"O Povo Coreano em Luta Pela Liberdade"
Quinquênio de Libertação da Coreia: O Povo Coreano em Luta Pela Liberdade
Eleva-se em Pyongyang, sobre a montanha Morambon e uma alcantilada pedra cinzenta, um monumento em homenagem às armas soviéticas. Vê-se de longe esse grandioso obelisco, coroado pela estrela de cinco pontas do Exército Vermelho. Acham-se inscritas na sua base, nos idiomas russo e coreano, as seguintes palavras:
"Gratidão de todo o povo ao grande Stálin, ao grande organizador da vitória sobre os imperialistas japoneses, ao consolidador da amizade selada com sangue entre os povos da grande União Soviética e da Coreia. Gloria eterna ao Exército da grande URSS, libertadora do povo coreano da escravidão japonesa e garantia da liberdade e da independência da Coreia".
Há cinco anos os soldados soviéticos, combatentes do exército de libertação, penetraram no território da península coreana derrotando em seu avanço as divisões de elite do exército de Kuantung. Quinze de agosto de 1945 ficou assinalado como o grande dia de libertação da Coreia. Durante a sua multissecular história, a Coreia foi, por várias vezes, invadida por forças inimigas. Mas habitualmente invadiam a terra coreana usurpadores que atentavam contra a liberdade e a independência de nosso país. E eis que pela primeira vez na sua história o povo coreano teve oportunidade de se achar na presença de soldados libertadores, e não escravizadores.
Os coreanos foram oprimidos, durante cerca de quarenta anos, pelos imperialistas japoneses, que os privaram de liberdade e dos direitos políticos elementares. Proibia-se ao povo coreano a criação de partidos e organizações democráticas. Sob o ponto de vista econômico a Coreia fora transformada em apêndice fornecedor de matérias primas da indústria japonesa. Os japoneses exploravam avidamente todas as riquezas naturais. O povo vivia na indigência e na ignorância. Quase quatro quintos de toda a população da Coreia era constituída de analfabetos.
Os habitantes de nosso país afirmaram, em carta endereçada a Josef Vissarionóvitch Stálin, após a libertação:
"Durante quarenta anos o povo coreano não viu o sol. As trevas do inferno obscureciam os horizontes de nossa Pátria o essa noite nos parecia infinita..."
Quinze de agosto de 1945 foi o dia da libertação de nossa terra sofredora o dia da mais grandiosa felicidade de nosso povo. Essa data é solenemente comemorada, todos os anos, na Coreia. Surgiram novas fábricas e novas usinas, construíram-se novos clubes e novas escolas. Por toda parte — nas cidades e nas aldeias — o povo conhecia uma vida nova e feliz que se manifestava em sua intensa alegria.
Também neste ano a República Popular Democrática da Coreia se preparara para comemorar alegremente o seu jubileu — o quinto aniversário de sua libertação. Mas o bando traidor de Singman Ri, orientado pelos imperialistas de Wall Street, desencadeou a guerra civil. Os intervencionistas americanos afogam em sangue as cidades e as aldeias de nossa pátria. Neste ano o povo coreano comemora a sua festa nacional protegido pelas blindagens e dentro das trincheiras, em ferozes combates contra os invasores americanos que atormentam a nossa terra e assassinam mulheres, crianças e velhos. O povo coreano nunca se esquecerá dessas terríveis atrocidades. De geração a geração permanecerá a memória dos ataques vergonhosos de banditismo contra pacíficos habitantes, contra casas residenciais, hospitais, jardins de infância, escolas e plantações de arroz. Viverá eternamente a gloria imortal dos heroicos combatentes que abnegadamente lutam em nome da Pátria.
A Ajuda Desinteressada da URSS ao Povo Coreano
IMPRESSIONANTES modificações tiveram lugar na vida de nosso povo desde quando o heróico Exército Soviético trouxe nas suas gloriosas bandeiras, cobertas de gloria, a liberdade de há muito esperada pelo nosso povo. Foi o princípio do desenvolvimento democrático e do renascimento nacional da pátria. Respeitando os direitos de nosso povo e alimentando em relação ao mesmo sentimento de fraternal solidariedade, a União Soviética nos ajudou por todas as formas na difícil tarefa de liquidação das ruinosas consequências da dominação colonial japonesa sobre o desenvolvimento econômico, cultural e político da Coreia.
As forças do Exército Soviético nos ajudaram a restabelecer as empresas destruídas pelos japoneses em fuga, o transporte ferroviário, os hospitais e as escolas. Manifestando sentimento de sincera cooperação tanto em relação às grandes questões quanto as pequenas questões, o governo soviético correspondeu prontamente à todas as necessidades de nosso povo na sua difícil tarefa de criação de um jovem Estado democrático. Os médicos soviéticos, pela primeira vez na história da Coreia, ajudaram a livrar o nosso povo de seculares e terríveis epidemias — a cólera e a peste. Ajudaram a encontrar um meio de cura da terrível doença do Oriente, a encefalite, até então considerada incurável. A União Soviética construiu na Coreia mais de cem hospitais. A União Soviética foi o primeiro Estado a reconhecer a República Popular Democrática da Coreia. As forças soviéticas se retiraram do território da Coreia após haver cumprido a sua missão libertadora.
Em 17 de março de 1949 foi assinado, em Moscou, o acordo de cooperação econômica e cultural entro a URSS e a Coreia por um período de dez anos. Esse acordo prevê o desenvolvimento e o fortalecimento, por todas as formas, das relações comerciais entre os dois países. Na base da cooperação, da igualdade de direitos, do beneficio mutuo e de uma incessante e crescente troca de mercadorias em correspondência com as necessidades de cada país, o acordo previa ainda a troca de experiência entre os dois países nos setores da indústria e da agricultura, o envio de especialistas, a ajuda técnica, a organização de exposições e a troca de espécimes de sementes e plantas. Essa ajuda da União Soviética garantiu integralmente o rápido desenvolvimento da economia nacional de nossa república.
A União Soviética nos prestou grande ajuda pelo fornecimento de máquinas de primeira qualidade, tornos, locomotivas elétricas, motores Diesel, equipamento para minas e depósitos minerais, matéria prima valiosa que não se encontra em nosso país e máquinas e ferramentas agrícolas complexas. No mesmo ano surgiram em nossos campos os tratores feitos pelas mãos de nossos amigos russos em Altai e Kharkov. O governo soviético abriu hospitaleiramente as portas de seus estabelecimentos de ensino superior à juventude coreana.
O governo soviético ajudou o povo coreano a fomentar a economia do país, a fazer renascer a sua cultura e a construir sobre bases sólidas uma nova vida.
A amizade do povo coreano com os povos da grande União Soviética é indestrutível e ninguém a pode debilitar, da mesma forma que é impossível forçar o rio Dadongan a modificar o seu curso ou tirar do seu lugar a majestosa montanha Pektussan.
O Extraordinário Florescimento da Jovem República Popular
Graças à pronta ajuda da União Soviética e ao trabalho abnegado dos trabalhadores, dos camponeses e da intelectualidade, a Coreia Setentrional deu um salto sem precedentes na sua história durante os últimos cinco anos, Processaram-se profundas transformações democráticas que transformaram a face do país, A nacionalização da grande e média indústria, dos bancos, dos transportes e dos meios de comunicação, a passagem para as mãos do Estado dos postos-chave da economia, o rápido restabelecimento das empresas destruídas pelos japoneses e a construção, pelo Estado, de novas fábricas e usinas, a exploração de novas minas criaram, todas as condições para a passagem à administração planificada da economia. Já em 1948 a produção das empresas da Coreia Setentrional aumentou, em comparação com 1946, da seguinte forma: indústria carbonífera, 285,4%, fundição de aço, 572% e indústria química, 216%. A produção industrial total de toda a Coreia aumentou mais de duas vezes.
A partir de 1949 a economia de nosso país se desenvolveu, pela primeira vez, na base do plano estatal de dois anos que termina no corrente ano.
1950 foi um ano de novos êxitos de nossa indústria. A emulação no trabalho abrangeu mais de duzentos mil trabalhadores e especialistas da parte setentrional da República, garantiu o posterior desenvolvimento impetuoso da produtividade do trabalho e da produção industrial que aumenta constantemente e a maioria das empresas da parte norte da República ultrapassou o plano do primeiro semestre. Também o campesinato trabalhador alcançou grandes êxitos. A reforma agrária, realizada no norte da República, pôs fim, para sempre, ao regime feudal latifundiário de exploração da terra e à feroz exploração do campesinato. Segundo a lei de reforma agrária cerca de 725 mil camponeses sem terra e com pouca terra e assalariados agrícolas receberam gratuitamente mais de um milhão de hectares de terra.
A libertação dos camponeses do jugo dos latifundiários japoneses e coreanos e a realização da reforma agrária constituíram um poderoso estimulo para o desenvolvimento posterior da agricultura da República. Nunca, durante toda a história de sua existência, a agricultura da Coreia alcançou tão elevados Índices de desenvolvimento como durante o tempo decorrido após a libertação. De 1946 a 1949 a superfície semeada foi ampliada em 23%. Aumentou consideravelmente a produtividade. O campesinato coreano rompe decisivamente com o atraso secular no cultivo da terra. Antes da libertação o camponês coreano lavrava a terra, geralmente, ou com o arado de madeira ou à enxada. Em muitas partes da Coreia do Norte os trabalhos agrícolas são realizados atualmente por tratores.
Organizaram-se, por decisão do governo, as primeiras estações de aluguel de máquinas e foram criados quadros de tratoristas. Desenvolvem-se também, com êxito, a pecuária, a pesca, a indústria da seda e a economia florestal. Acham-se em processo de realização grandiosas obras de irrigação, de drenagem e de saneamento. Como resultado dos êxitos alcançados no desenvolvimento da agricultura já em 1949 a parte setentrional de nossa República começou a se suprir de todos os víveres que lhe são necessários. Elevou-se também, de maneira sem precedentes, o nível cultural do povo coreano.
O país se cobriu de uma vasta rede de escolas e de estabelecimentos de ensino superior. Mais de dois milhões de crianças frequentaram, no ano passado, as escolas primarias e secundárias. A quantidade das escolas secundárias aumentou, em comparação a 1944, de 22 vezes e o número de alunos de mais de 23 vezes. Antes da libertação da Coreia e de sua parte setentrional não havia nenhum estabelecimento de ensino superior e atualmente o seu número é de 16, entre os quais se encontram a grande Universidade Nacional Kim Il Sung (1), o Instituto das Indústrias, a Academia de Ciências Sociais, etc.
Em prazo relativamente curto surgiram no nosso país notáveis quadros nacionais que se tornaram dirigentes da produção e excelentes organizadores e jovens cientistas dos mais variados setores da indústria. Trabalham na República vinte teatros fixos e ambulantes.
O primeiro estúdio cinematográfico nacional rodou uma série de filmes artísticos e de documentários que refletem a construção democrática da jovem República.
Os livros são editados em centenas de milhares de exemplares e publicam-se no idioma nacional mais de 80 jornais e revistas na capital e nas províncias.
Pela primeira vez após uma escravidão de quarenta anos e de uma degradante opressão nacional o nosso povo recebeu a liberdade de expressão no seu próprio idioma, o direito de educar os seus filhos e a completa possibilidade de se utilizar de sua riquíssima herança cultural.
Juntamente com o desenvolvimento da cultura do povo da parte setentrional da República aumentava ininterruptamente o seu bem-estar material. O governo da República se preocupa constantemente pela melhoria da situação material dos trabalhadores, dos funcionários e empregados.
O salário dos trabalhadores coreanos aumentou, em 1949, em comparação com 1947, mais de vez e meia, além do fato de que, no mesmo ano, por várias vezes se verificaram diminuições dos preços das mercadorias agrícolas e industriais. Imensos recursos são destinados à assistência social, à saúde pública e à construção de sanatórios. Anualmente dezenas de milhares de trabalhadores da Coréia fazem estações de cura e repouso gratuitamente nos melhores sanatórios e casas de repouso do país. Ao fazer um balanço da edificação democrática no aniversário de sua gloriosa libertação, o povo coreano dirige novamente os seus pensamentos à sua libertadora e amiga, a União Soviética e manifesta uma profunda gratidão ao grande Stálin e a todo o povo soviético pela desinteressada ajuda fraternal que constantemente nos presta o nosso grande vizinho.
A Obra Funesta da Ditadura Fascista Instalada Pelos Ianques
Ao mesmo tempo em que o povo da parte libertada da Coreia construía uma nova vida com as suas próprias mãos, criando um Estado democrático, as autoridades de ocupação americanas implantavam na Coreia do Sul um regime colonial que, pelas suas consequências e pelo seu caráter, era muitas vezes mais terrível e desumano do que os dias mais tenebrosos da dominação dos imperialistas japoneses.
A camarilha de Singman Ri, que chegara ao poder na parte sul do país pela ajuda das baionetas americanas, começou a pôr em prática, desde os primeiros dias, uma política de transformação da Coreia Meridional em colônia do imperialismo americano. O povo ficou privado de quaisquer liberdades democráticas e todos os partidos políticos e organizações democráticas foram interditados e lançados à ilegalidade.
A camarilha de Singman Ri estabeleceu um monstruoso regime policial-militar, durante o qual atiravam-se às prisões, sem julgamento e sem provas, todos os que se entregavam a qualquer manifestação patriótica.
Mais de 150 mil de nossos irmãos foram torturados pelos assassinos de Singman Ri e cerca de quinhentos mil se consomem nas prisões. A maioria destes era perseguida somente pelo fato de que exigia a retirada das forças americanas e se manifestava pela unidade e pela independência da Coreia.
O governo fantoche de Singman Ri mantinha-se no poder somente à custa do terror e da violência e do apoio das baionetas americanas. Os americanos se tornaram senhores de quase todas as empresas industriais fundamentais, pilhavam e exportavam valiosas matérias primas minerais e roubavam impiedosamente as riquezas minerais do país. Ao mesmo tempo, arruinava-se totalmente a indústria de construção de máquinas, a indústria têxtil e outros setores da indústria manufatureira, uma vez que isso dava aos homens de negócio de Wall Street a possibilidade de exportar para a Coreia a sua produção excedente, transação que lhes rendia imensos lucros.
O governo de Singman Ri, embora apregoasse em altos brados a reforma agrária, não tomou nenhuma providência para a realização de qualquer espécie de reforma agrária. Grandes extensões de terras, anteriormente de propriedade dos colonizadores japoneses, foram vendidas pelos americanos, através da Sociedade Territorial do Oriente, aos latifundiários coreanos, negócio que lhes permitiu se assenhorearem de vastos recursos.
A terra passou às mãos de uma pequena camada de latifundiários coreanos, usurários da terra. Cerca de 80 por cento dos camponeses ou não possuíam nenhuma terra ou possuíam diminutas parcelas. Os camponeses eram objeto de uma exploração mais feroz do que durante o domínio japonês e a agricultura da Coreia Meridional entrou em decadência. A população vivia na fome e na miséria e era exportado para o Japão, aos milhares de toneladas, o arroz arrebatado dos camponeses à força.
A riquíssima cultura antiga do povo coreano era calcada aos pés e destruída. Diminuía de ano a ano o número de escolas coreanas e a maioria da população coreana continuava, como antes, analfabeta.
Os americanos não somente transformavam a Coreia do Sul, com obstinação, em colônia sua, mas também visavam torná-la uma base militar e estratégica no Extremo Oriente. Por isso a camarilha de Singman Ri, obedecendo às ordens dos imperialistas americanos, realizava grandes obras de construção, criava um exército de mais de cem mil homens, além da polícia, dos destacamentos especiais de diversão e de terror e dos chamados "destacamentos de defesa do Estado". A instrução militar dessa numerosa tropa era dada pelos conselheiros militares e instrutores norte-americanos e o armamento era importado dos Estados Unidos por conta da pretensa "ajuda" econômica americana à Coreia.
Esta máquina militar era necessária aos imperialistas americanos para, por meio da força, sustentar a existência do regime de Singman Ri, odiado pelo povo, e desencadear uma guerra de agressão contra a nossa República. Com esse objetivo o exército de Singmon Ri atacou, por repetidas vezes, a região que se encontra ao norte do paralelo 38, matando as populações pacificas, roubando o seu gado e destruindo as suas habitações.
A camarilha de Singman Ri opunha obstáculos, por todos os meios, à realização da unificação pacifica de nossa pátria e se preparava com furor para desencadear a guerra civil.
Enquanto Singman Ri e seus sequazes afiavam suas armas e apregoavam em altos brados uma "campanha contra o Norte", os partidos democráticos e as organizações democráticas da Coreia do Norte e da Coreia do Sul se esforçavam, por todas as formas, no sentido de conseguir a unificação pacifica da pátria. Já em julho de 1949 a Frente Única Democrática Nacional, que unia em suas fileiras mais de setenta partidos e organizações sociais do Sul e do Norte, apresentou propostas concretas de unificação da Coreia por meio da realização de eleições gerais no Norte e no Sul. Mas em resposta a essa proposta a camarilha dos fantoches americanos intensificou ainda mais a preparação da guerra civil.
No curso de um ano todo o povo coreano, sob a direção da Frente Única Democrática Nacional, continuou a luta pela unificação pacífica da pátria, pela sua independência e liberdade. A Frente Única Democrática Nacional apresentou novamente, em junho, uma proposta que possibilitaria uma rápida unificação pacífica, tendo recomendado, para isto, a realização, em todo o território da Coreia, de eleições gerais, e em seguida a criação de um órgão supremo de poder legislativo.
Mas a camarilha de Singman Ri, também desta vez, empregou todos os esforços no sentido de torpedear a unificação pacifica da pátria. A camarilha de Singman Ri não somente privou os partidos e as organizações de massa da possibilidade de enviar os seus delegados à conferência de unificação, como também prendeu e submeteu a cruéis torturas os delegados da Frente Única Democrática Nacional enviados à Coreia do Sul para transmitir o texto da proclamação relativa à aceleração da unificação pacifica. O governo da República Popular Democrática da Coreia, porém, apoiou todas as propostas de unificação pacifica e se dispunha a fazer grandes concessões a fim de conseguir a unidade por meios pacíficos.
Em 19 de junho de 1950 o Presidium da Assembleia Popular Suprema de nossa República debateu, a pedido do Comitê Central da Frente Única Democrática Nacional, a questão da possibilidade de se tomar medidas para a unificação pacifica do país por meio de entendimentos diretos entre os dois governos. O Presidium aprovou uma resolução, na qual se dirigia à pretensa "Assembleia nacional" da Coreia do Sul com a proposta de realização da unificação pacifica do país por meio da fusão da Assembleia Popular Suprema da República Popular Democrática da Coreia e da "Assembleia nacional" do Sul num único órgão legislativo para toda a Coreia que estabeleceria a Constituição da República e formaria o governo. O Presidium manifestou a disposição de entrar em negociações enviando a sua delegação a Seul ou recebendo delegação da "Assembleia nacional".
Todo o povo coreano apoiou com entusiasmo estas propostas e exigiu a sua rápida realização. Mas em resposta a essas propostas as forças de Singman Ri iniciaram, na madrugada de 25 de junho, uma inesperada ofensiva contra o território da Coreia do Norte em toda a linha do paralelo 38º.
O Imperialismo Americano é o Criminoso e o Agressor
Como os fatos o demonstram, o ataque foi desfechado por ordem direta de Washington. Testemunha esse fato, em particular, a chegada de John Foster Dulles a Coreia do Sul às vésperas do ataque provocativo, os documentos publicados pela nossa imprensa e pela imprensa de todo o mundo e também as declarações de líderes e oficiais de Singman Ri aprisionados pelas nossas forças. Interrompeu-se, em consequência da política de traição da camarilha de Singman Ri, o desenvolvimento pacífico da República Popular Democrática da Coreia e se desencadeou, em nosso país, a guerra civil. Os destacamentos da fronteira rechaçaram corajosamente os golpes das forças de Singman Ri, dirigidas pelos fomentadores da guerra americanos. Por ordem do governo o nosso Exército Popular entrou em combate, passou a uma decisiva contraofensiva e conquistou brilhantes êxitos logo nos primeiros dias de combate. Expulsou as forças de Singman Ri para além do paralelo 38 e libertou uma serie de grandes cidades e de centros distritais da Coreia do Sul.
A 28 de junho as nossas valorosas forças libertaram a capital da República, a cidade de Seul, e sobre a mesma foi desfraldada a bandeira da Coreia Popular Democrática. A população das regiões libertadas recebe, com imensa alegria, o seu exército de libertação. Em toda parte a chegada dos soldados libertadores se transforma numa autêntica festa nacional.
Os imperialistas americanos, ao constatarem que haviam errado em seus cálculos, e que os seus planos de agressão fracassam, decidiram, por quaisquer meios, salvar a situação. Puseram em ação, em 27 de junho, no território da Coreia, as forças militares aéreas e logo após, violando grosseiramente os Estatutos da ONU e calcando aos pés todas as normas internacionais, ditaram ao Conselho de Segurança uma resolução ilegal antedatada, "legalizando" a sua intervenção armada como "medidas policiais da Organização das Nações Unidas".
A resolução do Conselho de Segurança foi tomada sem a participação dos representantes de duas grandes potências — a União Soviética e a República Popular da China, é ilegal e não possui qualquer força jurídica.
Em 30 de junho Truman se manifestou sobre a remessa de forças americanas de infantaria à Coreia. Assim, a política colonial americana assume atualmente o caráter de franca intervenção armada contra a República Popular Democrática da Coreia e a guerra civil desencadeada contra o povo coreano pela camarilha de Singman Ri se transformou, logo a partir dos primeiros dias, em guerra de libertação do povo coreano contra os invasores americanos, pela liberdade, unidade e independência da pátria.
Todo o nosso povo, atendendo ao apelo do presidente do Conselho de Ministros, Kim Il Sung, se ergueu para participar desta guerra sagrada, Cerca de 800 mil jovens patriotas voluntariamente manifestaram o desejo de marchar para a frente. No lugar dos que partiram para o front ficaram as suas mulheres e irmãs. Cada qual pôs-se a trabalhar por três, em substituição dos que se alistavam no Exército. Atualmente os nossos concidadãos se recusam a abandonar por qualquer momento os seus locais de trabalho sabendo que o seu trabalho é necessário à frente, não repousam às refeições, dormem nos próprios locais de trabalho e novamente se colocam junto aos tornos. Salvam, por ocasião dos bombardeios, com risco da própria vida, as maquinas e o equipamento e apagam os incêndios. Os jovens trabalhadores, após haverem cumprido por vez e meia e por duas vezes as suas tarefas, cuidam, de maneira organizada, da limpeza dos quarteirões urbanos destruídos, do restabelecimento da economia e da administração da cidade, consertam as estradas, as pontes e as empresas. A frente e a retaguarda se fundiram num único campo de luta que forja a vitória sobre o inimigo. A população da parte setentrional da República e das regiões libertadas da Coreia do Sul envia diariamente aos soldados presentes e cartas, expressando o amor de todo o povo a seu querido Exército.
Toda a população toma parte ativa na coleta de meios destinados à construção de tanques, aeroplanos e navios para o Exército Popular, destinando as suas economias e as suas jóias ao fundo de defesa da pátria. Os nossos heroicos guerrilheiros prestam um grande apoio militar e ajuda ao Exército Popular e não dão ao inimigo nem uma noite e nem um dia de repouso, arruinando a sua retaguarda. Sentindo o apoio de todo o povo os soldados de nosso Exército Popular lutam valentemente, não poupando as suas vidas, contra os inimigos da pátria, revelando um heroísmo e um espírito de sacrifício sem precedentes. Aviadores, marinheiros, tanquistas e infantes se encontram entre os primeiros heróis do povo coreano.
O nosso jovem Exército Popular, que ainda não possuía experiência de luta, soube não somente aniquilar o exército fantoche de Singman Ri mas também, face a face com as "famosas" forças americanas, armadas até os dentes, obrigou-as a recuar e as lançou de encontro ao Mar do Japão sobre uma pequena área que mal ultrapassa um décimo do território da Coreia do Sul.
Hoje, decorridos cinquenta dias apôs o inicio da guerra na Coreia, não existe nem o exército de Singman Ri, nem a pretensa "Assembleia nacional" e nem o governo da Coreia do Sul.
Prossegue, na terra coreana, a guerra entre o povo coreano e os invasores americanos e não pode haver nenhuma dúvida de que se não fosse a intervenção americana a guerra civil na Coreia já teria de há muito terminado e nosso povo estaria unido e livre.
Ao sofrer derrotas na frente os imperialistas americanos descarregam a sua fúria submetendo sistematicamente pacificas cidades e aldeias de nosso país a bárbaros bombardeios. Fizeram desaparecer da face da terra a florescente cidade Tsynnam cujo único "objetivo estratégico" era a fabrica de adubos minerais. Acha-se totalmente destruída a cidade marítima de Vonsan e achara-se completamente transformados em ruínas os quarteirões residenciais de Pyongyang. Transformaram-se em minas milhares de casas residenciais, centenas de escolas e hospitais, dezenas de estabelecimentos sociais e culturais.
O nosso primeiro ministro e generalíssimo Kim Il Sung afirmou com justeza quais são as causas das vitórias do Exército Popular.
"As vitórias do Exército Popular — afirmou — se explicam, em primeiro lugar, pelo fato de que luta por uma causa justa, pela liberdade e independência de sua pátria, contra os invasores americanos e seus agentes. Cada soldado do Exército Popular sabe disso. O povo coreano que já sofreu o jugo colonial, não quer se tornar escravo dos imperialistas americanos. O Exército Popular luta sentindo o apoio e a ajuda de todo o povo coreano e também a simpatia e o apoio de toda a humanidade progressista. Tudo isto inspira as proezas heroicas dos lutadores do Exército Popular e de todo o nosso povo".
A Vitória Final Será do Povo Coreano e da Paz
Compreendemos que perante nós ainda se encontram imensas dificuldades, teremos que lutar contra as forças agressivas dos imperialistas americanos que no curso de longo tempo se prepararam para o desencadeamento de uma nova guerra mundial. Mas o nosso povo, após conhecer toda a amargura da escravidão colonial, não deseja se tornar escravo dos colonizadores americanos e se acha preparado para quaisquer sacrifícios, para quaisquer provas, em prol de uma completa vitória sobre os intervencionistas americanos, em nome da liberdade e da felicidade de nossa pátria.
Toda a humanidade avançada e progressista revela a sua indignação ante a intervenção americana na Coreia. A palavra de ordem "Tirem as mãos da Coreia" ressoa atualmente em todos os idiomas do mundo e inspira o povo coreano para novas e novas proezas.
Sabemos que a voz dos milhões de partidários da paz é a voz de nossos amigos que não querem que amanhã também caiam sobre as cabeças de seus filhos as bombas americanas. O povo coreano, amante da paz e da liberdade, está convicto de que a causa da paz vencerá e que serão destroçados os monstruosos planos dos agressores americanos que tentam desencadear uma nova guerra mundial. É' uma garantia disso a fervorosa aspiração das pessoas simples em defender a paz e a segurança de todos os povos. Garantia disso é o fato de que na vanguarda do campo da paz e da democracia se encontra a grande União Soviética, o poderoso povo soviético, à cuja frente se encontra o libertador e melhor amigo do povo coreano e de todas as pessoas honestas do mundo — o Generalíssimo Stálin.
14 de Agosto de 1950
Publicado no Brasil originalmente na Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 30 - Outubro de 1950.
Escrito por Kim Du Bon
Notas:
(1) Presidente do Presidium da Assembleia Nacional Suprema da Coreia e membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia.