Yanomamis sob ataque do velho Estado latifundiário brasileiro
Neste ano, completa-se 30 anos da demarcação da Terra Indígena Yanomami, com uma área equivalente ao território de Portugal, distribuída entre os estados de Roraima e Amazonas, onde existem mais 350 comunidades indígenas, com uma população de aproximadamente 29 mil pessoas.
E tal como naquela época, mais uma vez os povos originários se veem atacados diretamente pela invasão do garimpo, com a anuência completa do velho Estado brasileiro.
Segundo dados extraídos do relatório Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo produzido pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. Desde o ano de 2016 até 2020 o garimpo na TIY já havia crescido 3.350%.
Dessa forma, a expansão dos garimpeiros na região afeta cada vez mais os povos indígenas. Segundo o documento, o número de comunidades afetadas diretamente pelo garimpo ilegal soma 273, abrangendo mais de 16.000 pessoas, ou seja, 56% da população total.
E o avanço do garimpo patrocinado pelo atual governo ampliou ainda mais os conflitos na região. O levantamento dos conflitos no campo elaborado pelo Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduíno demonstra a explosão dos assassinatos e a dimensão do massacre em andamento. Em 2020, havia sido registrado 9 mortes em decorrência de conflitos na área. Já no ano passado, houve um aumento de 1.110%, com o registro de 109 mortes de yanomamis decorrentes de conflitos na área, a sua maioria no estado de Roraima e, evidentemente, todas de autoria de garimpeiros.
Em 2021 foram vários os registros de ataques de garimpeiros contra os povos indígenas da TIY, como o NOVACULTURA.info registrou no texto Garimpeiros armados atacam indígenas nas terras Yanomamis.
Além da ação violenta e dos assassinatos, os povos indígenas da região sofrem com o aumento da presença do garimpo ilegal, que utilizam algumas áreas, como a de Apiaú, como dormitório, trazendo consigo doenças, álcool, drogas, praticando crimes sexuais contra as mulheres, que acabam por deteriorar as condições de vida comunitária dos habitantes.
O que ocorre atualmente na Terra Indígena Yanomami é mais um capítulo do avanço final do velho Estado latifundiário brasileiro contra os povos originários. Longe de ser um mero descumprimento da letra morta da Constituição, é a aplicação mais clara de tudo o que é necessário para garantir os interesses das classes dominantes e do imperialismo, garantindo assim a manutenção dos sistemáticos ataques contra os povos indígenas do Brasil, como denunciamos em uma das edições recentes do jornal Rumos da Luta.