"A questão das trabalhadoras e das mulheres na atualidade"
Em conclusão, vamos resumir os principais pontos de nossa exposição.
As condições de produção revolucionaram a condição da mulher em sua base econômica, questionando a justificativa de suas atividades como dona de casa e educadora na família, e de fato privando-as da oportunidade de exercê-las.
As condições de produção, simultaneamente com a destruição da antiga posição da mulher na família, lançaram as bases para suas novas atividades na sociedade.
O novo papel das mulheres resulta em sua independência econômica em relação aos homens, desferindo um golpe mortal na tutela política e social deste último sobre as mulheres.
A mulher liberta do homem cai, porém, na sociedade atual, na dependência dos capitalistas, transformando-se de escrava doméstica em escrava assalariada.
A questão da plena emancipação das mulheres torna-se, assim, em última instância e antes de tudo, uma questão econômica, que está sempre na mais íntima conexão com a questão operária e só pode ser resolvida finalmente em relação a ela. A causa das mulheres e a causa dos trabalhadores são inseparáveis e encontrarão sua solução final somente em uma sociedade socialista, baseada na emancipação do trabalho dos capitalistas.
A mulher pode, portanto, esperar por sua completa emancipação apenas do partido socialista. O movimento de meras “feministas” [Die Bewegung der bloßen "Frauenrechtlerinnen"] pode no máximo alcançar certas conquistas em alguns pontos, mas nem agora nem nunca pode resolver a questão das mulheres.
O dever do partido socialista dos trabalhadores é preparar o caminho para a solução da questão da mulher através da organização e formação político-econômica daquelas camadas femininas cuja atividade foi alterada da maneira mais ampla e profunda como consequência das novas condições de produção: através da organização das trabalhadoras industriais.
A organização e treinamento de mulheres trabalhadoras industriais não é apenas o passo mais importante para elevar o status das mulheres, mas também é um fator significativo no progresso mais rápido e mais forte do movimento trabalhista em geral e, portanto, do movimento trabalhista, para uma rápida transformação das condições sociais existentes.
Por Clara Zetkin
Die Arbeiterinnen- und Frauenfrage der Gegenwart [La cuestión de las trabajadoras y de las mujeres en el presente], von Clara Zetkin (Paris), Berlin: Verlag der "Berliner Volks-Tribüne", 1889