"A Primeira Internacional depois da Comuna"
A defesa da causa da Comuna
Depois da queda da Comuna de Paris, a Primeira Internacional saiu em defesa da causa dos comunardos. O primeiro passo dado pelo Conselho Geral foi a publicação de um manifesto sobre a guerra civil na França. Esse manifesto foi redigido por Marx. Naqueles momentos a imprensa burguesa de todo o mundo vomitava seus ataques contra os comunardos, sem se deter nem perante as mais baixas calúnias e proferindo ameaças contra todo aquele que se atrevesse a pronunciar-se em defesa da Comuna. Sem se preocupar nem com os ataques nem com as ameaças, Marx, em nome da Internacional, tomou com toda a valentia, a defesa da Comuna de Paris e expressou sua completa solidariedade a ela.
A queda da Comuna seguiu-se em todo o mundo um recrudescimento das perseguições ao movimento operário. Em muitos países foi proibido o funcionamento das Seções da Internacional. Numerosos membros dessas seções foram encarcerados. O trabalho de atrair novos partidários e de criar nova seções tornava-se cada vez mais difícil. Tampouco era fácil manter o contato entre o Conselho Geral e as várias seções e reunir recursos financeiros. Entretanto, era preciso organizar a ajuda às vítimas do terror branco dos versalheses, era mister conseguir passaporte para que pudessem sair da França os que haviam espacado à prisão, e tratar de conseguir trabalho para os exilados, que em sua maior parte se dirigiam à Suíça e à Inglaterra.
O trabalho da Internacional via-se prejudicado, por todas as formas, pelos anarquistas, cujo chefe era Bakunin. Estes lançaram-se numa campanha de difamação contra Marx e se dedicavam a uma atividade de sapa dentro das fileiras da Internacional, procurando ganhar a maioria do Conselho Geral a fim de se apoderar de todo o movimento operário. Uma vez que não conseguiam empolgar a direção, no verão de 1871 os bakuninistas lançaram-se à pela autonomia das seções, pelo enfraquecimento do papel dirigente do Conselho Geral, para dividir e desintegrar desse modo a Internacional.
O Congresso de Haia (1872)
No outono de 1872, reuniu-se em Haia o congresso ordinário da Primeira Internacional. Esse congresso resolveu expulsar de suas fileiras Bakunin e seus partidários, por traidores e agentes do inimigo. O Congresso recordou mais uma vez ao proletariado de todos os países os ensinamentos da Comuna de Partis e, em particular, o mais importante de todos eles: a necessidade de construir, em todos os países, partidos políticos do proletariado. O Congresso assinalou que a luta econômica e a luta politica do proletariado são indissolúveis e que os anarquistas, ao negar a luta política, incitam os operários a marchar por um caminho falso. A luta implacável de Marx e Engels contra Bakunin salvou a Internacional da influência de elementos estranhos à classe operária. A luta de Marx e Engels, como a própria vida deles, é um exemplo para as jovens gerações de combatentes do comunismo. Marx jamais procurou a conciliação com os inimigos da classe operária que conseguiam infiltrar-se em suas fileiras. Tinha uma única resposta para os inimigos: seu completo aniquilamento.
O Congresso de Haia decidiu trasladar a sede do Conselho Geral da Internacional para os Estados Unidos da América do Norte. Tal resolução foi adotada em virtude de que, em consequência do recrudescimento da reação, a futura atividade do organismo era completamente impossível. Por outro lado, Marx considerava indispensável preservar a Internacional de novas intrigas dos bakuninistas e da influência oportunista dos líderes trade-unionistas ingleses. O Congresso de Haia foi praticamente o último congresso da Primeira Internacional.
A reação cada vez mais intensa e a desenfreada perseguição contra o movimento operário tornaram seu trabalho extremamente difícil.
No ano de 1876 teve lugar na Filadélfia o congresso que decidiu pôr fim às suas atividades.
A significação da Internacional
Coube à Primeira Internacional cumprir uma tarefa histórica de grande importância. Sob a direção de Marx, ensinou os operários a conjugar a luta econômica com a luta política. A Primeira Internacional travou uma luta sem desfalecimentos contra todas as correntes políticas estranhas ao proletariado, tais como o proudhonismo, o blanquismo, o lassalismo, o bakuninismo e o trade-unionismo. Essa luta mostrou aos operários a falsidade de tais correntes e com isso preparou o terreno para o triunfo definitivo do marxismo no movimento operário revolucionário.
Nas fileiras da Primeira Internacional, e sob a direção de Marx e Engels, cresceram e se educaram os quadros que no futuro ser os organizadores e dirigentes dos partidos proletários nacionais de massa. A principal tarefa do movimento operário, depois da queda da Comuna de Paris e da terminação do funcionamento da Primeira Internacional, foi a criação de partidos políticos operários em cada país. Na maioria dos países capitalistas essa tarefa foi cumprida nos fins do século XIX e princípios do XX.
Na Alemanha e na França tal objetivo pôde ser materializado entre os anos de 70 e 80 do século passado enquanto que na Inglaterra o foi algum tempo depois. A criação de partidos operários de massa é um dos acontecimentos de maior transcendência do segundo período da história contemporânea.
Trecho da obra “História Contemporânea”, publicada no Brasil em 1961 pelo Editorial Vitória
Escrito por V. M. Jvostov e L. I. Zubok