialismo japonês não foi ainda derrotado. E mesmo depois dessa derrota as duas perspectivas de futuro continuarão abertas: ou China independente, livre, democrática, unificada, forte e próspera, quer dizer, China radiosa, China nova em que o povo conquistou a liberdade ou a outra China, semicolonial e semifeudal, dividida, pobre e fraca, quer dizer a antiga China. China nova ou China antiga, eis as duas perspectivas que se oferecem ao nosso povo, ao Partido Comunista da China e a este nosso congresso. Uma vez que o Japão ainda não foi derrotado e que as duas perspectivas continuarão abertas mesmo depois dessa derrota, como devemos então decidir sobre o nosso trabalho? Em que consiste a nossa tarefa? A nossa única tarefa consiste em mobilizar audazmente as massas, aumentar a força do povo, unir todas as energias da nação susceptíveis de ser unidas para a luta sob a direção do nosso Partido, a fim de vencermos o agressor japonês, construirmos uma China nova radiosa, uma China independente, livre, democrática, unificada, forte e próspera. Devemos empenhar-nos com todas as energias por um futuro luminoso, um destino de luz, contra o futuro tenebroso, contra o destino sombrio. Essa é a nossa única e exclusiva tarefa! Essa é a tarefa do nosso congresso, da totalidade do nosso Partido e de todo o povo chinês! Poderão as nossas esperanças realizar-se? Cremos que sim. A possibilidade existe porque beneficiamos das condições seguintes: Partido Comunista poderoso, rico de experiência e com um milhão duzentos e dez mil membros; Poderosas regiões libertadas, dispondo duma população de noventa e cinco milhões e quinhentos mil habitantes, um exército de novecentos e dez mil homens e uma milícia de dois milhões e duzentos mil membros; Apoio das grandes massas populares por todo o país; Apoio de todos os povos do mundo, em especial da União Soviética. Com essas condições reunidas — possante Partido Comunista, possantes regiões libertadas, apoio da totalidade do povo e apoio dos povos de todo o mundo — será que poderão as nossas esperanças realizar-se? Cremos que podem. A China nunca beneficiou anteriormente de tais condições. Algumas existem na China, em certa medida, há já um bom número de anos, mas nunca se manifestaram em toda a plenitude como acontece agora. Nunca o Partido Comunista da China foi tão possante nem a população das bases de apoio tão numerosa e o exército tão grande; o prestígio do Partido Comunista da China junto das populações das regiões ocupadas pelos japoneses e das regiões dominadas pelo Kuomintang é maior do que nunca e, por outro lado, as [ forças revolucionárias representadas pela União Soviética e pelos povos dos outros países estão mais poderosas que antes. Pode portanto afirmar-se que, beneficiando de tais circunstâncias, é inteiramente possível vencer o agressor e construir uma China nova. Nós precisamos de uma política justa, cujo elemento fundamental seja a mobilização audaz das massas e a expansão das forças populares, para que, sob a direção do nosso Partido, as massas derrotem o agressor e construam a China nova. No decurso dos vinte e quatro anos de existência, contados desde a sua fundação em 1921, o Partido Comunista da China cruzou três períodos históricos de combate heroico — Expedição do Norte, Guerra Revolucionária Agrária e Guerra de Resistência contra o Japão — acumulando uma rica experiência. Agora, o nosso Partido tornou-se o centro de gravidade do povo chinês em luta contra a agressão japonesa e pela salvação da Pátria, o centro de gravidade na luta pela libertação, pela vitória sobre o invasor e pela construção da China nova. O centro de gravidade da China está aqui mesmo onde nos encontramos, e não em qualquer outra parte. Nós devemos ser modestos e prudentes, prevenir-nos contra toda a presunção e precipitação, e servir de todo o coração o povo chinês, a fim de o unirmos para a vitória sobre o agressor japonês no presente e para a edificação de um Estado de democracia nova no futuro. Desde que atuemos assim, desde que adotemos uma política justa e conjuguemos os nossos esforços, seremos capazes de cumprir a nossa tarefa. Abaixo o imperialismo japonês! Viva a libertação do povo chinês! Viva o Partido Comunista da China! Viva o VII Congresso do Partido Comunista da China!

Discurso de abertura pronunciado pelo camarada Mao Tsé-tung no VII Congresso do Partido Comunista da China em 1945. Notas: (1) O Destino da China, livro da autoria de Chiang Kai-shek, publicado em 1943. (retornar ao texto) (2) “Sobre o Governo de Coalizão”, relatório igualmente apresentado pelo camarada Mao Tsetung ao VII Congresso do Partido Comunista da China.

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