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"Fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores"

Reunião inaugural da AIT em 1864

 

A I Internacional foi fundada em 28 de setembro de 1864, em St. Martin Hall, Londres. Antes dessa reunião, mais de 300 operários da França e 12 da Alemanha visitaram a Exibição Internacional em Londres em 1862, e enquanto estavam lá, discutiram com sindicalistas ingleses o projeto de uma internacional operária. Em 22 de julho de 1863, também, operários ingleses e franceses, em colaboração, organizaram reunião massiva em Londres para protestar contra a repressão da Insurreição de Cracóvia e em defesa da independência da Polônia. Isso levou ao desenvolvimento de debates futuros sobre uma internacional, e cerca de quatro meses depois, George Odger, um proeminente líder sindical inglês, escreveu um “chamado” para os operários franceses em defesa de uma ação internacional operária. Os franceses não responderam por um ano, mas quando o fizeram, enviaram a sua resposta para Londres em nome dos mesmos operários que participaram da reunião conjunta em 1863. Foi para receber tal resposta que a famosa reunião de 28 de setembro no St. Martin Hall foi organizada.

 

Tratou-se de uma imensa reunião, que contou em peso com muitos trabalhadores e exilados estrangeiros. O professor E. S. Beesly estava presente. Marx participou como membro da audiência. Odger leu o chamado, enviado um ano antes para operários franceses. O chamado propôs: “Façamos uma reunião de representantes da França, Itália, Alemanha, Polônia, Inglaterra e de todos os países onde haja alguém disposto a cooperar pelo bem da humanidade. Façamos nossos congressos, discutamos todas as grandes questões das quais dependem a paz das nações (...)”. M. Tolain, um dos delegados franceses, que foi recebido com grandes aplausos, leu a resposta francesa. Após relembrar das dificuldades sofridas pelos operários, conclamou trabalhadores de todo o mundo a se unirem. Os franceses propuseram que a nova Internacional tivesse sua sede em Londres, que o jornal operário inglês Bee-Hive fosse seu órgão oficial, que um sistema temporário de doações voluntárias fosse estabelecido, e que o novo corpo fosse encabeçado provisoriamente por um Comitê Central, com subcomissões em todas as capitais da Europa. A proposta foi aprovada por aclamação, e um comitê geral de 21 membros foi eleito para executar as propostas da resolução. O comitê foi autorizado a filiar membros adicionais, na medida das necessidades.

 

No início de outubro, o Comitê Geral fez várias reuniões, nas quais se adotou o nome “Associação Internacional dos Trabalhadores” e secretários gerais foram eleitos. George Odger foi escolhido como presidente e William R. Cremer co­mo Secretário-Geral Honorário. Havia secretários de correspondência escolhidos para a Alemanha (Marx), América (P. Fox), Itália, Polônia, Suíça e França. Os membros das nacionalidades do Conselho Provisório Central, como posteriormente se constituiu, eram: ingleses – Longmaid, Worley, Le­no, Whitlock, Fox, Blackmore, Hartwell, Pidgeon, Wes­ton, Lucraft, Dell, Shearman, Nieass, Shaw, Lake, Buckley, Osborne, Ho­well, Od­ger, Carter, Gray, Wheeler, Grossmith, Mor­gan, Sa­insby, Cremer, Dick; franceses – Denoual, Le Lubez, Jourdain, Marrisot, Leroux, Bordage, Bocquet, Talandier, Dupont; Italianos – Wolf, Fontana, Setacci, Aldrovandi, Lama, Solustri; Suíços – Nuperly, Jung; alemães – Eccarius, Wolf, Otto, Lessner, Pfander, Lochner, Marx, Kant, Bolleter; poloneses – Holtorp, Rybczinski. O primeiro Congresso da AIT foi marcado para 1865 em Bruxelas.

 

O Conselho Geral discutiu formular um programa política e regras para a AIT. Wolf, um emissário de Mazzini na Itália, leu seu programa, que acabaria por transformar a organização em um corpo secreto; mas foi rejeitado, com oposição de Marx. Weston, um owenista veterano, também sugeriu um programa cheio de confusões, e este foi também rejeitado. Finalmente, um documento de Le Lubez, pesadamente influenciado pelo mazzinismo, foi adotado. Marx estava no subcomitê para editar este documento confuso, e como ele mesmo disse, “alterou todo o preâmbulo, suprimiu a declaração de princípios, e finalmente substituiu as quarenta regras por dez”. O documento, após ser aceito de forma unânime, foi quase que inteiramente obra de Marx, exceto por fraseologias pequeno-burguesas sobre “verdade”, “justiça” e “moralida­de” que o Conselho Geral insistiu em inserir, conforme Marx divergiu posteriormente. Que Marx tenha sido o primeiro a escrever o histórico documento demonstra a enorme influência de seu celebrado predecessor, Manifesto do Partido Comunista. “Des­de o primeiro dia de sua existência, Karl Marx foi cérebro intelectual, teórico brilhante e líder prático da primeira internacional operária”.

 

Programa e Estatuto da AIT

O Chamado Inaugural da AIT, seu primeiro programa, é um dos grandes documentos da história da classe operária mundial. É um exemplo esplêndido da aplicação dos princípios do comunismo às lutas cotidianas e às perspectivas gerais da classe operária. O Chamado declarou que “é um gran­de fato que a miséria das massas trabalhadoras não diminuiu de 1848 a 1864, ainda que tenha sido um período de enorme desenvolvimento da indústria e do comércio”. Aqueles que anos antes sustentavam que a expansão da indústria britânica automaticamente erradicaria a pobreza foram completamente refutados pela realidade. Relatórios do governo demonstraram que a vida do operário era “de nove em cada dez casos, uma luta pela existência”. Na verdade, relatórios oficiais mostraram que “os piores criminosos condenados, servos penais da Inglaterra e Escócia, trabalhavam muito menos e viviam muito melhor que os assalariados rurais da Inglaterra e Escócia”. E muitos grupos de operários industriais estavam vivendo abaixo dos níveis de subsistência. Enquanto isso, a riqueza dos donos de terras e capitalistas crescia cada vez mais.

 

O Chamado analisou o período de reação que se instalou na Europa após a derrota da revolução de 1848. Saudou a grande vitória de 1847 da Carta dos Dez Pontos, que os operários conquistaram após trinta anos de luta. “A Carta de Dez Pontos”, declarou, “não foi apenas um sucesso prático, foi a vitória de um princípio. Foi a primeira vez em que, à luz do dia, a economia política da burguesia sucumbiu à economia política da classe operária”. Por toda a Europa Ocidental, os governos eram compelidos a adotar legislações similares.

 

O Chamado endossou calorosamente o movimento cooperativista que vinha fazendo progressos, mas que sozinho, dizia, “nova será capaz de conter o crescimento em progressão geométrica dos monopólios, libertar as massas, nem aliviar o ônus de suas misérias”. O Chamado colocou ênfase central na ação política. “Para conquistar o poder político”, de­clarava, “tornou-se, portanto, um grande dever da classe operária”. Os operários têm um elemento do sucesso, sua massa numérica, “mas números pesam apenas em uma balança. Logo, devem se unir pela organização e se dirigir pelo conhecimento”. Os operários da Europa pagaram caro pela sua falta de organização.


O Chamado também enfatizou a necessidade dos operários adotarem uma política externa. “Se a emancipação das classes trabalhadoras demanda a sua união fraterna, como cum­prirão essa grande missão com uma política externa que apoie desejos criminosos e estimule os preconceitos nacionais, ou conciliando com as guerras de rapina contra os povos do mundo por sangue e riqueza?” Saudou a classe operária inglesa por salvar a Europa Ocidental de se envolver na Guer­ra Civil Americana. O Chamado declarou-se apaixonadamente a favor de uma política externa democrática e pacífica. “A luta por tal política externa”, colocou, “forma parte da luta geral pela emancipação das classes trabalhadoras”. O documento finalizou-se com a grande consigna histórica do Manifesto do Partido Comunista: “Proletários de todos os países, uni-vos!”

 

As Regras Provisórias (ou Estatuto da Associação) assentou medidas organizacionais descritas acima. Inicia com um preâmbulo chamando pela organização:

 

“Que a emancipação das classes trabalhadoras deve ser obra das próprias classes trabalhadoras; que a luta pela emancipação das classes trabalhadoras não significa uma luta por privilégios de classe e monopólios, por direitos e deveres iguais, pela abolição de todo domínio de classe; “Que a subjugação econômica do homem trabalhador ao monopolizador dos meios de trabalho, isto é, a fonte da vida, leva ao poço da servidão em todas as suas formas, à miséria social, degradação mental e dependência política;

 

“Que a emancipação econômica das classes trabalhadoras é, portanto, o grande fim de qualquer movimento político que se subordine às massas;

 

“Que todos os esforços dirigidos a esse grande fim fracassaram por conta da falta de solidariedade entre os setores dos trabalhadores de cada país;

 

“Que a emancipação do trabalho não é uma questão local ou nacional, mas um problema social que envolve todos os países nos quais a sociedade moderna existe, e cuja solução envolve a união, prática e teórica, dos países mais avançados;

 

“Que o atual despertar das classes trabalhadoras nos países mais industrializados da Europa, ao mesmo tempo em que nos dá novas esperanças, fornece também um solene a­lerta contra os velhos erros e chamadas imediatas por uniões de movimentos ainda desconexos”.

 

Do primeiro volume da obra “História das Três Internacionais” de William Z. Foster, publicado pelo selo Edições Nova Cultura




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