"Vida longa aos heroicos camponeses de Naxalbari!"

O sistema social que existe na Índia é semifeudal e semicolonial. Então a revolução democrática neste país significa revolução agrária. Todos os problemas da Índia estão relacionados a essa tarefa. Sobre esta questão da revolução agrária tem havido diferença de opinião nos círculos marxistas desde o início deste século e entre os marxistas a luta entre as duas políticas - uma revolucionária e outra contrarrevolucionária - continua. Os mencheviques acompanharam a questão do poder do Estado e buscaram uma solução na municipalização. Lenin declarou uma cruzada contra ela e disse que não era possível resolver o problema acompanhando a questão do poder do Estado. Ele mostrou que, por mais progressista que uma legislação formulada por um possa ser, a estrutura atual do Estado não poderia implementá-la. A condição do camponês permanecerá a mesma. Foi por isso que ele disse que só o estado democrático de trabalhadores e camponeses, liderado pela classe trabalhadora, poderia resolver este problema. Somente no outro dia, até mesmo o escritor do Partido Soviético, Yudin, enquanto criticava a Abordagem Básica de Nehru, disse que Nehru não tinha até então sido capaz de resolver o problema camponês. Ele desafiou Nehru a mostrar, na prática, como esse problema poderia ser resolvido de forma pacífica e acrescentou que Nehru não conseguiria fazê-lo. A história provou que, longe de resolver este problema, Nehru não conseguiu nem mesmo provocar um pingo de mudança.

Após o vigésimo congresso do Partido Comunista da URSS, a porta para o revisionismo foi amplamente aberta e, como resultado, o Estado soviético foi transformado de Estado socialista em Estado capitalista. Ao fazer da teoria da transição pacífica para o socialismo adotada naquele vigésimo congresso - seu princípio básico, os revisionistas de nosso país estão vociferando que a luta dos camponeses pela terra é uma luta pela realização das demandas econômicas e que é aventureirismo falar da maquinaria do Estado. Que estranha semelhança entre as palavras de Dange e Basavapunnia!

Que estranha cooperação entre Biswanath Mukherji e Harekrishna Konar! Isso não é acidental, já que sua fonte é uma e essa é a ideologia contrarrevolucionária menchevique. É por isso que os governantes astutos do Estado soviético declararam repetidamente que é apenas usando fertilizantes, sementes melhoradas e implementos agrícolas que o problema alimentar da Índia pode ser resolvido. É desta maneira que eles estão vindo para salvar a camarilha dominante reacionária da Índia; eles estão escondendo das massas a maneira básica e eficaz de resolver a questão da comida, do desemprego, da pobreza e de outros problemas da Índia. Isso porque hoje o Estado soviético está colaborando com os imperialistas anglo-americanos e se transformara em um Estado que explora as massas da Índia. Com a ajuda da burguesia nativa, a União Soviética também está tentando investir capital em nosso país. Na esfera do comercial com o nosso país, veio para a Índia desfrutar de instalações especiais. É por isso que os argumentos da camarilha dirigente reacionária estão saindo das bocas de seus porta-vozes em um fluxo contínuo e em uma velocidade ininterrupta. É por isso que, como colaborador da Grã-Bretanha e dos EUA, o Estado soviético também é nosso inimigo e é abrigando-se sob suas asas que o governo reacionário da Índia pesa como um cadáver sobre os ombros das massas. Mas mesmo assim Naxalbari foi criada e centenas de Naxalbaris estão ardendo como as chamas. Isso porque, no solo da Índia, o campesinato revolucionário é herdeiro dos heróicos revolucionários camponeses da grande Telengana. A então liderança do Partido traiu a heroica batalha camponesa de Telengana e o fez usando o nome do grande Stalin. Muitos daqueles que estão ocupando os cargos de líderes do Partido hoje fizeram parte do ato de traição naquele dia! De joelhos, teremos que tirar lições desses heróis de Telengana, não apenas para ter força para carregar a bandeira vermelha da revolta, mas também para ter fé na autoridade revolucionária internacional. Que respeito ilimitado eles tinham pela liderança internacional - o nome de Stalin fez com que colocassem suas vidas destemidamente à disposição do governo reacionário da Índia. Em todas as eras e em todas as condições, essa lealdade revolucionária é necessária para organizar revoluções. Devemos aprender com a experiência dos heróis de Telengana: devemos tirar a máscara da face daqueles que se opõem ao marxismo-leninismo usando o nome de Stalin. Teremos que arrancar de suas mãos a bandeira vermelha tingida com o sangue de centenas de operários e camponeses. Os traidores, ao tocar aquela bandeira com as mãos, mancharam-na.

Naxalbari vive e viverá. Isto é porque é baseada no invencível Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung. Sabemos que à medida que avançamos, enfrentaremos muitos obstáculos, dificuldades, atos de traição e que também haverão muitos contratempos. Mas Naxalbari não morrerá porque a luz do sol brilhante do Pensamento do Presidente Mao caiu sobre ela como uma bênção. Quando Naxalbari recebe parabéns dos heróis nas plantações de borracha da Malásia que lutam há 20 anos, quando felicitações são enviadas por camaradas japoneses que têm lutado contra a liderança revisionista de seu próprio partido, quando esses parabéns vêm de australianos revolucionários, quando os camaradas das forças armadas da grande China enviam suas saudações, sentimos o significado deste chamado imortal, “Trabalhadores do Mundo, Uni-vos!”, desenvolvemos um sentimento de unidade, e nossa convicção torna-se mais forte e firme no que se refere às nossas queridas relações em todas as terras. Naxalbari não morreu e nunca morrerá.

Publicado em Liberation, na edição de julho de 1971 - janeiro de 1972

Escrito por Charu Mazumdar

Traduzido por I. Dias