Camponeses do Barro Branco resistem aos ataques do latifúndio em Pernambuco
Na última semana, posseiros de Barro Branco, na cidade de Jaqueira em Pernambuco, organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), levantaram novamente um acampamento na área próxima que havia sido destruída em uma tentativa de despejo ilegal e arbitrário do Movimento Invasão Zero e da Agropecuária Mata Sul S/A no final de setembro.
A decisão de retomada da área dos camponeses foi tomada na Assembleia Popular de Barro Branco, reafirmando o que havia sido indicada em uma Audiência Pública realizada pelos posseiros no ano passado. O acampamento recebeu o nome de Menino Jonatas, em homenagem a criança camponesa que foi assassinada covardemente por pistoleiros a serviço dos latifundiários da região no Engenho Roncadorzinho, localizado no município de Barreiros, também no Estado pernambucano.
Em setembro, os camponeses já haviam resistido bravamente contra o ataque do latifúndio, sob a palavra de ordem “O risco que corre o pau corre o machado”, enfrentando um grupo de mais de 50 pistoleiros armados e policiais que iniciaram uma operação paramilitar para expulsar as famílias da área.
Durante a manhã e tarde daquele dia, pistoleiros que teriam sido contratados pela Agropecuária Mata Sul Ltda., chegaram na região com 14 picapes e duas retroescavadeiras, e conjuntamente com funcionários da empresa, destruíram 2 sítios de posseiros e instalaram uma cerca elétrica na área.
Diante do ataque, os camponeses fecharam o acesso principal para os sítios, e com foices e enxadas, somado ao apoio de camponeses de outras regiões e estudantes, resistiram na defesa de sua terra, enquanto a Polícia Militar que havia sido acionada fazia a proteção dos pistoleiros.
Com a chegada do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior, os pistoleiros avançaram contra os camponeses com tiros, que atingiram três pessoas que defendiam os camponeses. Contudo, a resistência dos camponeses com barricadas fez com que os bandidos do latifúndio recuarem e se retirarem do local.
O ataque faz parte do contexto da chamada Frente Parlamentar Invasão Zero, organizada no Congresso Nacional com 200 deputados e senadores, que surgiu da famigerada “CPI do MST” e que foi formalmente oficializado em abril de 2023 na Assembleia Legislativa da Bahia. As ações decorrentes já vitimaram inúmeros lutadores pela terra no Estado, como foi o exemplo da líder quilombola Mãe Bernadete e da liderança indígena Nega Pataxó. Em Pernambuco, o “Movimento Invasão Zero” se consolidou neste ano com a articulação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que elegeram o Deputado Coronel Meira (PL) para Coordenador de Pernambuco e o ex-defensor público José Antônio Fonseca de Mello como presidente do movimento. Além dos líderes, muitos outros deputados pernambucanos são ligados a essa iniciativa.
Com informações do jornal A Nova Democracia