Krupskaia: "A união da Juventude"
Os pedagogos burgueses falam e escrevem muito sobre a necessidade da “educação para/ler” da juventude, entendendo por “educação cívica”, o respeito pela propriedade privada e o regime político existente, o “chauvinismo” (o patriotismo como eles dizem), o desprezo pelas demais nações, etc. Com o fim de fortalecer estes sentimentos nos Winos, organizam distintas uniões juvenis, como os boys scouts, onde os jovens podem se exercitar estes sentimentos desde os primeiros anos. As crianças estão contentes de que lhes dão a possibilidade de aplicar em algo suas forças e de manifestar sua atividade, agilidade e sua inteligência, sem se dar conta de que o veneno é derramado em sua alma com a ajuda destas uniões. É o veneno da concepção burguesa do mundo e da moral burguesa. Um veneno que incapacita a juventude de participar do grande movimento emancipador que libertará o mundo do julgo e da exploração, acabará com a divisão em classes e dará a humanidade a possibilidade de viver com felicidade. Temos visto o resultado desta educação cívica na Rússia, em Petrogrado, quando os alunos foram arrastados dos centros de educação secundária para a manifestação em defesa do Governo Provisório, quando, rodeados por uma multidão hostil a classe trabalhadora, caminhavam entre chapéus de cogumelo e damas enxadrezadas, unindo-se aos que diziam que Lenin havia comprado os trabalhadores com dinheiro alemão, aos que cobriam de infâmias os socialistas, aos que golpeavam os oradores porque tinham o valor de expressarem-se francamente suas ideias em meio a uma multidão inimiga. Asseguravam aos jovens que cumpriam com seu dever cívico, manifestando-se junto a essa multidão hostil a classe trabalhadora.
Nem todas as uniões da juventude são boas; existem uniões que talvez proporcionem muitas satisfações as crianças, mas que os pervertem.
Existe outra “educação cívica”. Trata-se da educação cívica que dá a vida aos jovens trabalhadores. A vida lhes educa no nobre espírito da solidariedade proletária de classe, faz com que compreendam e amem a expressão: “Proletários de todos os países, uni-vos! E os coloca nas fileiras dos lutadores “por um mundo fraternal e pela sagrada liberdade”. Os jovens trabalhadores de todos os países organizam uniões proletárias agrupadas na Internacional Juvenil que marcha ombro a ombro com a classe trabalhadora e que tem os mesmos objetivos que ela. A Internacional Juvenil não se desmantelou durante a guerra. Durante a sangrenta matança, encorajou aos jovens trabalhadores do mundo inteiro a lutar e a entrar em suas fileiras. A seção alemã da Internacional Juvenil tem sido dirigida durante muitos anos por Carlos Liebknecht, que se levantou corajosamente contra a atual guerra de rapina, lançando francas reprovações ao governo de seu próprio país, pelo qual foi condenado a trabalhos forçados.
Depois da Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1915, quando se convocou a conferência Internacional da Juventude Trabalhadora, a seção russa da Internacional Juvenil não esteve representada de forma devida. Não esteve representada porque sob o regime autocrático, os jovens trabalhadores e trabalhadoras não podiam criar uma organização com todos os requisitos formais necessários e porque a guerra dificultava de tal modo a comunicação entro os países que não houve possibilidade de colocar-se em relação com a Rússia. Mas, o Comitê Central do Partido Socialdemocrata da Rússia, enviou um delegado a esta Conferência para manifestar-se em nome dos jovens trabalhadores russos, que estavam de todo coração com a juventude trabalhadora de todos os países e marchava com elas sob a bandeira comum da Internacional. Uma prova de que o Comitê Central não se equivocou é que as e os aprendizes de fábrica de Petrogrado tinham agrupado já em suas fileiras cerca de 50.000 jovens. Estes meninos lançaram as bases da seção russa da Internacional Juvenil e encorajam todos os jovens trabalhadores, tanto os que trabalham nas fábricas como os aprendizes, os mensageiros e os vendedores de jornais, em suma, para todos os jovens que são forçados a vender sua força de trabalho. Chamando-os a unirem-se a eles os jovens trabalhadores de Moscou e de sua região, de Ekaterinoslav e Kharkov, em uma palavra, de toda a Rússia. Chamando a todos a lutar por um futuro melhor, pelo socialismo. Viva a seção russa da Internacional Juvenil!
Publicado no Pravda, em 27 de maio de 1917
Escrito por N. Krupskaya