"Povo indonésio, unir e lutar pela queda do regime fascista"
Após encenar o golpe de Estado contrarrevolucionário de 1965, a camarilha militar de direita de Suharto-Nasution, fiel lacaio do Imperialismo Estadunidense e aliado anticomunista do revisionismo soviético, estabeleceu uma ditadura fascista de crueldade sem precedentes na Indonésia.
Durante o último ano ou mais, seguiu-se uma política contrarrevolucionária traidora, ditatorial, anticomunista, anti-China e anti-popular.
Foi imposto um terror branco na Indonésia em uma escala sem precedentes, abatendo várias centenas de milhares de comunistas e revolucionários e aprisionando outras várias centenas de milhares de filhos e filhas do povo indonésio. Toda a Indonésia transformou-se em um vasto inferno. Com a imposição de uma supressão sangrenta, tenta em vão acabar com o Partido Comunista da Indonésia e com a revolução indonésia.
Esta camarilha nutre um ódio inveterado pela China socialista, que apoia resolutamente a luta revolucionária do povo indonésio. Isto tem repetidamente acarretado sérias provocações contra o povo chinês, surrados pelos anti-China, campanhas anti-chinesas e perseguições desumanamente racistas contra os chineses para além mar. Tentou, em vão, sabotar a tradicional amizade entre o povo chinês e os chineses para além mar na Indonésia por um lado, e o povo indonésio por outro, e impedir que o povo chinês apoiasse a revolução do povo indonésio.
Em última análise, as variadas formas de perseguições aplicadas pela camarilha militar de direita Suharto-Nasution contra o Partido Comunista da Indonésia e contra o povo indonésio, só servirão para acelerar o processo da revolução indonésia, bem como à própria ruína dos golpistas. Os heróicos comunistas indonésios e o povo não podem ser acuados, suprimidos, muito menos açoitados. A determinação do povo indonésio na construção da revolução é inabalável, assim como a determinação do povo chinês em dar suporte à sua revolução. Nenhuma força reacionária na Terra pode impedir isso.
Atualmente, os comunistas indonésios e o povo revolucionário estão reagrupando suas forças para uma nova batalha. A declaração feita em 17 de agosto de 1966 pela Secretaria Política do Comitê Central do Partido Comunista da Indonésia e a autocrítica endossada em setembro, publicada há pouco tempo pela revista Indonesian Tribune, é um chamado aos comunistas indonésios e à classe trabalhadora indonésia, camponeses, revolucionários intelectuais e a todas as forças anti-imperialistas e anti-feudais para se unirem e engajarem-se em uma nova luta.
Os dois documentos da Secretaria Política do Partido Comunista da Indonésia são um duro golpe para o imperialismo norte-americano e seus lacaios - o regime ditatorial militar fascista Suharto-Nasution e a facção revisionista do Partido Comunista da União Soviética -, além de um enorme encorajamento para o povo revolucionário da Indonésia.
Nestes dois documentos, a Secretaria Política do Partido Comunista da Indonésia resume a experiência e as lições do Partido liderando a luta revolucionária do povo indonésio, critica os erros oportunistas de direita cometidos pela liderança do Partido no passado, aponta o caminho para a revolução indonésia e estabelece os princípios para a futura luta.
Os documentos apontam que a Indonésia é um país semi-colonial e semi-feudal. A ditadura militar fascista Suharto-Nasution é um regime das classes mais reacionárias da Indonésia: a burguesia compradora, a burguesia burocrática e os senhores de terra. Essa é a primordial tarefa da revolução em seu estágio atual para derrubar este contrarrevolucionário regime e a lei reacionária do imperialismo e feudalismo na Indonésia, para estabelecer a ditadura do povo democrático e construir uma nova Indonésia totalmente independente e democrática.
Os documentos enfaticamente apontam:
"Para alcançar sua vitória completa, a revolução indonésia deve também seguir o caminho da revolução chinesa. Isto significa que a revolução indonésia deve inevitavelmente adotar esta principal forma de luta, nomeadamente, a luta armada do povo contra a contrarrevolução armada que é, essencialmente, a revolução agrária dos camponeses liderada pelo proletariado."
A Secretaria Política critica a linha revisionista do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (P.C.U.S.) e aponta que esta linha contrarrevolucionária tem causado sérios danos ao Partido Comunista da Indonésia e trouxe grandes perdas ao movimento revolucionário do povo indonésio. O revisionismo moderno, com a liderança do P.C.U.S. como seu centro, é a maior ameaça ao movimento revolucionário internacional, tanto quanto ao Partido Comunista da Indonésia. A lição sangrenta da perda de centenas de milhares de vidas na Indonésia mostrou, mais uma vez, que o caminho revisionista da “transição pacífica” advogado pela liderança da P.C.U.S. é o caminho para enterrar a revolução, exterminar o Partido e o povo.
Os documentos sustentam que a liderança do Partido no passado se desviou da teoria marxista-leninista no Estado e enfatizou unilateralmente as possibilidades do chamado caminho pacífico e parlamentar. Eles apontam que o poder do Estado burguês da indonésia tem dois aspectos, o “aspecto pró-povo” e o “aspecto anti-povo”; esperava-se trazer uma mudança fundamental no poder do Estado por meios pacíficos, desenvolvendo o “aspecto pró-povo”. Esta é uma pura ilusão da “transição pacífica”.
Os documentos criticam e repudiam a teoria da “combinação das três formas de luta”, nomeadamente, a guerrilha no campo, o movimento operário nas cidades e o trabalho entre as forças armadas do inimigo. Eles apontam que, de acordo com “as três formas de luta”, a liderança do Partido no passado, em vez de liderá-los pelo caminho da revolução, guiou-os separadamente pelo “caminho pacífico” e, assim, praticamente desistiu da luta armada. Os documentos enfatizam que os marxistas-leninistas indonésios devem resolutamente abandonar esta errônea teoria, levantar a bandeira da revolução armada do povo, estabelecer áreas de bases revolucionárias de acordo com a experiência da revolução chinesa, e transformar as aldeias atrasadas em bastiões militares, políticos e culturais fortes e consolidados na revolução.
A Secretaria Política ressalta como uma importante tarefa do Partido o estabelecimento de uma ampla frente anti-imperialista e anti-feudal dirigida pela classe trabalhadora e baseada na aliança operário-camponês. Para realizar isso, o Partido deve ter um programa, táticas e princípios corretos, como uma particularidade importante, deve compreender a forma da luta armada na qual se integra com os camponeses e ganhar seu apoio.
Os documentos criticam o slogan de “cooperação nacional com os ‘Nasakom’ como núcleo” e sustentam que tal afirmação obscurece o conteúdo de classe da frente unida.
Em seu esforço para estabelecer esta frente com a burguesia nacional, a liderança do Partido no passado anulou o papel independente do proletariado e transformou-o em um apêndice desta burguesia. Colocou os três componentes do marxismo em pé de igualdade com os "três componentes dos ensinamentos de Sukarno" e, de uma maneira sem princípios, reconheceu Sukarno como "o grande líder da revolução". A atitude errônea do partido em relação à Sukarno foi uma manifestação importante de sua perda de independência dentro da frente.
Eles apontam que uma árdua tarefa se inscreve à frente na construção do Partido Comunista da Indonésia. Ele deve ser construído como um Partido marxista-leninista livre de todas as formas de oportunismo, aquele que resolutamente se opõe ao legalismo, subjetivismo e revisionismo moderno.
Os documentos dizem que, na questão da construção do Partido, os principais erros têm sido “o liberalismo e o legalismo”. Eles criticam o Partido por sua tendência a buscar cegamente a força numérica no recrutamento, e salientam que o caráter de massa do Partido é expresso, antes de tudo, não em um vasto número de membros, mas em laços estreitos com as massas, com sua linha política, defendendo os seus interesses e na aplicação geral de sua linha.
A fim de construir um Partido revolucionário marxista-leninista, a Secretaria Política do Partido Comunista da Indonésia apela a todo o Partido pela melhora de sua educação marxista-leninista e do pensamento Mao Tsé-tung, para resumir a histórica experiência do Partido e realizar uma campanha de retificação.
Os documentos apontam:
"A experiência de luta travada pelo Partido no passado tem mostrado o quão indispensável é para os marxistas-leninistas indonésios, que estão decididos a defender o marxismo-leninismo e combater o revisionismo moderno, a estudar não apenas os ensinamentos de Marx, Engels, Lenin e Stalin, mas também a dedicar especial atenção ao estudo do Pensamento Mao Tsé-tung, que conseguiu herdar, defender e desenvolver o marxismo-leninismo ao seu auge na era atual."
Após resumir a histórica experiência da revolução indonésia, a declaração e a autocrítica da Secretaria Política do Comitê Central do Partido Comunista da Indonésia chegam a esta importante conclusão:
Para a conquista da vitória da revolução democrática do povo, os marxistas-leninistas devem sustentar as três bandeiras do Partido, nomeadamente:
A primeira bandeira: a construção do Partido marxista-leninista que esteja livre do subjetivismo, oportunismo e revisionismo modernos.
A segunda bandeira: a luta armada do povo que, em essência, seja a luta armada dos camponeses em uma revolução agrária anti-feudal sob a liderança da classe trabalhadora.
A terceira bandeira: a frente revolucionária baseada na aliança operário-camponesa sob a liderança da classe trabalhadora.
A conclusão delineada pela Secretaria Política do Partido Comunista da Indonésia concerne as “Três Bandeiras” conforme o marxismo-leninismo e o pensamento Mao Tsé-Tung, e em desempenhar um importante papel na orientação da revolução indonésia.
O caminho pioneiro do camarada Mao Tsé-Tung pela revolução chinesa é o caminho pelo qual “o poder político nasce da ponta de um fuzil”, [1] o caminho de confiar nos camponeses, estabelecendo bases revolucionárias rurais, cercando as cidades pelas áreas rurais e finalmente conquistando as cidades.
Resumindo a experiência da revolução chinesa, o camarada Mao Tsé-Tung diz:
“Nós temos tido uma experiência muito válida. Um Partido bem disciplinado armado com a teoria marxista-leninista, usando o método de autocrítica e ligado às massas populares; um exército sob a liderança do Partido; uma frente unida com todas as classes revolucionárias e todos os grupos revolucionários sob a liderança do Partido. Estas são as três principais armas com as quais nós temos derrotado o inimigo. Elas nos distinguem de nossos predecessores. Amparados nelas, nós temos conquistado a vitória.” [2]
No curso da liderança da luta do povo chinês pela captura do poder político, o Partido Comunista da China tem tido grandes vitórias na revolução, assim como sérias derrotas. As vitórias e derrotas do Partido, suas retrações e avanços, seu encolhimento e crescimento, seu desenvolvimento e sua consolidação, estão intimamente ligadas ao fato de a linha política do Partido lidar ou não corretamente com as questões da luta armada e da frente. A luta armada e a frente são as duas armas básicas para combater o inimigo. A frente é uma frente por executar a luta armada. A organização do Partido é o heroico lutador empunhando estas duas armas. É assim que estas três estão inter-relacionadas.
Camarada Mao Tsé-Tung diz: “Ter a correta compreensão destas três questões [a frente unida, a luta armada e a construção do Partido – Tr.] e sua interrelação é equivalente a dar a correta liderança à toda a revolução Chinesa.” [3]
Atualmente, o terror branco em toda sua gravidade continua a reinar sobre a Indonésia. O Partido Comunista da Indonésia está diante de uma extrema dificuldade e de uma complexa tarefa. A luta do Partido está passando por uma grande mudança: uma mudança das cidades para o campo, da luta pacífica para a luta armada, da legal para a ilegal, da aberta para a secreta. Para o Partido, cujo principal trabalho durante um longo período de tempo foi aberto e como atividade legal nas cidades, esta mudança não é de fato fácil. Está posto o conhecimento de muitas dificuldades. Mas a realidade objetiva da luta revolucionária compele o povo para fazer a diferença e, assim, a aprender a luta armada, e não há alternativa para ele se não dominá-la. De fato, desde que sejam resolutas e superem todas as dificuldades, não há dúvida de que podem fazê-lo.
Camarada Mao Tsé-Tung diz:
"Uma guerra revolucionária é um empreendimento em massa; muitas vezes não é uma questão de aprender primeiro e depois de fazer, mas de fazer e depois de aprender, pois fazer é ele próprio o aprendizado. Há uma lacuna entre o civil comum e o soldado, mas ela não é a Grande Muralha, e ela pode ser fechada rapidamente, e a maneira de encerrá-la é tomar parte na revolução, na guerra." [4]
Estamos convictos que os marxistas-leninistas indonésios, guiados pelo invencível Marxismo-Leninismo e pelo Pensamento Mao Tsé-Tung, superarão obstáculo após obstáculo, trarão esta mudança histórica e levarão o povo indonésio a uma longa marcha pela vitória da revolução.
O Partido Comunista da Indonésia e o povo chinês têm constantemente em mente a luta do Partido Comunista da Indonésia e do povo indonésio. Nossos corações estão intimamente ligados aos corações de nossos irmãos de classe da Indonésia. Nós estamos firme ao lado do Partido Comunista Indonésio, ao lado do povo revolucionário indonésio, e apoiamos fortemente o Partido Comunista da Indonésia na liderança da luta do povo indonésio pela derrubada do regime fascista Suharto-Nasution e no estabelecimento de uma nova Indonésia completamente independente e democrática.
Camarada Mao Tsé-Tung diz:
"A violência desenfreada de todas as forças obscuras, domésticas ou estrangeiras, trouxe desastres à nossa nação; mas esta mesma violência indica que enquanto as forças obscuras ainda têm alguma força sobrando, elas já estão em agonia e o povo está gradualmente se aproximando da vitória." [5]
Como os documentos da Secretaria Política do Partido Comunista da Indonésia bem expressam, a atual ditadura militar dos generais de direita e do imperialismo norte-americano, os quais sustentam este reacionário regime, são todos tigres de papel. Em aparência eles são aterrorizadores, mas na realidade eles são fracos.
Nuvens negras não podem por muito tempo obscurecer o sol cuja luz resplandecente certamente brilhará sobre toda a Indonésia. A vitória final certamente pertencerá ao Partido Comunista da Indonésia e ao povo indonésio.
Editorial de Honggi (Bandeira Vermelha), Nº 11, 1967
Traduzido por J. Lima
Referências no Editorial Honggi
[1] Mao Tse-tung, "Problems of War and Strategy", Selected Works, Vol. II, Foreign Languages Press, Peking, 1965, p. 224.
[2] Mao Tse-tung, "On the People's Democratic Dictatorship", Selected Works, FLP, 1961, Vol. IV, p. 422.
[3] Mao Tse-tung, "Introducing The Communist", Selected Works, FLP, 1965, Vol. 11, p. 288.
[4] Mao Tse-tung, "Problems of Strategy in China's Revolutionary War", Selected Works, FLP, 1965, Vol. 1, p. 190.
[5] Mao Tse-tung, "On New Democracy", Selected Works, FLP, 1965, Vol. 11, pp. 377-78