Os 70 anos do início da Guerra da Coreia
Na data de 25 de junho de 2020, completa-se 70 anos do início da Guerra da Coreia. Infelizmente, este fato de importância mundial não será suficientemente lembrado pela esquerda brasileira, ainda que sua importância se alastre para muito além da questão puramente coreana.
O imperialismo norte-americano, que iniciou a Guerra da Coreia para se recuperar da dura crise econômica na qual afundou após o fim da Segunda Guerra Mundial (findadas as “encomendas de guerra” que viriam a duplicar a produção industrial estadunidense, já o maior do mundo, no decurso de seis anos, entre 1939 e 1945 , o colossal complexo militar-industrial dos Estados Unidos já não tinha mais condições de escoar a imensa produção acumulada, gerando um excedente que se traduziu em uma grave crise de superprodução), tentou utilizá-la como gatilho para o início de uma Terceira Guerra Mundial – sim, os setores mais reacionários de Wall Street não queriam se limitar a ocupar da Coreia do norte, mas buscavam marchar rumo à China, passando pela Mongólia (com o facínora general Douglas MacArthur, comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente, chegando ao ponto de defender o uso de bombas atômicas contra a China e a Coreia), e iniciando uma guerra capitalista geral contra a União Soviética. Planos bastante ambiciosos para um país que, mesmo tendo ascendido à condição de superpotência, estava ainda em meio a uma dura crise econômica. Pois bem, para o nível de ambição destes planos, os três anos de Guerra da Coreia terminaram com uma humilhante derrota para os imperialistas estadunidenses: não apenas não lograriam ocupar a metade norte da Coreia, como também não conseguiriam iniciar uma Terceira Guerra Mundial, tampouco conduzir uma guerra de agressão contra a China e a União Soviética. Os Estados Unidos, que com o fim da Segunda Guerra Mundial, gabavam-se de seu “poderio” devido à condição de única superpotência mundial, terminaram depenados por um exército então relativamente fraco (ao menos em termos militares) como o da Coreia do norte, mostrando a realidade segundo a qual o fator fundamental da guerra não é o poderio militar, mas sim o homem e sua ideologia. Pelas mãos do povo coreano, foi a primeira derrota militar que o imperialismo ianque sofreria em toda sua história, derrota esta que inauguraria muitas outras a serem impostas aos Estados Unidos por parte de outros povos, a mencionar aqui as mais importantes, Cuba e Vietnã.
Tendo sido a primeira derrota militar do imperialismo ianque, pensamos estar aí a importância fundamental pela qual devemos lembrar e estudar a Guerra da Coreia. Ainda que a decadência dos Estados Unidos já venha se aprofundando há algumas décadas, é neste período de pandemia no qual ela se escancara ainda mais. É neste período no qual o imperialismo ianque, tendo suas fraquezas ainda mais evidenciadas, agirá mais agressivamente.
Porém, o conhecimento dos fatos da Guerra da Coreia permitirá compreendermos a máxima segundo a qual “o imperialismo é um tigre de papel”, e que o inimigo principal dos povos do mundo e do povo brasileiro pode sim ser derrotado por uma luta revolucionária corretamente dirigida. Para além destes aspectos, aproveitamos a presente ocasião para saudar o povo coreano pelo aniversário de setenta anos do início de sua luta armada revolucionária contra o imperialismo ianque, a Guerra de Libertação da Pátria. Saudamos os milhões de mártires coreanos e chineses que, durante a Guerra da Coreia, cederam seu generoso sangue pela derrota do imperialismo ianque e a construção de uma nova sociedade democrática, independente, socialista e livre de quaisquer vestígios do fascismo, colonialismo e imperialismo.
Pano de fundo da Guerra da Coreia
O ano de 1945, que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial, concomitantemente à derrota das forças fascistas mundiais, foi a tempestade das nações oprimidas do mundo, que marchavam a passos largos para esmagar a tirania colonial do imperialismo. Apenas poucos anos após a guerra, muitas destas nações que destruíram o colonialismo seguiram o caminho da construção socialista, chegando ao ponto de cerca de um terço da humanidade ter realmente se retirado do caminho capitalista e seguido a edificação socialista.
A Coreia foi uma destas nações oprimidas que, de armas em punho, derrotou seus opressores colonialistas e passou para o socialismo. Humilhada por mais de quarenta anos de tirania colonial do imperialismo japonês, a nação coreana conduziu por quase o mesmo período diversas formas de luta – tendo como ponta de lança a luta armada –, até expulsá-lo finalmente de seu território no ano de 1945. Dado que as guerrilhas do Exército Popular Revolucionário da Coreia (EPRC), conduzidas pelo presidente Kim Il Sung, líder histórico da revolução coreana, se encontravam no norte do país e na Manchúria, e este período coincidia quase exatamente com a capitulação do Japão – com a URSS declarando guerra contra este país –, a libertação da Coreia se deu mediante uma marcha do norte para o sul, realizada em conjunto pelo EPRC e o Exército Vermelho soviético.
Anteriormente à libertação da Coreia, porém, já havia sido decidido que, enquanto as forças revolucionárias marchariam do norte para o sul, as forças do imperialismo ianque (que então se encontrava no campo das forças antifascistas mundiais) partiriam a partir das ilhas Okinawa, no Japão, para libertar o sul da Coreia do imperialismo japonês. Contudo, foi nula participação dos Estados Unidos na libertação da Coreia. Esta ocorrera completamente na data de 15 de agosto de 1945, ao passo que os Estados Unidos só viriam a estacionar suas tropas no sul da Coreia no dia 8 de setembro, mais de vinte dias após a libertação. Não apenas a morosidade que mostraram em combater os japoneses, como também uma série de ações seguintes demonstrariam que o imperialismo estadunidense estava, na realidade, muito pouco interessado em combater as injustiças de outras potências. Sua ocupação à Coreia do sul teria outras razões de ser. Desta forma, a partir do período de por volta de meados da década de 1940, estavam estacionadas, ao norte da Coreia, tropas do Exército Vermelho da URSS, que apoiaram o EPRC, e ao sul, as Forças Armadas dos Estados Unidos.
Neste período, pouco após a derrota mundial do fascismo, o imperialismo ianque ainda se esforçava mais em posar de campeão da democracia e dos direitos humanos, afinal, seria apenas a partir de 1947, com a divulgação da “Doutrina Truman” – em alusão ao autor desta “Doutrina”, o então presidente estadunidense Harry Truman, feroz anticomunista –, que a política do chamado “roll-back anticomunista” (“política de contenção ao comunismo”) seria parte essencial e aberta da política externa estadunidense. Porém, isto não impediu que antes mesmo do ano de 1947 os imperialistas ianques seguissem neste mesmo sentido durante sua ocupação à Coreia. Ora, se os anteriores Acordos de Moscou (dos quais os Estados Unidos eram signatários) haviam previsto a libertação conjunta da Coreia pelo povo coreano e as tropas aliadas, os “marines” nada fizeram neste sentido. Ademais, os Acordos de Moscou previram também a retirada de todas as tropas estrangeiras do território coreano e a realização de eleições nacionais para a formação de um Estado democrático, independente e antifascista na Coreia. Nada disso foi também feito pelas forças armadas dos Estados Unidos. Ao contrário, ao passo que as tropas soviéticas concluíram sua retirada do território do norte da Coreia no ano de 1948, as tropas ianques permanecem no território ao sul da Coreia até os tempos atuais, em uma ocupação que já dura há quase oito décadas. Ademais, logo que chegaram à Coreia do sul, fizeram todas as manobras para impedir a realização de eleições unificadas, violando novamente as demandas do povo coreano por uma país unificado, próspero, independente e democrático. Dissolveram os Comitês Populares, órgãos do poder popular conformados pelos movimentos de massas sul-coreanos no decorrer da própria luta revolucionária anti-japonesa, intimidando, encarcerando e até mesmo matando quem dirigisse tais Comitês ou somente participasse deles. No lugar dos dissolvidos Comitês, os imperialistas estadunidenses reuniram os elementos tradicionalmente reacionários e entreguistas da Coreia do sul (classe latifundiária, burguesia compradora, bandidos e demais elementos antissociais) para que conformassem um governo separado, fantoche de seus interesses. O mais notório destes entreguistas foi Syngman Rhee, capacho do imperialismo estadunidense que, até a libertação da Coreia do domínio japonês, residia no Havaí. No ano de 1948, um ano após a divulgação da “Doutrina Truman”, o imperialismo norte-americano fabricou farsantes “eleições separadas” na Coreia do sul, que por sua vez levaram à “presidência” um maníaco entreguista como Syngman Rhee, com a consequente fundação da chamada “República da Coreia”, conhecida como “Coreia do Sul”.
Por que, ao invés de não intervirem em assuntos internos da Coreia e deixarem seu povo resolver suas questões por si próprios, os Estados Unidos intervieram tão agressivamente na Coreia do sul, reprimindo as forças populares e empoderando políticos reacionários que fossem fiéis a seus interesses?
Conforme colocamos, logo após a Segunda Guerra Mundial, às expensas de uma Europa e Japão profundamente destruídos (a primeira, por duas guerras mundiais seguidas), os Estados Unidos lograram colocar todas as outras potências sob sua bota e sob os interesses de sua política externa, tornando-se a principal superpotência imperialista do mundo. Enquanto no restante do mundo as forças produtivas capitalistas eram barbaramente destruídas por conta da guerra, os Estados Unidos, localizados geograficamente longe dos principais cenários de guerra, quase não tiveram danos materiais, e ao contrário, engordaram a ponto de dobrarem sua produção industrial, já o maior do mundo, em questão de somente seis anos de guerra, por meio da venda de armamentos, empréstimos e arrendamentos de equipamentos de guerra, alimentos e demais mercadorias, barganhas políticas de fornecimento de mercadorias para as potências europeias em troca de penetração econômica em suas respectivas colônias, etc. Todavia, quando a guerra mundial já se aproximava do fim, cessaram as encomendas de guerra e de demais mercadorias. Na Europa e demais regiões do mundo, arruinadas por anos de guerra, o poder de compra das populações trabalhadoras e de seus capitalistas chegava aos piores níveis possíveis. Tal situação colocou os obesos conglomerados estadunidenses contra a parede diante do problema: não havia para onde escoar os imensos estoques de bens que mofavam nos armazéns, resultando em uma grave crise de superprodução que atingiria os Estados Unidos já no final de 1945, e novamente no ano de 1948. Para lidar com tal crise, os onipresentes conglomerados estadunidenses levaram a cabo o chamado “Plano Marshall”, fornecendo bilhões de dólares sob forma de “auxílio” para os países da Europa Ocidental, que, sob pretexto de serem destinados à reconstrução pós-guerra, foram na verdade utilizados para a compra de quinquilharias excedentes dos armazéns estadunidenses, que em nada serviam para a verdadeira reconstrução da Europa. Outro meio para a saída da crise, e mais importante ainda, foi a militarização de países inteiros. Por meio da militarização (que poderia se dar por diferentes meios, fossem através do fornecimento de auxílios atados à compra de materiais bélicos estadunidenses, como forçando que os países que se encontravam sob dependência econômica e política do imperialismo ianque destinassem uma crescente fatia de seus respectivos orçamentos estatais para despesas de “defesa”), os Estados Unidos poderiam reativar seu conglomerado militar-industrial, arrastando consigo vários outros ramos industriais periféricos e retomando sua produção capitalista. Aqui, figuraram entre países beneficiários do auxílio militar estadunidense aqueles governados por regimes reacionários (a exemplo de Grécia e Turquia), mas principalmente a Coreia do sul e o Japão, que cumpririam papel central na eclosão da planejada Guerra da Coreia, que dispararia a tendência para a militarização, engordando os superlucros dos conglomerados bélicos ianques.
Se a crise capitalista nos EUA nos ajuda a explicar as razões pela eclosão da Guerra da Coreia em 1950, há uma pergunta ainda pendente. Por que a Coreia, e não qualquer outro país?
A eclosão de uma guerra na Coreia permitiria ao imperialismo ianque alcançar não somente objetivos econômicos, mas também geopolíticos (estes, por sua vez, firmemente ligados aos objetivos econômicos estadunidenses). A península coreana é o portão de entrada do continente asiático, de maneira que a conversão da Coreia em uma base militar de agressão permitiria que fossem militarmente alcançados os mais importantes países da Ásia. Naquele período, já se vislumbrava uma contenção em torno da Ilha de Formosa (Taiwan), pertencente à China, mas que cairia sob protetorado do imperialismo norte-americano e da camarilha reacionária de Chiang Kai-Shek, o que aumentava ainda mais a importância da Coreia neste plano mais amplo de agressão e dominação. Como parte dos objetivos geopolíticos, figurava também a mencionada política do “roll-back” anticomunista: a Coreia se encontra exatamente abaixo da então União Soviética e da Mongólia, e a vitória da grande revolução democrático-popular na China, em 1949, que a colocou no caminho do socialismo, tornariam ainda mais importante a manutenção da Coreia do sul enquanto semicolônia. Encontrava-se exatamente ao lado não somente dos países socialistas do Extremo Oriente, como também próxima a países onde se desenvolviam vigorosos movimentos de libertação nacional e emergiam governos nacionalistas democrático-burgueses. Dado que o processo de descolonização destes países e o ingresso de muitos deles no bloco socialista piorava ainda mais o problema do escoamento da produção de bens norte-americana sob condições leoninamente monopolistas, “conter” a tal “ameaça comunista” era uma questão vital para a política externa dos Estados Unidos, e aí cumpriria a península coreana papel central.
Ainda que tivessem militarizado ao máximo a economia sul-coreana, construindo o fantoche “Exército da República da Coreia”, e arrastado consigo para a guerra de agressão, a partir de meados do ano de 1950, cerca de quinze países satélites seus em nome da Organização das Nações Unidas (ONU), não sobrou para o imperialismo estadunidense, em julho de 1953, senão uma humilhante derrota, constrangido a assinar um Acordo de Armistício, e tendo gasto bilhões e bilhões de dólares sem que seus objetivos políticos (com exceção da política das “duas Coreias”) fossem atingidos. Setenta anos depois destes acontecimentos, afirmamos que, para nós, brasileiros, o estudo da Guerra da Coreia traz muitas lições valiosas para a compreensão da realidade de nosso continente e do mundo, bem como para compreendermos o comportamento do inimigo número 1 de nosso povo, o imperialismo ianque.
A Guerra da Coreia ilustra excelentemente a relação entre as guerras e as crises capitalistas
A estreita dependência que possui o capitalismo monopolista-imperialista sobre a indústria armamentista representa um dos traços mais escancarados de seu parasitismo, de sua incapacidade histórica em desenvolver as forças produtivas. Ao contrário do período concorrencial do capitalismo, quando a inexistência de monopólios e carteis permitia que as crises fossem simplesmente resolvidas pelo avanço técnico, organização mais racional da produção, exploração mais intensa dos mercados e abertura de novos, no período do capitalismo monopolista, com a tendência à cartelização e à divisão de mercados entre os diferentes capitalistas. Quando a concorrência entre os capitalistas não mais pode ser resolvida pelos acordos comerciais usuais, quando a crise chega a um nível em que a queda da taxa de lucro e a gigantesca massa de mercadorias e capitais excedentes (devido à contração dos mercados ocasionada pela miséria das massas) não conseguem mais saída de jeito algum, tensiona-se as guerras, que cumprirão o papel em escoar as mercadorias excedentes, retomar os investimentos de capitais excedentes de forma lucrativa, e resolver pela força a configuração das fatias de mercado.
Já explicamos mais ou menos como esta situação se manifestou no caso da Guerra da Coreia, com a crise capitalista nos Estados Unidos na segunda metade da década de 1940. Porém, neste caso, a situação era ainda mais grave: não estamos, aqui, diante de potências imperialistas em disputa por lucros, colônias, fontes de matérias-primas e esfera de influência política e militar, cujo resultado da disputa (desconsiderando aqui, evidentemente, a presença de forças políticas revolucionárias que tenham a perspectiva socialista) não pode ser senão uma reestruturação do mercado capitalista. Ao contrário, encontramo-nos em uma disputa onde, de um lado, há a ânsia desenfreada de uma superpotência imperialista por lucros de monopólio, e de outro, forças políticas democráticas e populares que buscam demolir o colonialismo e o próprio sistema capitalista de exploração do homem pelo homem, onde nenhuma das leis e contradições mencionadas terá mais vigor. Pode-se considerar, sem dúvidas, que este foi um fator que impulsionou a face agressora do imperialismo estadunidense neste período, desesperado diante do avanço do movimento revolucionário internacional. Paradoxalmente, a ascensão dos Estados Unidos enquanto superpotência – fato diante do qual poderíamos imaginar o auge de sua prosperidade – carregou consigo o fator de uma crise ainda mais profunda, que ameaçava a própria existência do sistema capitalista, devido à formação do sistema socialista mundial após a Segunda Guerra Mundial.
Até que ponto a Guerra da Coreia foi necessária para recuperar a economia capitalista estadunidense pode ser observado nos montantes colossais de armamentos comprados pelo governo dos Estados Unidos e a camarilha fantoche sul-coreana aos grandes conglomerados armamentistas para a condução da Guerra da Coreia.
“Em 1952, Clark, Comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente, tornou público o tal ‘plano de ataque’, e lançou as forças aéreas sob seu comando para operações de ‘estrangulamento’ em larga escala, buscando ‘não deixar nada por varrer na Coreia do norte’. Ele balbuciava que ‘87 cidades da Coreia do norte serão varridas do mapa’.
“Seguindo o anúncio do ‘plano de ataque’ de Clark, bombardeiros e aviões de combate estadunidenses despejaram napalm, minas e outras bombas, mais de 52,380, sobre Pyongyang e seus arredores. Considerando que, naquela época, a área urbana de Pyongyang não possuía mais que 52 quilômetros quadrados, isso significa que derrubaram mil bombas por quilômetro quadrado. As brutais operações de ‘estrangulamento’ pelos piratas aéreos estadunidenses foram lançadas contra todas as áreas da Coreia do norte, embora sob intensidades variadas. Buscando ‘estrangular’ o front e a retaguarda, somente em 1952, os piratas aéreos estadunidenses derrubaram mais de 15 milhões de bombas de napalm sobre a Coreia do norte e, ademais, exauriram mais de 500 milhões de munições de metralhadora e mais de 400 mil projéteis de bazuca”.
“Durante os três anos e um mês da Guerra da Coreia, os agressores estadunidenses derrubaram sobre a estreita área da Coreia do norte a mesma quantidade de bombas que derrubaram nos países do Pacífico durante os três anos e oito meses da Guerra do Pacífico. Excedeu de longe a quantidade de bombas derrubadas sobre a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Ademais, dispararam 221,56 milhões de foguetes e outros projéteis contra o povo coreano. Os navios de guerra estadunidenses dispararam 438 mil toneladas de bombas e quatro milhões de munições.”
Diante da atual crise capitalista que vivemos em meio à pandemia da Covid-19, na qual as recessões de dois dígitos em grande parte dos países capitalistas parece ser a regra, que reflexões semelhante raciocínio traz?
Como e sob quais condições o imperialismo estadunidense inicia uma guerra?
As razões pelas quais o imperialismo ianque inicia uma guerra podem ser encontradas, como vimos, em última instância, na compreensão das leis do próprio capitalismo monopolista. Porém, há peculiaridades a serem levadas em consideração, principalmente as condições sob as quais o capitalismo estadunidense se tornou imperialismo, assim como as condições diante das quais o imperialismo ianque atingiu o posto de superpotência hegemônica do mundo capitalista. De qualquer forma, a Guerra da Coreia, neste sentido, fornece um grande aprendizado para os revolucionários-proletários dos tempos presentes.
Durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, o modus operandi do imperialismo estadunidense – que ainda não era a superpotência hegemônica do mundo capitalista – consistiu em manter uma posição de relativa “neutralidade” diante de conflitos militares geograficamente distantes de seu território, enriquecer vendendo às partes beligerantes imensas somas de materiais bélicos, alimentos e demais bens, esperando o enfraquecimento comum das partes hostis. Em seguida, com seus inimigos (e aliados, importante mencionar!) enfraquecidos, as tropas do imperialismo ianque entravam em cena e assumiam as rédeas da situação, pisoteando seus inimigos e colocando aliados seus sob condições de submissão.
Muito deste modus operandi foi também aplicado nos preparativos para a Guerra da Coreia, embora haja aqui importantes particularidades que diferenciam os vais-e-vens deste acontecimento do que ocorrera durante as duas guerras mundiais.
Em que sentido há semelhanças?
Primeiramente, os imperialistas estadunidenses concluíram seguidos acordos militares e comerciais com o regime fantoche sul-coreano, fornecendo-lhe elevadas somas de auxílio militar, e compelindo-o a expandir a parcela do orçamento do governo sul-coreano destinada setor de defesa. A partir daí, com a militarização, dariam certo impulso à retomada dos superlucros de seus conglomerados bélicos. Em segundo lugar, o plano original de guerra, elaborado pelos figurões do governo e das Forças Armadas dos Estados Unidos, consistia em fundar, equipar e treinar o “Exército da República da Coreia”, sua polícia e bandos militares de acordo com o estilo estritamente estadunidense, para que conduzissem prioritariamente uma guerra contra o norte, com as tropas ianques cumprindo somente um papel subsidiário. Neste período, os círculos mandatários ianques se referiam a esta manobra como a “solução mais eficiente e de menor custo”. Somente depois de constatarem a incompetência completa do “Exército da República da Coreia” para a tarefa de encabeçar a “marcha ao norte”, o plano de guerra foi substituído para as condições nas quais o exército fantoche sul-coreano cumpriria apenas o papel de bucha de canhão inicial, com as tropas ianques e dos países satélites (sob o letreiro de “tropas da ONU”) entrando logo em seguida como ponta de lança da guerra. Nestes desenvolvimentos, o Japão também cumpriria um importantíssimo papel nas condições de base militar de abastecimento, logística e reparação para as tropas ianques e da ONU. Do ponto de vista político, portanto, o imperialismo ianque, para lograr tal conformação de forças, fora obrigado a levar a cabo as seguintes medidas: 1) ressuscitar o militarismo japonês, que os próprios estadunidenses golpearam duramente durante a Segunda Guerra Mundial, instigando nos militaristas japoneses a ilusão de retomarem seus entrepostos coloniais na Coreia, em prol de seus próprios interesses; 2) alinhar politicamente duas forças outrora inimigas – militaristas japoneses e fantoches sul-coreanos – em um bloco militar anticomunista comum. Isso esteve em linha com políticas anteriormente adotadas durante a Primeira e Segunda Guerra Mundiais com relação às demais potências capitalistas ocidentais. Diferentemente do que ocorrera nestas ocasiões, porém, os imperialistas ianques já não poderiam assumir a posição de uma aparente “neutralidade”. Estavam completamente envolvidos na guerra, do início ao fim, e tinham um lado muito bem delimitado, ao contrário da posição oportunista que caracterizava sua política nas guerras mundiais anteriores, nas quais fornecera auxílio não só para as potências aliadas ocidentais, como também para a Alemanha nazifascista. Em suma, a política de fabricar fantoches e aliados submissos, terceirizando aspectos importantes da guerra, é um ponto destacado da política de guerra do imperialismo ianque, e que fora bem aplicada durante a Guerra da Coreia.
Para o imperialismo ianque, a dissimulação dos preparativos de guerra é também um aspecto característico de sua política belicista. Iniciam guerras por meios diversificados, terceirizando-as, sem que precisem declarar abertamente que as estão iniciando e conduzindo. Neste sentido, a Guerra da Coreia foi um laboratório. Muito embora a historiografia oficial coloque a data de início da Guerra da Coreia como 25 de junho de 1950, se formos enxergar seus desenvolvimentos mais amplamente, levando em consideração a política estadunidense de guerra, seu início foi muito anterior, remontando já ao ano de 1947, com a chamada “guerrinha” (vários fatos demonstram, porém, que empregar o termo “guerra” no diminutivo não foi necessariamente correto, dado que muitos choques do período 1947-1950 se assemelhavam a conflitos militares abertos). Desde 1947, a Guerra da Coreia se desenvolveu sob os seguintes traços:
1) era o período de impulso do fornecimento de auxílio militar para o regime fantoche sul-coreano, para que este expandisse e modernizasse suas forças armadas em linha com o equipamento militar estadunidense de ponta, e treinasse suas tropas de acordo com a doutrina militar dos Estados Unidos. Aqui, tratava-se também de consolidar, com toda sorte de leis monstruosas, a máquina governamental fantoche, então encabeçada por Syngman Rhee, “homem de confiança” do imperialismo ianque;
2) inicialmente, dado que o plano de guerra estadunidense previa o uso do exército fantoche sul-coreano como ponta de lança, com as tropas ianques cumprindo somente um papel auxiliar, o período a partir de 1947 consistiu na “limpeza da retaguarda”. Isto é, o plano de guerra previa que o front se localizaria no paralelo 38, ao passo que o restante da Coreia do sul seria a retaguarda. Não seria possível conduzir com sucesso uma guerra no front com um poderoso movimento guerrilheiro levando a cabo a luta armada em larga escala na retaguarda da guerra. Portanto, a “limpeza da retaguarda” consistiu em um intenso genocídio na Coreia do sul que buscava exterminar o movimento guerrilheiro e o movimento de massas de forma mais geral. Contra os primeiros, os fantoches sul-coreanos conduziram em larga escala as sangrentas “operações punitivas” – mesmo termo utilizado, no passado, pelos imperialistas japoneses, em sua repressão ao movimento de libertação nacional anti-imperialista – que consistiam na evacuação forçada de aldeias, matanças, prisões e estupros indiscriminados, crimes bárbaros ao mais vivo estilo hitlerista. Parte constitutiva da repressão fascista foi ter mergulhado em mar de sangue as heroicas insurreições do povo sul-coreano contra o regime de Syngman Rhee e pela reunificação nacional, como a Insurreição de Jeju (1948) e o Motim dos Soldados de Ryosu (1948), e a insurreição camponesa de julho de 1949 contra a cobrança de tributos em espécie pelo regime reacionário. Contra os movimentos de massas que operavam de forma desarmada, não foi menor a agressividade por parte do regime da reação sul-coreana: somente no ano de 1949, por meio da monstruosa “Lei de Segurança Nacional”, o governo fantoche de Syngman Rhee arrastou aos cárceres quase 120 mil presos políticos. Até a revisão dos planos de guerra, as coisas assim corriam. Porém, alterando-o de maneira que as tropas ianques cumprissem o papel fundamental na guerra, o front, que antes estava estabelecido no paralelo 38, foi transferido para todo o território coreano (a tal “política de invasão da Coreia”), ao passo que a retaguarda foi deslocada para os territórios japonês e estadunidense. Assim, a repressão e fascistização sociais, impulsionadas na Coreia do sul, também se estenderam para os Estados Unidos e o Japão. Nos primeiros, foi decretada a monstruosa “Lei Taft-Hartley” em 1947, que golpeava durante o direito à organização sindical do proletariado estadunidense, proibindo as greves em período de guerra e dando aos capitalistas o direito de dissolver convenções coletivas de trabalho. Após a revisão do plano de Guerra da Coreia, à “Lei Taft-Hartley” acrescentou-se mais inúmeras medidas repressivas, que também golpearam duramente o direito de organização do Partido Comunista dos Estados Unidos da América (CPUSA), colocando-o na ilegalidade e prendendo os membros de seu Comitê Nacional sob pretexto de estarem tramando uma “rebelião violenta” para a derrubada do governo estadunidense. Na “retaguarda” japonesa, a fascistização social promovida pelo imperialismo estadunidense relembrou os períodos repressivos do militarismo e da autocracia burguesa-feudal. Por ordens do “general” MacArthur, o governo reacionário de Yoshida expulsou de seus respectivos postos governamentais vinte e quatro membros do Comitê Central do Partido Comunista do Japão (PCJ). No dia seguinte, banira o jornal Akahata, órgão central do Partido, e encarcerara todo seu corpo editorial. A fascistização da sociedade japonesa não poderia deixar de passar pela típica e humilhante discriminação nacional contra a população coreana. Contra ela, foi utilizada duras medidas repressivas. Escolas coreanas foram fechadas sob pretexto de não utilizarem o “idioma nacional” japonês. Também por ordens de MacArthur, foram banidas a Federação de Coreanos Residentes no Japão e a Liga da Juventude Democrática da Coreia (que operava no Japão). Tal foi a amplitude tomada pela chamada “limpeza da retaguarda”, que não pode ser menos caracterizada que uma operação de guerra, ou um grande conjunto de muitas destas operações;
3) os métodos de guerra aberta foram também largamente empregados neste período. Instigado pelo imperialismo ianque, o regime fantoche sul-coreano mobilizou destacamento menores e grupos para incursionarem nas áreas ao norte do Paralelo 38 para que conduzissem operações de reconhecimento das posições do Exército Popular da Coreia e “levantassem o sentimento público” da “população da Coreia do norte”, muitas vezes disfarçando-se com uniformes do Exército Popular da Coreia para que maltratassem as populações das aldeias ao norte do país e incentivassem uma postura anti-RPDC. Para verificarmos a amplitude destes ataques, citemos aqui um dos casos, no qual o chamado “6º Batalhão da ‘Unidade Horim’” do exército fantoche sul-coreano, incursionou o território ao norte do paralelo 38 a partir de 29 de junho de 1949 e, dentro de uma semana, mataram 28 pessoas inocentes, sequestraram 50 e incendiaram muitas casas nos distritos de Yangyang e Rinje. Este 5 de julho, as unidades das Forças de Segurança da RPD da Coreia cercaram os bandidos, matando 106 dos 150 efetivos, e levando 44 como prisioneiros. Entre 1949 e 24 de junho de 1950, unidades das Forças de Segurança da RPDC mataram ou feriram 2,650 soldados do exército e polícia fantoches sul-coreanos que tentaram incursionar ao norte, prendendo 3,553 soldados e confiscando 2,015 submetralhadoras.
Ora, verificando este quadro de agressões cometido pelos fantoches sul-coreanos, instigados pelo imperialismo ianque, e observando de maneira mais atenta os passos tomados para os preparativos de guerra, dificilmente não encontraremos muitíssimas semelhanças entre o que foi feito pelos imperialistas estadunidenses, no passado, contra a Coreia, e o que fazem atualmente contra nosso vizinho do norte, a Venezuela bolivariana. Verificando atualmente, por exemplo, o recente processo de “limpeza da retaguarda” na Colômbia, com o desmantelamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e a matança de ex-guerrilheiros, a formação de governos satélites-fantoches não apenas com a Colômbia, mas também com Honduras e outros países, inundando-os com bases militares ianques, e a conformação de uma rede de governos reacionários sul-americanos para um tal “Grupo de Lima”, enquanto coalizão regional para a agressão à Venezuela, as provocações fronteiriças e tentativas mais recentes de invadir o país com o uso de mercenários, as sabotagens econômicas, o reconhecimento de um governo paralelo encabeçado por um golpista autonomeado e não-eleito (Juan Guaidó... quem não poderia enxergar um Syngman Rhee venezuelano, menos rico e menos articulado?), dentre mais uma vastidão de fatos, permite-nos constatar que, atualmente, o que observamos na Venezuela e em outros países não é um “filme novo”, tratando-se, ao contrário, de um modus operandi já experimentado em várias outras ocasiões pelo imperialismo estadunidense.
Eis aí mais algumas lições importantes fornecidas pela Guerra da Coreia, quanto ao modus operandi e às condicionalidades específicas nas quais se encontravam os Estados Unidos, nesta ocasião, para a condução de uma guerra de agressão.
Os imperialistas estadunidenses são herdeiros do fascismo japonês em suas guerras de agressão
O imaginário fantástico do imperialismo norte-americano criou em torno de si a ideia de uma “nação civilizada”, defensora da “democracia” e dos “direitos humanos”. Os Estados Unidos seriam um imperialismo “civilizado”, formado a partir de uma base política democrática, que herdara a guerra civil democrático-burguesa de 1861-1865 contra a escravidão e as sobrevivências pré-capitalistas, uma reforma agrária ampla, e assim por diante. Seriam completamente diferentes do imperialismo japonês, que herdara um país “não-civilizado”, com uma pesada carga econômica e cultural de um regime baseado no feudalismo e na autocracia, em tradições rurais, patriarcais e não democráticas. Não foi por acaso que até mesmo numerosas correntes políticas progressistas, durante o período da Segunda Guerra Mundial, glorificaram erroneamente o imperialismo estadunidense, considerando-o um “mal menor” em relação aos imperialismos fascistas alemão, japonês e italiano.
Mesmo estas diferenças de passado econômico e político – os Estados Unidos, com seu cabal sistema capitalista, e o Japão, com seu pesado passado feudal ainda não superado naquele período – parecem não ter sido impeditivas para que os “civilizados” ianques empregassem contra o povo coreano os mesmíssimos meios animalescos de matança que os realmente bárbaros japoneses. Durante sua ocupação em Harbin, Manchúria, nordeste da China, os imperialistas japoneses construíram um gigantesco complexo de “pesquisas” (com muitas aspas!) chamado “Unidade 731”. Nesta “Unidade 731”, cometeram crimes contra a humanidade ao utilizarem chineses, coreanos e russos (estas tais “raças inferiores”, assim consideradas pelas fábulas do racismo japonês) como cobaias nas mais bestiais experiências de testes de armas bacteriológicas, cujo uso é expressamente proibido por lei internacional.
Tais experiências que testavam a eficiência de armas bacteriológicas em seres humanos, realmente tão distantes de qualquer coisa que se possa nomear “civilização”, foram amplamente utilizadas pelos “civilizados” imperialistas ianques. Emergindo vitoriosos na Segunda Guerra Mundial, os imperialistas estadunidenses anistiaram o maníaco criminoso de guerra Shiro Ishii, diretor da chamada “Unidade 731”, em troca de que ele fornecesse, para os maníacos de guerra estadunidenses, todo o “know-how” sobre como exterminar seres humanos com armas bacteriológicas, das formas mais dolorosas possíveis. “Coincidentemente” – para os ingênuos, claro! –, todo este “know-how” foi “aproveitado” pelos ianques na Guerra da Coreia, que não perderam tempo em utilizar contra a população civil armamentos banidos por leis internacionais que regulamentam os limites dos conflitos armados.
Escórias humanas como Truman, Eisenhower, MacArthur, Johnson e outros, para não falarmos no atual estrume Donald Trump, longe de “civilizados”, foram e é belos aspirantes a projetos de Hitler.
A Guerra da Coreia revelou que os imperialistas estadunidenses são tigres de papel, e que são homem e sua ideologia, não o fuzil, os fatores decisivos para a vitória na guerra
A luta de libertação do povo coreano durante a Guerra da Coreia jogou por terra o mito do “poderio” do imperialismo estadunidense, assim como outros mitos segundo os quais a posse da bomba atômica forneceria para os Estados Unidos uma posição de controle e supremacia absoluta sobre todo o mundo, o que impossibilitaria a condução futura de guerras de libertação nacional. Até mesmo pretensos “comunistas” compartilharam de tais visões, que se mostraram nada mais que conversas vazias.
Como pôde o povo coreano, fracamente armado em comparação com um inimigo numérica e militarmente muito superior, impor sobre ele duras derrotas e a frustração de seus planos de dominação mundial?
Tal pergunta somente pode ser respondida a partir de uma avaliação dos aspectos estratégicos da Guerra da Coreia. Enquanto o imperialismo ianque e o regime fantoche sul-coreano, antipopulares ao extremo, padecendo de graves crises econômica e política, se encontravam decadentes, por mais poderosos que fossem, a base democrático-revolucionária do norte da Coreia, correspondendo à tendência dos tempos e às mais profundas aspirações do povo coreano e dos povos do mundo, foi capaz de lograr uma sólida unidade entre seu povo e as massas trabalhadoras do mundo, particularmente as massas asiáticas, para que se unissem como um só na sagrada luta para abater o imperialismo ianque e construir uma nação livre e independente, demanda profunda e de muitas décadas do povo coreano e dos povos democráticos e amantes da paz do mundo. Portanto, a despeito de uma desvantagem tática e temporária, eram moral e ideologicamente superiores, bastando uma questão de tempo e manutenção de uma linha política acertada para a conquista da supremacia militar. Esta verdade seria também confirmada por numerosas revoluções de libertação nacional no mundo, mostrando o vigor dos povos em luta e a bancarrota do capitalismo-imperialismo.
Atualmente, vivemos em um período de grande ameaça à paz. A pandemia global acelerou exponencialmente a crise capitalista, levando o imperialismo ianque ao debacle e ao desespero para tentar postergar sua queda inevitável. Seu chefe maior, Trump, tem conduzido uma campanha agressiva de “nova guerra fria” contra os povos do Terceiro Mundo, ameaçando particularmente a Venezuela bolivariana e retomando as ameaças contra Cuba. Também intensifica mais diretamente suas ameaças contra a China, alardeando uma “nova guerra fria”, abandonando a velha retórico de “cooperação” com o país asiático.
Nada temos a temer, porém. Se há uma lição que a Guerra da Coreia nos ensina é que o imperialismo é um tigre de papel, e que o aprofundamento do saque contra os povos, das guerras de agressão e da militarização só cavarão ainda mais rapidamente sua cova. Mantendo em mente tal compreensão, massificando-a entre os melhores filhos do povo brasileiro e materializando-a na ação coletiva, certamente a luta das massas brasileiras terá perspectivas muito melhores.
Por fim, deixemos que um correspondente do New York Times expresse suas palavras de concordância conosco: “Os coreanos veem suas casas e escolas permanecerem tal como estão durante a evacuação das tropas comunistas. Em contraste, as Forças da ONU, lutando com armas de poder destrutivo muito superior, nada sabem senão reduzir uma cidade às cinzas. Os comunistas vencem moralmente até mesmo durante a evacuação”.
Por Alexandre Rosendo
FONTE:
HO, Jong Ho; HUI, Kang Sok; HO, Pak Thae. Os imperialistas estadunidenses iniciaram a Guerra da Coreia. São Paulo: Nova Cultura, 2020
Artigo publicado originalmente na Revista Nova Cultura #13