"Lutar pela causa do povo filipino em meio à luta pelo poder de Marcos e Duterte"

A última rodada de conflito entre os Marcos e os Dutertes reflete a profundidade da crise política do apodrecido sistema governante. Demonstra as contradições irreconciliáveis entre as facções rivais de capitalistas burocráticos, ambas ávidas por poder e insaciáveis saqueadoras do dinheiro do povo.

Essa rivalidade entre as duas facções, embriagadas pelo poder, ameaça escalar para uma fase violenta. O conflito se intensificou recentemente com a revelação da corrupção da vice-presidente Sara Duterte, que utilizou mais de ₱600 milhões em “fundos confidenciais e de inteligência”. Em face de tentativas desesperadas de encobrir a corrupção exposta, Duterte exibiu seu poder ao se recusar a participar da investigação no Congresso e tomar medidas ilegais para bloqueá-la.

Duterte ameaçou abertamente a vida de Marcos Jr., sua esposa Lisa e do presidente da Câmara, Martin Romualdez, a quem acusou de ameaçá-la. Marcos Jr. “retribuiu” mobilizando a polícia e outras agências estatais para tomar medidas legais contra Duterte. Em meio aos crescentes apelos para o impeachment de Sara Duterte, o ex-presidente Rodrigo Duterte chamou atenção ao incitar abertamente jovens oficiais militares a agirem diante do que chamou de “liderança fragmentada” de Marcos. Duterte tenta explorar as queixas do povo contra o regime Marcos e os sentimentos anti-imperialistas dos EUA para obscurecer como o povo sofreu com opressão e repressão durante seu regime, subserviente tanto aos EUA quanto à China.

Esses conflitos estão alimentando ainda mais o ódio do povo filipino contra as classes dominantes, particularmente contra os clãs governantes Marcos e Duterte. O povo sabe bem que essa luta pelo poder não surge de princípios ou objetivos elevados, mas da disputa pelo controle do grande orçamento, contratos governamentais, influência sobre as forças armadas e a polícia, e outros privilégios que beneficiam suas famílias e cliques capitalistas burocráticos. Representam as dinastias políticas mais desprezíveis da política, destinadas a colidir e devorar-se nas próximas eleições.

A raiva do povo contra todo o sistema governante está crescendo à medida que a corrupção desenfreada e os crimes dos poderosos—tanto dos Dutertes quanto dos Marcos—são expostos. Enquanto bilhões de pesos do dinheiro público são desperdiçados diariamente pelos Marcos e Dutertes, milhões de trabalhadores, camponeses, pobres, funcionários e pequenos profissionais sofrem com o aumento dos preços de bens e serviços, baixos salários, desemprego, falta de subsistência, perda de terras e deslocamento econômico, endividamento e outros fardos.

Enquanto Marcos e Dutertes se enfrentam, o povo deve agir para lutar por seu bem-estar econômico, defender seus direitos, responsabilizar os Dutertes por seus crimes contra o povo e fazer Marcos pagar por sua conivência com os Dutertes para ganhar poder e por usar o terrorismo de Estado para reprimir a resistência popular. O povo deve continuar abalando o regime de Marcos com protestos crescentes.

A iniciativa de dezenas de organizações para apresentar um caso de impeachment contra Sara Duterte no Congresso merece o apoio das amplas massas como forma de expressar sua indignação contra a corrupção e o desperdício de fundos públicos. Isso deve ser impulsionado pelo povo, especialmente após Marcos afirmar que não deveria ser perseguido, temendo represálias dos Dutertes. Paralelamente à destituição da vice-presidente, o povo deve perseguir vigorosamente o caso apresentado contra Rodrigo Duterte no Tribunal Penal Internacional, exigindo sua prisão, julgamento e punição por seus crimes contra a humanidade.

Enquanto Duterte é responsabilizado por seus crimes contra o povo, o regime de Marcos também deve pagar por sua corrupção generalizada, como as centenas de bilhões do Fundo Maharlika, a recuperação das riquezas ilícitas da família Marcos, o desperdício de bilhões de pesos em “fundos de inteligência” e “fundos não programados”, os aumentos incessantes nos preços de arroz, petróleo e bens, a estagnação salarial, políticas anti-povo e a repressão aos direitos democráticos.

A expressão coletiva da indignação do povo contra os traiçoeiros Marcos e Dutertes deve ser liberada e organizada. Assembleias, fóruns, reuniões comunitárias e outras formas de encontros de massas devem ser realizadas em campi, fábricas, comunidades, escritórios, mercados, igrejas e outros locais de convergência para servir como espaço de movimento de estudos, abordar as questões nacionais e expressar as queixas do povo.

O povo deve se unir em várias formas, níveis e escopos de redes, alianças e organizações. Os sindicatos e organizações de massas que são o núcleo da construção de uma unidade mais ampla do povo devem ser continuamente fortalecidos.

Para que as massas se tornem uma força material de resistência, centenas a milhares de quadros, propagandistas e organizadores devem avançar com determinação, dedicar toda a sua inteligência e habilidades, imergir plenamente entre as massas e abraçar de coração suas vidas e lutas.

Junto à participação em batalhas no Congresso, tribunais, agências governamentais e outros campos de luta – e mais do que isso – o povo deve levar a luta às ruas, onde pode demonstrar e utilizar sua força baseada na ampla e sólida unidade. Em protestos de rua, o povo pode expressar suas queixas com toda a força e lutar por suas demandas.

O capitalismo burocrático, junto ao imperialismo e ao feudalismo, forma os três problemas básicos do povo filipino, hoje principalmente representados pelo regime opressor e fascista de Marcos, aliado aos EUA. Esses problemas devem ser enfrentados avançando a revolução democrático-nacional através da luta armada, seguindo a estratégia da guerra popular prolongada, para alcançar verdadeira liberdade nacional e democracia.

Do Ang Bayan