"A desordem sociopolítica é um produto inevitável de um sistema antipovo"
A economia capitalista, baseada na propriedade privada dos meios de produção, enfrenta frequentemente estagnação, declínio, confusão e turbulências, o que é uma consequência inevitável de suas próprias contradições.
Com a continuidade da crise econômica e a polarização extrema da sociedade, onde a disparidade de riqueza alcançou seu ponto crítico, as contradições e conflitos entre a minoria privilegiada e a classe trabalhadora nos países capitalistas estão crescendo a cada dia. A ansiedade e o medo das pessoas excluídas pela sociedade estão gradualmente se transformando em ressentimento, resultando em protestos intensos. Nos últimos anos, manifestações populares têm ocorrido em sequência nos países capitalistas, e seu caráter violento está se tornando cada vez mais evidente, prenunciando possíveis conflitos sociais catastróficos.
A crise sociopolítica em agravamento nos países capitalistas é um produto inevitável do sistema antipovo.
As políticas e medidas implementadas pelos países capitalistas visam defender e manter o sistema de exploração capitalista, proporcionando o máximo de lucros à classe rica e se orientando para atender e submeter-se à sua incessante ganância e acumulação de riqueza.
Todas as estruturas institucionais estão extremamente reacionárias, de modo a permitir a opressão e exploração da minoria privilegiada sobre as amplas massas trabalhadoras. Apenas considerando as políticas econômicas e as normas legais do setor econômico, podemos ver que elas são abusadas como meios para extrair o suor e o sangue da classe trabalhadora, garantindo maiores lucros para os capitalistas. Isso proporciona a eles todas as condições necessárias para intensificar continuamente a exploração da classe trabalhadora.
Os governos dos países capitalistas oferecem todas as sortes de privilégios e benefícios aos ricos, enquanto ignoram e protegem suas práticas de exploração desumana. Ao mesmo tempo, eles extorquem as massas trabalhadoras de diversas maneiras para financiar o orçamento nacional. A armadilha dos impostos excessivos está apertando cada vez mais o pescoço das pessoas. As dívidas se acumulam e os juros superam muito a renda, fazendo com que a grande maioria das pessoas viva em uma situação miserável, tendo que contrair dívidas continuamente.
Por outro lado, a classe capitalista, que controla os meios de produção e os recursos materiais, continua aumentando seus lucros por meio da acumulação e concentração de capital. Não importa o quanto a classe trabalhadora se esforce e produza, toda essa produção é concentrada nas mãos daqueles que detêm os meios de produção. Os avanços científicos e tecnológicos também resultam apenas na ampliação das disparidades de riqueza.
Em meio às constantes crises econômicas que assolam a sociedade, enquanto o povo clama por alívio em meio à sua infelicidade e sofrimento, os monopólios continuam enriquecendo, levando uma vida de corrupção e decadência.
Na sociedade capitalista, à medida que a riqueza material aumenta, a desigualdade na vida material se intensifica, e a classe trabalhadora vive em condições precárias. Mesmo aqueles que conseguem manter um certo nível de vida nunca podem relaxar, pois a qualquer momento podem cair na pobreza.
Os capitalistas estão abusando do desemprego como uma ferramenta de exploração e pressão sobre os trabalhadores. Eles aproveitam o medo dos trabalhadores de serem demitidos a qualquer momento, forçando-os a aceitar condições de trabalho precárias e salários cada vez mais baixos. Além disso, estão reduzindo significativamente os empregos fixos e, em seu lugar, contratando trabalhadores em situação de subemprego, oferecendo apenas o salário mínimo para poder explorá-los.
A “prosperidade material” e o “crescimento” do mundo capitalista são, assim, construídos sobre o suor e o sacrifício da classe trabalhadora. As declarações da elite reacionária capitalista sobre “respeito pelos interesses do povo” ou “políticas cidadãs” são apenas artifícios para disfarçar a natureza antipopular das políticas burguesas que absolutizam os interesses da classe exploradora.
Esse sistema antipopular leva inevitavelmente a uma crise sociopolítica.
A polarização social e as crises econômicas, os conflitos étnicos e as disputas religiosas, além das crises ambientais, que estão se tornando problemas persistentes nos países capitalistas, não podem ser resolvidas dentro do paradigma do capitalismo. Além disso, o surgimento do nacionalismo extremo, do racismo e do neoconservadorismo está agravando ainda mais a crise sociopolítica.
O recente crescimento rápido das forças da nova extrema-direita nos países ocidentais é um exemplo claro dessa tendência.
A nova extrema-direita, essencialmente, promove uma visão centrada no branco em sociedades multiétnicas e multirraciais, apresentando os interesses brancos como “interesses de toda a nação” ou “interesses da comunidade étnica”. Essa ideologia radicaliza o nacionalismo, sendo muitas vezes referida como “nacionalismo branco”. Ela é diferenciada das correntes conservadoras tradicionais e do neoconservadorismo, representando o que se chama de “novas forças de direita”.
Nos últimos tempos, as forças da nova extrema-direita, que estavam praticamente equiparadas ao neoconservadorismo e relegadas às margens da política, emergiram em todo o Ocidente com um programa unificado que inclui o ultranacionalismo, a rejeição a imigrantes e a retirada de organizações internacionais e alianças regionais. Em alguns países, elas se tornaram forças políticas dominantes, capazes de mudar a estrutura política existente.
Ao contrário das forças políticas tradicionais que dominam os meios de comunicação de massa, como jornais e emissoras de rádio, a nova extrema-direita tem se apoiado principalmente na internet para conduzir suas campanhas de propaganda, permitindo que suas ideias e reivindicações se disseminem de maneira mais fácil e rápida.
A ascensão da nova extrema-direita está relacionada à persistência da recessão econômica e ao aumento da polarização social. Historicamente, o fenômeno da extrema-direita emergiu nos países capitalistas durante crises econômicas como uma forma de representar o descontentamento das camadas de baixa renda.
Após a crise financeira global de 2008, as políticas de austeridade excessiva implementadas pelos países ocidentais e o colapso das chamadas “políticas de bem-estar” serviram como um catalisador para a explosão do descontentamento social. A queda geral da renda familiar e o aumento acelerado do desemprego se tornaram um terreno fértil para a propaganda da nova extrema-direita.
Especialistas afirmam que o rápido crescimento da nova extrema-direita é um reflexo das profundas contradições sociopolíticas do mundo capitalista. Eles preveem que isso exacerbará as contradições internas nos países ocidentais e gerará novas tensões e conflitos em um âmbito internacional.
A situação nos Estados Unidos é semelhante.
Há dois anos, um jornal estadunidense publicou um artigo intitulado “A Vulnerabilidade dos EUA”, no qual o autor afirmava que a população atual não confia no sistema de “democracia liberal” dos Estados Unidos. Ele destacou que há uma profunda divisão nas opiniões sobre as causas e soluções para muitos problemas, com quase inexistência de uma classe média, o que estava aprofundando a fragmentação social. O artigo conclui que não há mais soluções pacíficas para os diversos conflitos que ocorrem nos Estados Unidos.
A desconfiança e o ódio entre os diversos grupos étnicos e raciais que compõem os Estados Unidos são profundos, e os conflitos resultantes estão se tornando cada vez mais graves. A polarização extrema entre os ricos e os pobres também se tornou um grande potencial para uma explosão social. Essa é a realidade do mundo capitalista.
Por mais que alguns tentem disfarçar, a sociedade capitalista não pode esconder sua verdadeira identidade como um sistema reacionário que se opõe às aspirações e às necessidades fundamentais das massas trabalhadoras.
Carregando doenças sociais que parecem irremediáveis e conflitos e contradições que não podem ser resolvidos, o capitalismo não tem base para justificar ou racionalizar seu sistema com uma ideologia ou filosofia coerente. Assim, a intensificação contínua das crises é inevitável.
Por Ho Yong Min, no Rodong Sinmun
Tradução do A Voz do Povo de 1945