"Para ter correto conceito e compreensão da filosofia Juche"
Li alguns artigos sobre a ideia Juche recém escritos por determinados homens das ciências sociais; estes não interpretaram de forma correta a originalidade e superioridade da filosofia Juche segundo demanda a política do Partido. Isto demonstra que ainda não têm um correto conceito e compreensão desta doutrina.
Por isto quero referir-me a algumas questões que se colocam para ter uma exata compreensão desta filosofia, interpretá-la e difundi-la.
Antes de tudo, se deve corrigir a tendência a tratar a superioridade e originalidade da ideia Juche do ponto de vista da dialética materialista marxista. No passado, entre alguns homens das ciências sociais se observou esta tendência e por isso falarei da necessidade de compreender corretamente a originalidade da ideia Juche, mas me parece que ainda é insuficiente a compreensão.
Para argumentar a justeza e superioridade da filosofia Juche é necessário conhecer bem as limitações das filosofias anteriores e estudar a filosofia Juche comparando-a com aquelas. Sua superioridade pode acentuar-se somente quando se compara com as limitações da filosofia marxista que considera a evolução de todas as coisas como um processo da história natural. Ao interpretar as características essenciais do homem e outras questões relacionadas com os princípios fundamentais da filosofia Juche, algumas pessoas o fizeram a partir do ponto de vista das leis gerais do desenvolvimento do mundo material, ao invés de encaminhar-se a elucidar as leis próprias do movimento social. Isto demonstra que não consideram a filosofia Juche como uma doutrina totalmente original e a interpretam tomando-a como o desenvolvimento teórico da dialética materialista marxista. Desta maneira não se pode elucidar sua originalidade.
Superar as limitações das teorias anteriores que tratam a evolução das coisas como um processo objetivo da história natural é uma demanda premente na prática revolucionária. Na atualidade, os ideólogos burgueses, os revisionistas e os reformistas analisam todos os fenômenos a partir do ponto de vista do evolucionismo biológico e do materialismo vulgar propagando a espontaneidade e o princípio de considerar a matéria como o fundamental. Na interpretação e na divulgação da filosofia Juche devemos centrar necessariamente o foco da crítica na visão do mundo de tal doutrina biológica e do materialismo vulgar.
É necessário alcançar uma compreensão correta da lei da unidade e luta dos contrários.
Uma prova de que analisam a filosofia Juche em estreita relação com a dialética materialista marxista é revelada na explicação desta lei.
A dialética materialista marxista abarca como conteúdo importante o princípio da unidade e luta dos contrários. Mas isto não é um simples problema acadêmico. Da mesma forma que com outras questões teóricas do marxismo-leninismo também devem tratar essa lei a partir do ponto de vista histórico, partindo da prática revolucionária. Se esta lei se considerava como algo importante na dialética materialista marxista isto se devia ao fato de que naquele tempo apresentou-se como importante tarefa histórica esclarecer filosoficamente as contradições socioeconômicas da sociedade capitalista e a lei da luta de classes. Portanto, penso que na atualidade a lei da unidade e luta dos contrários baseada na filosofia marxista tem muitos pontos incongruentes para definir as leis do desenvolvimento da sociedade socialista. Por esta razão, não mencionamos muito esta lei ao desenvolver a teoria da filosofia Juche.
Hoje em nosso país uma importante tarefa revolucionária é construir o socialismo e alcançar a reunificação da Pátria. Para isso é preciso pensar que sentido teórico pode ter e que influência pode exercer sobre a revolução e a construção sublinhar a lei da unidade e luta dos contrários como uma questão filosófica de relevância. Se tratarmos erroneamente esta questão é possível provocar nas pessoas a impressão de que se dedicam ao palavreado inútil com assuntos filosóficos alheios à realidade e exercer má influência em quem luta pela reunificação da Pátria. Não devemos jamais dedicar tempo ao palavreado inútil para a revolução e construção, tampouco aceitar os princípios existentes ou as teorias alheias, que não correspondam a nossa realidade.
É importante, ademais, ter uma correta compreensão das características intrínsecas do homem.
Estas características foram definidas de modo concreto nas obras publicadas pelo Partido. Não obstante, há alguns artigos sobre a ideia Juche que não coincidem com tais obras na interpretação das características.
Ao se referir a estas características do ser humano, algumas pessoas dizem que o homem tem pontos comuns com outras matérias vivas e atributos diametralmente diferentes em seu nível de desenvolvimento, e desta forma explicam a diferença dos atributos do homem e outras matérias vivas partido do nível de desenvolvimento.
É inadmissível entender que os atributos intrínsecos do homem são o desenvolvimento e perfeição do próprio do conjunto das matérias vivas. Evidentemente, a partir do ponto de vista do ser biológico, pode se dizer que o homem ter um organismo mais desenvolvimento do que o de outros seres. Mas do ponto de vista do ser social, difere radicalmente de todas as demais matérias vivas por suas qualidades exclusivas. Analisar as características essenciais do homem que o distinguem das demais matérias vivas baseando-se na diferença de desenvolvimento do organismo é o modo de ver evolucionista.
O homem é produto da evolução, mas os atributos essenciais do homem com ser social não o são, se formam e desenvolvem ao longo da história social. Já faz muito tempo que falei deste aspecto. Porém, tratar os atributos essenciais do homem como diferenças do nível de desenvolvimento das propriedades que possui a matéria viva em geral evidencia que ainda tratam de analisar as características intrínsecas do homem sobre a base do evolucionismo.
Também é errôneo tentar encontrar estas características do homem, que o distingue dos animais na diversidade de componentes biológicos e sociais, na complexidade de sua combinação.
Desde cedo, todas as coisas contam com certos componentes e combinações estruturais, pelos quais é possível abordar as peculiaridades delas, esclarecendo comparativamente se seus componentes e combinações estruturais são simples ou complexos e, sobre esta base, explicar as características das diferentes matérias. Mas, o fato de que se os componentes e as combinações estruturais são simples ou complexas pode ser colocado somente entre matérias comparáveis. Como o homem é o único ser social no mundo, não se deve compará-lo com os animais segundo seus componentes e combinações estruturais. Com a diversidade e complexidade destes é impossível esclarecer de maneira correta a diferença radical entre o ser social e o natural.
Há que se ter uma ideia exata acerca do ser social.
Em alguns artigos referentes à ideia Juche afirmam que os bens sociais são parte da existência social, porém é errado identificar o homem com os bens criados por ele.
O homem é um ser social. Se o qualifica assim para distingui-lo dos seres naturais, pois é um ente que vive em meio às relações sociais. O homem como ser social possui independência, criatividade e consciência, atributos peculiares que outros seres materiais não podem possuir. Contudo, ao considerar que os bens criados pelo homem são parte da existência social resulta que não há diferença radical entre o homem e estes bens, nem pode dar respostas ao problema de qual é o fundamento das características essenciais próprias do homem.
É necessário compreender de maneira correta a questão das relações entre a transformação da natureza, a do homem e a da sociedade.
Estas são as três esferas de atividades do homem para conquistar a independência. Quanto ao problema sobre qual posição ocupam estas três nas atividades sociais do homem e de como se vinculam entre si, é preciso entendê-lo também se baseando na prática revolucionária.
Ao explicar esses trabalhos de transformação, apartados da prática revolucionária concreta, dizem que essas três transformações não se realizam uma atrás da outra, mas todas simultaneamente, não se oferece uma ideia correta sobre este tema. Evidentemente, não se pode dizer que essas três transformações se realizam de forma mecânica, como se uma começasse apenas depois de estar terminada totalmente a outra. Mas, há que se considerar que ao impulsioná-las pode-se conceder maior importância a uma ou a outra, segundo a demanda da etapa de desenvolvimento da revolução.
Isso comprovamos através do processo prático do desenvolvimento da revolução. No período da revolução socialista se colocou com mais urgência a necessidade de conquistar a independência sócio-política das massas populares liquidando a exploração e opressão, ou seja, a transformação da sociedade; após estabelecido o regime socialista se apresenta peremptoriamente a transformação da natureza e do homem tendentes a libertar as pessoas das amarras da natureza e da ideologia e cultura decadentes. Nesta última etapa da transformação da natureza e do homem são levadas a cabo mediante as três revoluções: a ideológica, a técnica e a cultural, e a transformação da sociedade se executa não pela via revolucionária, mas pelo método de consolidar e desenvolver o regime socialista. Portanto, ao falar destas três tarefas de transformação, caso analisem somente a partir do ponto de vista puramente lógico menosprezando sua ordem de prioridade histórica ou suas peculiaridades resultará uma teoria divorciada da prática revolucionária.
Sobre a questão das três esferas da vida social, se deve evitar também o fenômeno de as interpretar de maneira mecânica.
Alguns insistem em que a vida social deve ser dividida em somente três esferas: a econômica, a ideológico-cultural e a política e não em dois aspectos: o material e o espiritual. O que não é aceitável. É justo dividir a vida humana em três esferas: econômica, ideológico-cultural e política. Também é feito assim nas obras do nosso Partido. Mas não se pode afirmar que seja errôneo dividi-la em dois aspectos: o material e o espiritual. O ponto crucial não está na divisão da vida em duas ou três esferas, mas em contrapor as duas proposições uma contra a outra.
A vida ideológica-espiritual e a material do homem são as duas esferas da vida social, das quais falamos com mais frequência. Também insistimos invariavelmente que a independência das massas populares deve verificar-se nestes terrenos. Isto coincide em sua essência com a necessidade de conquistar simultaneamente as duas fortalezas que sublinhamos, ou seja, a ideológica e a material na construção do socialismo e o comunismo. Isto demonstra que não se pode afirmar que seja equivocado dividir a vida social em dois aspectos: o material e o espiritual.
Na vida do homem, a vida política e a cultural formam uma só esfera na prática: a ideológica e espiritual. Portanto, não é absurdo que se divida a esfera social e duas esferas a ideológico-espiritual e a material, agrupando a vida política e a cultural na ideológico-cultural. Também quando nos referimos as duas fortalezas do comunismo chamamos fortalezas material e ideológica ou material e político-ideológica. Assim, para responder com conteúdo ao conceito sobre as duas fortalezas do comunismo é preciso explicar a vida social dividindo-a em duas esferas.
Não importa que a vida social seja dividida em duas grandes esferas ou em três mais concretas. Por conseguinte, não se pode afirmar que isto é exato e aquilo não o é.
Ao falar das relações entre a vida econômica, a ideológico-cultural e a política não se pode destacar somente o caráter independente de cada uma delas. Dizer que a vida de uma esfera não pode determinar a de outra, não apenas é uma expressão ambígua do ponto de vista classista, mas também não concorda com o princípio da ideia Juche.
Acentuamos com frequência que a independência é a vida para o homem e que na luta pela independência das massas populares é mais imperativo conquistar a soberania sócio-política. Quando dizemos que a independência é a vida para o homem, isto significa precisamente a soberania sócio-política. Ainda que as pessoas levem uma vida material folgada, se não desfrutam de uma vida digna no sócio-político ou no ideológico-cultural, não se pode dizer que vivem humanamente a dignidade. Na vida social, a política e a ideológica, desempenha um papel fundamental e decisivo. Por esta razão, ao menosprezar o grande e significativo peso da vida política e ideológica, destacando somente o significado particular de cada uma das três vidas, faz com que não tenha nenhum sentido na prática.
Hoje em dia, a situação mundial é muito complexa. Na arena internacional se trava uma aguda luta classista e disputa acadêmica entre a revolução e a contrarrevolução, entre o socialismo e o capitalismo, e em meio destas disputas os povos revolucionários e os comunistas buscam o justo caminho a seguir.
Nesta crítica situação atual, em que o socialismo vence o socialismo ou o capitalismo, devemos defender resolutamente o socialismo erguendo a bandeira revolucionária da ideia Juche.
Esta ideologia, visão de mundo do nosso Partido, é a doutrina diretriz da nossa época que ilumina o caminho mais correto para assegurar a independência das massas populares. A ideia Juche é a bandeira da causa da independência dos povos revolucionários e a bandeira do socialismo.
Devemos buscar que todos os militantes do Partido e os demais trabalhadores tenham firme convicção na superioridade e grandeza da ideia Juche e que todos os homens das ciências sociais e os funcionários de propaganda, no caso de escrever um artigo ou dizer algumas palavras, o façam estritamente de acordo com os interesses da revolução e as demandas políticas do Partido, já que se apresenta o crítico problema sobre conseguir ou não defender a causa socialista frente a estratégia da "transição pacífica" dos imperialistas.
Conversa de Kim Jong Il com os funcionários responsáveis do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia, em 25 de outubro de 1990