A luta de classes: o motor da história
A luta de classes é o motor da história, conforme nos ensinaram Karl Marx e Friedrich Engels, os fundadores do socialismo científico.
Mas é preciso entender todas as consequências desta afirmação. Em geral, quando se fala em luta de classes, muitas pessoas pensam em greves de trabalhadores, manifestações de rua, etc. Nesta compreensão, a luta de classes aparece como uma iniciativa que parte sempre da classe explorada, quando, na verdade, a iniciativa na luta de classes, em qualquer sociedade dividida em classes, parte da classe dominante.
Isso quer dizer que, no capitalismo, quem comanda a luta de classes é a burguesia, não o proletariado. A classe proletária, reage aos ataques da burguesia. Todavia, a forma como reage o proletariado faz toda a diferença.
Temos afirmado nas páginas de Rumos da Luta que, nas últimas três décadas, pelo menos, aqui no Brasil; enquanto a burguesia está coesionada e controla ferramentas poderosas para nos explorar, o proletariado, por sua vez, tem se apresentado bastante fragilizado na arena da luta de classes.
Depois de ter aprovado sucessivas reformas regressivas, como foram as reformas trabalhistas, da previdência e depois de todas as privatizações e suas consequências, a burguesia prepara-se para fazer mais uma. Já o proletariado encontra-se distraído, com sua atenção voltada para outras questões, com suas reivindicações rebaixadas e fragmentadas pela esquerda da ordem, pela esquerda mais preocupada com questões identitárias.
Seguem alguns exemplos para comprovar o que afirmamos.
No jornal O Estado de S. Paulo publicado em 1 de julho de 2024, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, escreveu: “No Brasil, o debate necessário sobre ajustes no modelo previdenciário atual já encontra caminhos para um consenso. Dos principais agentes públicos a especialistas, a concordância é que a bem-sucedida reforma da Previdência, feita em 2019, já precisa ser atualizada.”
O banqueiro praticamente anuncia para 2027 uma nova reforma da Previdência. Quem serão os “principais agentes públicos” que, como diz, já entraram em consenso nessa proposta?
Analisando o cenário internacional, Vijay Prashad, historiador indiano, em artigo dá um dado impressionante. Ele informa que 3,6 % da população mundial é constituída de migrantes. Tem como base relatório da Organização Internacional para a Migração (OIM). Os migrantes atualmente somam 281 milhões de pessoas, ou seja, o triplo do que era em 1970, e bem mais do que os 153 milhões em 1990.
Sabemos que parte dessa migração é consequência das guerras promovidas pelos governos imperialistas. Sabemos como a burguesia superexplora a população migrante, utilizando-a para aumentar a extração da mais-valia dos trabalhadores. Aliás, os países da OTAN aumentaram 12 % em média os seus orçamentos militares para 2024.
Assim, constatamos uma vez mais que a situação atual e o futuro para os trabalhadores será sombrio, se não formos capazes de voltar a lutar com a radicalidade necessária pelos nossos objetivos imediatos e históricos.
Todavia, há uma condição para isso. É preciso reconstruir as ferramentas necessárias para que o proletariado possa lutar como deve: o partido revolucionário do proletariado e o sindicalismo classista dos trabalhadores. E isso implica romper com os serviçais da burguesia que venderam a ideia de que a luta de classes tinha acabado no final do século XX, ideia essa que, com outras versões, andam por aí em tantas cabeças.