Neste 1º de Maio, retomar a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salário
A redução da jornada de trabalho sem redução de salário é a uma forma da classe trabalhadora se beneficiar sobre os avanços tecnológicos alcançados pela humanidade. Vale dizer, se os avanços tecnológicos só beneficiam a uns poucos, esses se humanizam, mas os trabalhadores se brutalizam.
É isso que vem ocorrendo nas últimas três décadas pelo menos. A burguesia se apropria do desenvolvimento tecnológico, mas impõe ao proletariado jornadas de trabalho cada vez mais longas, trabalho análogo à escravidão, desemprego, precarização, etc.
Profissionais de educação e saúde com dois cargos ou mais, somados à jornada doméstica, estão submetidos a trabalhos brutalizantes e não humanizantes. Profissionais de outras categorias sofrem a mesma sorte. Alguns casos ficaram evidentes recentemente, como o dos caminhoneiros, cuja greve realizada em 2018 expôs a dura realidade de parte desses trabalhadores que precisam se drogar para cumprir sua jornada. Da mesma maneira, poderíamos citar outros casos.
Como se pode ver, a melhoria das condições de vida daqueles que trabalham nunca foi o resultado automático do progresso. Ao contrário, o estabelecimento de limites das horas de serviço e outros direitos para a nossa classe - como salário-mínimo, descanso semanal pago, licença-maternidade, entre outros - foram conquistados com muita luta e sacrifícios das gerações anteriores.
Nos dias que em vivemos, os operários, servidores públicos, trabalhadores do comércio e outros serviços devem fortalecer os seus sindicatos, se associando e cobrando deles a organização da luta realmente unificada pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários. Tal diminuição de horas trabalhadas com redução também de salário, como temos vivenciado atualmente, não resolve o problema, pois o que se ganha com a redução da jornada perde-se em salário, na medida em que também há perda de poder de compra dos trabalhadores.
Alguns se perguntam por que os sindicatos e centrais sindicais deixaram de lado a luta por essa proposta. Ao nosso ver, isso se deve por essas entidades terem se tornado órgãos que buscam conciliar os interesses da burguesia e do proletariado, postura essa que favorece a classe dominante e prejudica os próprios trabalhadores. Esses sindicatos e centrais estão ligados a partidos reformistas e até mesmo do campo da direita, agindo como instrumentos para administrar o capitalismo e as suas crises, o que acaba por perpetuar o sistema de exploração sobre o proletariado e as demais camadas médias empobrecidas.
Não houve uma única reforma regressiva nas últimas décadas que não tivesse contado com o apoio de algumas dessas centrais e partidos. É o caso das privatizações e da desnacionalização da nossa economia em suas diferentes formas, como as PPPs – Parcerias Público Privadas, que tiveram apoio de algumas das principais entidades sindicais em atividade no Brasil.
As terceirizações também tiveram apoio no meio sindical por parte dessas forças que as trataram como irreversíveis. A visão de que um sindicato classista estava ultrapassado e que o movimento deveria adotar uma postura “propositiva”, um “sindicalismo de negócios”, um “sindicato cidadão” e até mesmo a política das “câmaras setoriais” estiveram por trás de uma orientação que nos levou a derrotas sucessivas, pois os sindicatos patronais não abandonaram sua postura classista e continuam a defender seus interesses com unhas e dentes.
Também ganhou força nos últimos tempos a ideia do empreendedorismo, que, como ficou revelado na pandemia até mesmo para os que não queriam ver, não passa de mais um tipo de trabalho precário, sem salário garantido e sem assistência de nenhuma espécie em caso de necessidade.
Por essas razões, as organizações revolucionárias e patrióticas da sociedade brasileira devem impulsionar a luta pela redução da jornada sem redução de salários, unindo a bandeira verde-amarela da nossa pátria com a bandeira vermelha da luta proletária, pois trabalhadores desorganizados se tornam uma massa cada vez mais esmagada pelos capitalistas.
2021
DOCUMENTO DA CAMPANHA BRASIL: PELA SEGUNDA E DEFINITIVA INDEPENDÊNCIA