"A Fisionomia Moral de Nosso Povo"
A moral ou ética existe desde o início da formação da sociedade humana, por cujo desenvolvimento econômico é determinada, não de um modo automático, naturalmente, mas com certo atraso, da mesma forma que toda a superestrutura ideológica, como o direito, a religião, etc. Nos albores da sociedade humana a moral surgia das condições de existência, constituindo-se praticamente em determinadas normas de conduta dos homens.
Por certo, essas normas não eram registradas em nenhuma espécie de códigos jurídicos — naqueles tempos nem sequer existia a escrita — mas eu diria que não eram menos obrigatórias para os homens daquela época que os artigos jurídicos cias atuais leis escritas o são para nós. A atitude para com a comunidade, o clã, a família, a atitude do homem para com a mulher e vice-versa, as relações da vida diária iam-se consolidando e convertendo-se em normas psicológicas aceitas por todos, na moral da sociedade.
Com a divisão da sociedade humana em classes, com a aparição do Estado, também a moral, como é lógico, se transforma numa moral de classe, em arma poderosa nas mãos das classes dominantes para escravização das massas dominadas. Referindo-se à sociedade capitalista, Engels dizia que nela existem pelo menos três espécies de moral: “a da aristocracia feudal, a da burguesia e a do proletariado”.
"E como até o dia de hoje a sociedade se tem agitado nos antagonismos de classes, a moral sempre foi uma moral de classe; ou justificava a dominação e os interesses da classe dominante, ou representava, quando a classe oprimida se tornava bastante poderosa, a rebelião contra essa dominação e defendia os interesses do futuro dos oprimidos”. [1]
As classes dominantes de cada época — a da escravidão, a feudal, e a capitalista — procuravam encobrir sua dominação e apresentar seus exclusivos interesses de classe como interesses de todo o povo. Apresentavam sua moral de exploradores como uma moral de toda a humanidade, elevando-a à categoria de verdade eterna, cujas bases, situadas fora da sociedade humana, não dependem do homem nem de determinada formação social, mas emanam de Deus.
Com o passar do tempo, iam desaparecendo as velhas formações econômico-sociais e outras novas surgiam em seu lugar. Os problemas da moral transformaram-se em um ramo da ciência filosófica. Os filósofos metafísicos e escolásticos, dedicados ao estudo desses delicados problemas, justificavam a ordem vigente com leis morais baseadas em concepções transcendentes, isto é, inacessíveis ao entendimento humano. Isto não quer dizer que o trabalho secular dos metafísicos e escolásticos não tenha trazido resultados positivos para o desenvolvimento do saber humano e da lógica do pensamento. Mas, em geral, todos eles visavam um único fim: pôr a moral a serviço dos interesses das classes dominantes, justificar a opressão da maioria explorada pela minoria exploradora e reconhecer que o moral era precisamente essa situação.
A literatura da Europa Ocidental, apesar de servir em seu conjunto aos interesses da sociedade capitalista, produziu excelentes obras que estigmatizam o capitalismo. Assim, por exemplo, na novela “O tio Goriot” de Balzac — um dos melhoras conhecedores da sociedade burguesa — a viscondessa de Beauséant aconselha ao estudante Rastignac:
“Quanto mais frios forem vossos cálculos, mais longe ireis. Feri sem piedade e sereis temido. Não considereis os homens e as mulheres mais do que cavalos de posta que deixareis rebentados em cada muda... Mas se chegardes a ter um verdadeiro sentimento, ocultai-o como um tesouro; que ninguém o perceba, ou estais perdido. De verdugo vos converteríeis em vítima”.
Na Rússia, como em todas as partes, à medida que se desenvolvia a sociedade, também iam-se modificando os postulados morais. A moral da classe dominante na Rússia tzarista apoiava-se nos três pilares do regime: “autocracia, religião e ordem”. Eram os três princípios das camadas mais reacionárias da população: a nobreza latifundiária, a casta militar, os altos funcionários e a corte com toda a sua criadagem, a chamada “alta sociedade”, que agrupavam e encabeçavam todas as forças reacionárias. Todos os esforços dessa classe dominante visavam à conservação de seus privilégios e a manter o povo submetido. Diga-se de passagem que a própria aristocracia não atribuía muita importância moral à pessoa do tzar, o que, não obstante, não a impedia de realizar uma ampla propaganda no seio do povo, afirmando que o tzar era um ungido de Deus, seu poder uma graça divina e que, por isso, todas as suas decisões eram justas e inatacáveis.
Em oposição a esta moral estreita e egoísta da elite aristocrático-monárquica germinavam as bases duma nova moral: o ódio aos exploradores, o amor ao povo e à Pátria. Os melhores homens da Rússia entregavam todas as suas energias e até sua vida para ajudar os camponeses a se emanciparem da servidão feudal. As insurreições de Stepan Razin e Emelian Pugatchov obrigaram os espíritos mais esclarecidos da aristocracia a refletir, impelindo-os a uma análise crítica da situação dos camponeses e dos abusos dos latifundiários.
A literatura russa do século XVIII produziu os primeiros rebentos da moral revolucionária, em parte devido à influência dos enciclopedistas franceses. O representante mais destacado dessa literatura — Radístchev — realiza uma crítica demolidora do regime da servidão em sua obra “Viagem de Petersburgo a Moscou”. Ao descrever em cores vivas o vergonhoso quadro da vida feudal (a venda de famílias camponesas por atacado e a varejo, as levas de camponeses mandados para o serviço militar, o escárnio e as violências dos senhores contra seus escravos), Radístchev, cheio de indignação, estigmatizava o regime da servidão, sua crueldade, e afirmava a legitimidade de qualquer ação dos camponeses em defesa do direito de se chamarem homens. Chamando seus contemporâneos à razão, dizia:
“Até hoje nossos lavradores continuam sendo escravos; não os reconhecemos como cidadãos iguais a nós, esquecemos que são homens. Oh, amados concidadãos! Oh, filhos verdadeiros da nossa Pátria! Olhai em torno de vós e reconhecei vosso erro!...
Mas, quem de nós carrega ferros, quem suporta o peso da escravidão? O lavrador! O que alimenta nossa magreza e sacia nossa fome; o que nos dá a saúde e mantém nossa vida, sem poder dispor do que cultiva nem do que produz...
Pode considerar-se feliz um Estado no qual duas terças partes dos cidadãos são privadas de condição social e em certa medida não existem para a lei? Pode chamar-se de feliz a situação social do camponês na Rússia? Só um vampiro insaciável dirá que o camponês é feliz, porque não tem não alguma de uma situação melhor...
Diremos que é feliz um país onde cem orgulhosos cidadãos nadam na opulência, enquanto milhares não têm garantido o pão e carecem de um teto que os proteja contra o calor e o frio? Malditos sejam esses países da abundância...” [2] As ideias de Radístchev sobre a educação podem ser consideradas progressistas até hoje em dia.
A moral abarca uma ampla escala de sentimentos e, para revelá-los à sociedade, necessita de uma linguagem rica. Lomonósov, o grande sábio russo, trabalhou muito na criação do idioma, o que contribuiu para que a sociedade russa assimilasse as novas ideias de seu tempo.
“O idioma — dizia Lomonósov — mediante o qual _ o Estado russo exerce seu império numa grande parte do mundo, possui, em virtude desse poderio, uma riqueza, formosura e vigor naturais que não ficam atrás de nenhum idioma europeu”. Lomonósov via no idioma russo “o esplendor do espanhol, a vivacidade do francês, o vigor do alemão, a ternura do italiano e, ademais, a riqueza e a concisão de imagens do grego e do latim”.
A literatura da primeira metade do século XIX deu um poderoso impulso ao desenvolvimento do pensamento político da sociedade russa e permitiu-lhe conhecer melhor seu povo.
Belinski, Tchernichevski, Dobroliúbov e Nekrássov deram um grande impulso ao desenvolvimento e ao aprofundamento da moral revolucionária, que já se tinha estendido a massas mais consideráveis da sociedade da época. esses autores despertavam a consciência humana, obrigavam a meditar sobre a vida e sobre o que nela se podia fazer de útil. Duvido de que haja alguém, na história da literatura e do jornalismo russo, que tivesse exercido tanta influência sobre o pensamento dos homens e elevado tão eficazmente sua consciência cívica, impulsionando a luta contra a autocracia e pela revolução democrática, como Belinski, Tchernichevski e Dobroliúbov, cujas vidas, inteiramente consagradas ao desenvolvimento da democracia russa, aureolavam-se de elevada moral aos olhos da sociedade progressista.
Belinski dizia:
“É impossível não amar a Pátria... unicamente, é preciso que esses amor não seja um conformismo inerte com o que existe, mas um vivo afã de perfeição; numa palavra, o amor à Pátria deve ser ao mesmo tempo amor à humanidade... O amor à Pátria é o desejo ardente de ver nela a realização do ideal humano e contribuir para isso na medida de nossas forças”.
Com suas obras, Nekrássov despertava em todo homem honrado o ódio aos escravistas, o amor ao povo e chamava à luta:
“Marcha para o combate em honra da Pátria,
Por tuas convicções, por teus amores...
Marcha e morre com a consciência limpa.
Não será em vão... É firme a causa
Cujos alicerces são regados a sangue”
O grito saído do fundo de sua alma: “podes não ser poeta, mas é teu dever ser cidadão”, despertava espontaneamente em amplos círculos da sociedade russa os mais elevados sentimentos cívicos, a consciência da responsabilidade moral perante o país, perante seu povo.
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Antes da Revolução de Outubro, o conteúdo fundamental da moral marxista consistia e “criticar a burguesia, desenvolver nas massas o sentimento de ódio contra ela, desenvolver a consciência de classe, saber agrupar as próprias forças”. [3]
A nova moral penetrava no seio da classe operária e dos trabalhadores por dois caminhos convergentes: de uma parte, a propaganda realizada pelos intelectuais marxistas; de outra, o próprio capitalismo em ascensão, com sua feroz exploração do trabalho, impelia os operários à resistência. Por isso, a consciência da comunidade de interesses dos trabalhadores abria caminho rapidamente entre os operários, que assimilavam com facilidade os apelos à solidariedade internacional. A moral proletária ia-se formando no próprio ambiente operário: nas oficinas e nas fábricas. A propaganda marxista não fazia mais que ampliar a compreensão da ética proletária.
Por exemplo, os operários consideravam como um justo castigo o espancamento dos fura-greves, espiões, pelegos e capatazes desalmados que cortavam os salários. A solidariedade entre os operários, especialmente durante os conflitos com os patrões, era compreendida, quando não por todos, pelo menos pela imensa maioria. Isto, evidentemente, não quer dizer que os operários atuavam sempre solidariamente. Além dos espiões pagos pela administração e de seus agentes, havia entre os operários, arrivistas, que aspiravam tomar-se contramestres e ocupar algum posto administrativo e que, por isso, mantinham-se à margem.
Cada greve, cada luta de maior ou menor importância nas empresas era seguida de represálias: despedida dos chamados instigadores, listas negras e prisões. Os operários coletavam dinheiro para as vítimas e as ajudavam com tudo o que podiam. Havia até contramestres que contribuíam para as subscrições e, às vezes, ajudavam a colocar em outras fábricas os operários atingidos. Isto era considerado como um dever moral entre os operários.
Apesar de tudo, nos primeiros tempos tudo isto não tinha um caráter organizado. Somente com o desenvolvimento do movimento revolucionário, com o despertar da consciência de classe do proletariado, com sua transformação de classe em si em classe para si, começaram a formar-se qualidades morais como a honradez para com sua classe, a disciplina, o apoio mútuo, a abnegação na luta e o espírito de organização. Estes traços morais do proletariado constituíram a base da nascente moral socialista, que no regime capitalista se opunha à moral burguesa com seus cruéis e ferozes princípios: “O homem é o lobo do homem”, “Cada um por si e Deus por todos”, “Abre caminho na vida”, etc.
A propaganda de nosso Partido trazia um elemento extraordinariamente enobrecedor para o ambiente operário. Podemos dizer sem medo de errar que precisamente com a extensão da propaganda e da agitação marxista, com a organização dos círculos clandestinos, começou a formar-se a intelectualidade operária na Rússia. Os propagandistas e organizadores agruparam os operários numa força compacta e organizada. E a moral revolucionária do proletariado por eles inculcada arraigou-se na massa operária mais profundamente do que parecia à primeira vista. A moral revolucionária não só abarcava o campo das relações sociais, mas também a própria vida da classe operária.
Em honra de nossa intelectualidade da época pré-revolucionária devemos dizer que de longa data surgiam de seu seio pensadores, pintores, literatos de talento, ardentes lutadores pelo bem do povo. O lugar da brilhante plêiade de populistas revolucionários foi ocupado, por direito próprio, pelos marxistas. Quem não conhece a apaixonada luta travada na literatura política de fins do século passado e princípios do atual entre o populismo e o marxismo, as disputas sobre os caminhos do desenvolvimento da economia russa e do pensamento revolucionário? O fato de esta luta ter girado em torno dos princípios fundamentais foi determinado pela realidade pré-revolucionária: as greves e manifestações nas cidades pareciam competir com as insurreições camponesas e os incêndios de fazendas de latifundiários nas províncias de Khárkov, Poltava e outras.
Nesta luta contra a autocracia e a ordem feudal-burguesa ia-se formando o pensamento revolucionário marxista e se constituía, na base dos círculos operários dispersos, o Partido Social-Democrata, que, em 1903, depois da cisão com os mencheviques no II Congresso, começou a chamar-se Partido Operário Social-Democrata (bolchevique). Guiado por Lenin e Stalin, o Partido bolchevique, e com ele a classe operária, empreenderam firmemente o caminho marxista revolucionário de luta pela defesa dos interesses da classe operária. As ideias do marxismo revolucionário estendiam-se e se consolidavam entre os operários e se arraigava cada vez mais profundamente a ideia leninista da comunidade de interesses das massas operárias e camponesas na luta contra o czarismo, da necessidade da insurreição armada.
A revolução de 1905, apesar de seus limitados resultados e da derrota temporária da classe operária, elevou consideravelmente não só a consciência de classe dos operários, mas também a dos camponeses, enriquecendo a uns e a outros com a experiência revolucionária da luta sob a direção de nosso Partido. O povo se convenceu na prática da possibilidade de defender seus interesses de armas na mão. E isso, naturalmente, não podia deixar de influir na mentalidade do povo e de refletir-se no seu estado de ânimo e em seus sentimentos morais e políticos
Contrariamente ao que ocorria, por exemplo, no seio da intelectualidade burguesa, entre a pequena burguesia e a elite operária que aderiu aos mencheviques, onde em consequência da derrota da revolução se produzia uma queda brusca do moral revolucionário, entoavam-se cânticos fúnebres à revolução e se pregava o chamado egoísmo “legitimo” da personalidade, nosso Partido era o único que a despeito do elemento pequeno- burguês, além de não arriar a bandeira da luta revolucionária, fortalecia suas fileiras, mantinha uma luta implacável contra todas as manifestações de oportunismo, eliminando de seu seio os companheiros de viagem. Este trabalho, cujo peso principal caiu sobre os ombros de Lenin e Stalin, em pouco tempo deu frutos.
Sob a influência de nosso Partido, a revolução democrático-burguesa de fevereiro transformou-se na Grande Revolução Socialista de Outubro, coroada pelo triunfo completo do proletariado e dos camponeses pobres sobre o velho regime da Rússia tzarista, sobre o capitalismo. Foi cruzado o Rubicon, começou uma nova vida. O povo seguiu um caminho novo, jamais explorado por ninguém e enfrentou um grandioso objetivo: reorganizar sua vida sobre princípios novos, sobre princípios socialistas, livre da exploração do homem pelo homem. Isto exigiu a subversão radical das velhas relações sociais e, por conseguinte, foi preciso modificar também a fisionomia moral do homem.
E era natural, pois a reorganização da Rússia sobre novos princípios sociais e econômicos, a reorganização dum país em que se entrelaçavam de forma tão caprichosa as diferentes formas de produção e de vida social, exigiu de nosso Partido, de sua direção, uma enorme tensão de suas forças intelectuais, muitos anos de agitação e propaganda com o fim de cultivar nas massas a moral comunista. Marx e Engels diziam:
“Tanto para que esta consciência comunista brote em massa, como para alcançar o próprio objetivo, é preciso uma transformação em massa dos homens, possível únicamente num movimento prático, numa revolução; em consequência, a revolução é necessária não só porque nenhum outro meio é capaz de derrubar a classe dominante, mas também porque só numa revolução a classe que derruba pode libertar-se de toda a velha imundície e tornar-se capaz de edificar a nova sociedade”. [4]
A Grande Revolução Socialista de Outubro elevou a moral dos povos da Rússia a um grau mais alto, transformando-a na moral mais elevada da sociedade humana. E não se trata de nenhum exagero; esta não é mais do que uma conclusão objetiva da realidade presente. Isto não significa que um belo dia o povo amanheceu iluminado por uma graça repentina: a nova moral, a moral socialista. Marx já assinalava que a moral dos homens se atrasa em relação ao desenvolvimento econômico e que, por isso, não é possível extirpar de uma hora para outra, somente com a transformação revolucionária, todos os remanescentes do capitalismo.
A grandeza da doutrina marxista consiste, precisamente, em que Marx descobriu, na sociedade burguesa, a classe operária como a única força capaz de transformar a vida.
Lenin dizia que o que distingue o marxismo “do antigo socialismo utópico é que este pretendia edificar a nova sociedade não com a massa de material humano, produto do capitalismo sanguinário, imundo, rapace, mercantilista, mas com seres muito virtuosos, criados em estufas e viveiros especiais. Agora todos se convenceram de que esta ideia é irrisória e a abandonaram; mas nem todos desejam ou são capazes de analisar a doutrina contrária exposta pelo marxismo, de analisar como se pode (e se deve) edificar o comunismo à base de uma massa de material humano corrompida por séculos e milênios de escravidão, servidão e capitalismo, de economia pequena e dispersa, de guerra de todos contra todos por um lugar no mercado, por um preço mais elevado dos produtos ou do trabalho”. [5]
Com efeito, não foi fácil às massas, assimilar a nova moral, a moral socialista. A princípio, a vitória do proletariado e dos camponeses pobres foi recebida com hostilidade até pela maioria dos intelectuais, sem falar nas classes derrubadas. E inclusive a classe operária, e sobretudo o campesinato, não puderam renunciar de repente aos usos, costumes e tradições adquiridos durante séculos de domínio dos latifundiários e da burguesia. Nem todos os operários se davam conta de que, vivendo na sociedade capitalista, eram uns proletários sem lar e que, na realidade, não tinham pátria, pois esta era uma madrasta para eles; não compreendiam que só depois da Revolução de Outubro foi que deixaram de ser proletários deserdados para se converterem em cidadãos de um grande país, em membros iguais da coletividade de milhões de construtores do Estado socialista, em coproprietários de todas as riquezas do país, tanto das existentes como das potenciais.
O amor ao trabalho é um dos elementos fundamentais da moral comunista. Mas, unicamente com o triunfo da classe operária, o trabalho — condição imutável da existência humana deixa de ser uma carga pesada e vergonhosa para transformar-se numa questão de honra e heroísmo.
Certa vez, antes da Revolução, coube-me participar de uma reunião de. operários em que se discutia a atitude que devíamos adotar para com o trabalho na oficina. Alguns opinavam que se trabalhávamos para o capitalista não era preciso esmerar-se muito; bastava cumprir o mínimo exigido pelo patrão e o contramestre. Outros objetavam, dizendo que sua honra profissional não admitia que de suas mãos saíssem objetos mediocremente acabados; o trabalho perfeito, diziam, proporciona uma satisfação moral.
Compreende-se que aquela discussão era puramente teórica. Todos sabiam que o contramestre e o dono exigiriam um trabalho de alta qualidade e vigiariam atentamente para que assim fosse.
Mas, depois da vitória da Revolução Socialista, poderia, por acaso, apresentar-se semelhante questão, mesmo que fosse somente em teoria? De modo nenhum. Agora, a moral proletária exige categoricamente que somente se produzam artigos de alta qualidade.
É claro que no campo a assimilação da moral socialista avançava com muito maior dificuldade. E era natural. Ali, a tradição de propriedade privada tinha lançado raízes mais profundas; existiam diferenças substanciais na forma da posse e do cultivo da terra. Em algumas partes predominava a propriedade comunal; em outras, a propriedade privada, a fazenda. Os aspectos sociais e o gênero de vida de cada lugar introduziam uma diferença essencial na fisionomia moral daquelas camadas do campesinato.
E quando se colocou na ordem do dia o problema camponês básico — a coletivização — as dificuldades pareceram insuperáveis para muitos. Para o camponês não era fácil lançar-se no caminho desconhecido da economia kolkhoziana, começar pela socialização dos meios de produção. O camponês médio, para não falar no camponês pobre, possuía poucos bens: um cavalo com os arreios, instrumentos primitivos de lavoura (um arado, uma grade). Apesar disso, parecia a muitos que o que eles entregavam ao kolkhoz era mais do que entregavam outros e que sua contribuição ao trabalho kolkhoziano era maior que a do vizinho. Também se deve ter em conta que em cada aldeia, por pequena que fosse, existia algum kulak ou alguém com inclinações de kulak, que, às vezes abertamente, mas com maior frequência de forma encoberta, lutava ferozmente contra a coletivização, tentava corromper os camponeses kolkhozianos por todos os meios e caluniava os mais avançados e ativos.
Graças ao prestígio do Poder Soviético, ao prestígio de que gozavam o Partido e o camarada Stalin, o regime kolkhoziano triunfou em nosso país. O campesinato tinha certeza de que o Governo soviético e o Partido tratavam realmente de melhorar a vida dos camponeses. Os camponeses kolkhozianosaderiram ao regime socialista, transformando-se em seus ativos edificadores. Enquanto as bases da economia agrária se modificavam num sentido socialista, começaram também a modificar-se pouco a pouco a psicologia dos camponeses e sua atitude para com o Estado, a propriedade coletiva, socialista, para com o trabalho. Começaram a transformar-se as relações entre os próprios camponeses. Numa palavra, os camponeses representaram um terreno fecundo para o desenvolvimento da moral socialista.
Na URSS, o trabalho na cidade e no campo — desde o mais simples até o mais qualificado — adquiriu um profundo sentido, viu-se animado pela grande ideia do socialismo e se converteu no princípio fecundo que renova as pessoas e as educa no espírito da moral comunista.
“O comunismo começa quando os operários de base sentem uma preocupação — abnegada e mais forte que a dureza do trabalho — por aumentar a produtividade do trabalho, defender cada pud de trigo, de carvão, de ferro e de outros produtos que não estão destinados diretamente aos que trabalham nem a seus “parentes”, mas a pessoas “estranhas”, isto é, a toda sociedade em conjunto, a dezenas e centenas de milhões de homens, agrupados primeiro num Estado socialista e, mais tarde, numa União de Repúblicas Soviéticas”. [6]
Amplamente conhecida, esta tese leninista reflete de modo insuperável a profundíssima transformação operada na atitude dos homens em relação ao trabalho, depois da vitória do proletariado. E hoje podemos afirmar com pleno direito que, em nosso país, o trabalho socialista, a emulação socialista e o movimento stakhanovista converteram-se em princípios inabaláveis da moral comunista, em normas de conduta do homem soviético.
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No dia 22 de junho de 1941, sem prévia declaração de guerra, o exército alemão invadiu o território soviético.
Durante vinte e quatro anos nosso povo tinha trabalhado sem desfalecimento. Ao mesmo tempo, pondo em tensão todas as suas forças e toda a sua capacidade, estudava, estudava e estudava constantemente. Na luta pelo desenvolvimento da indústria e da agricultura, no tenaz e unânime afã de elevar a cultura geral, a ciência, a técnica e a arte, todos os povos da União Soviética estreitaram relações e se irmanaram.
Isto exprimiu-se brilhantemente no apelo dirigido ao povo uzbek pelos combatentes dessa nacionalidade:
“Teu povo, é filho da União Soviética. Durante vinte e cinco anos, russos, ucranianos, bielorrussos, azerbaidjanos. georgianos, armênios, tadjiks, turcomanos, quirguizes e kazaks, juntamente contigo, estiveram edificando, dia e noite, nossa grande casa, nosso país, nossa cultura... Mas hoje, na casa de teu irmão maior — o russo — na casa de teus irmãos — os bielorrussos e ucranianos — irrompeu o bandido alemão, trazendo a peste parda, a forca e o knut, a fome e a morte. Mas a casa do russo é também a tua casa!... Pois a União Soviética é uma família unida, onde, embora cada um viva em sua casa, a riqueza é comum e indivisível”.
Dizem que para lutar com êxito contra o inimigo é preciso conhecê-lo. Os fascistas alemães não ocultavam seus princípios, seus objetivos, nem a fisionomia “moral” do homem que constituía seu ideal.
Hitler dizia:
“Só devemos obedecer a nossos instintos. Retornemos à infância, tornemo-nos novamente ingênuos... Lançam anátemas contra nós... como inimigos do pensamento. Pois bem, é certo, somos mesmo... Agradeço ao destino por me ter privado de instrução científica. Assim posso estar livre de muitos preconceitos. Assim sinto-me perfeitamente... Formaremos uma juventude que fará tremei o mundo; uma juventude brusca, exigente e cruel... Quero que ela se pareça com as jovens feras selvagens”.
Numa conversação com Rauschning, Hitler perdeu todo o recato:
“Ver-nos-emos na obrigação de diminuir a população alheia... É preciso elaborar a técnica que nos permita reduzir a população alheia. Quem pode negar-me o direito de exterminar milhões de seres de raça inferior, que se multiplicam como insetos?... Antes de tudo, é preciso conseguir que diminua a população eslava. A enorme fecundidade dos povos eslavos e orientais constitui um grave perigo para a raça branca nórdica. É preciso que a hierarquia dos senhores subjugue a massa de escravos”.
Plenamente convencidos de sua vitória em todo o mundo, os alemães pensavam escarnecer impunemente da humanidade e com a mesma impunidade exterminar milhões de seres em benefício da “besta loura alemã”.
O comando alemão aplica métodos de guerra em consonância com esses “princípios”. Num apelo dirigido pelo comando a seus soldados e impresso em forma de “mandamentos”, está dito:
“Recorda e cumpre:
Pensa sempre no Führer de manhã, de tarde, à noite; que não te preocupem outros pensamentos; deves sabê-lo: ele pensa e trabalha por ti. Tu só deves atuar, sem temor a nada; és um soldado alemão e és invulnerável. Nenhuma bala e nenhuma baioneta te poderão tocar. Para ti não devem haver nervos, nem coração, nem compaixão; és feito do farro alemão. Depois da guerra tornarás a adquirir uma alma nova, um coração iluminado: para teus filhos, para a grande Alemanha. Mas agora, age com decisão, sem vacilações.
Tu não tens coração nem nervos; na guerra isto não faz falta. Afoga em ti a piedade e a compaixão: mata todo russo, todo cidadão soviético; não te detenhas se vires diante de ti um ancião ou uma mulher, uma menina ou um menino; mata! Com isso te salvarás da morte, assegurarás o futuro de tua família e te cobrirás de glória eterna.
Nenhuma força no mundo resistirá ao ímpeto alemão. Poremos todo o mundo de joelhos. O germânico é o dono absoluto do mundo. Tu decidirás a sorte da Inglaterra, da Rússia, da América. Tu és germânico e, como compete a um germânico, elimina tudo o que vive e se opõe a teu caminho; pensa sempre no alto, no Führer, e vencerás. A bala e a baioneta não abrem feridas em ti. Amanhá todo o mundo estará de joelhos a teus pés”.
Poderíamos citar como exemplo milhares de cartas de soldados e oficiais alemães, bem como anotações feitas em seus diários. Todas são iguais e todas caracterizam o alemão como um saqueador mesquinho, como um cego executante das ordens mais sanguinárias, como um ignorante cheio de fátua presunção e que se imagina pertencente a uma “raça superior”.
E este exército imbuído de delirantes ideias fascistas, de “exclusivismo racial” e de “geopolítica” — o que por si só exclui toda moral humana — lançou-se para o leste, antecipando uma fácil vitória.
É preciso dizer que não era só em virtude de sua suficiência que o comando alemão julgava assegurada sua vitória sobre a URSS Até certo ponto alentavam essa convicção as incessantes calúnias difundidas durante muitos anos pela imprensa estrangeira hostil à URSS, por uma imprensa que denegria todas as nossas realizações e insistia com particular obstinação na existência de um baixo nível moral e político no seio do povo soviético. Por isso, no começo da guerra, os especialistas militares do exterior, um depois do outro, fixavam a hora da derrota definitiva da União Soviética. Hoje, todo o mundo verifica quão grande foi o erro cometido por todos esses “especialistas”.
Mesmo nos momentos mais difíceis nosso povo estava convencido de seu triunfo final sobre a Alemanha. Esta certeza baseava-se em nossas possibilidades materiais, na convicção de que um povo, que durante vinte e quatro anos trabalhou para edificar seu Estado socialista, não pode ser vencido enquanto tiver armas nas mãos.
Na realidade, a guerra foi a mais rigorosa prova da solidez de nosso Estado, de seu poderio econômico, do acerto de sua direção política e firmeza do estado moral e político do povo. A superioridade moral de nosso exército sobre o dos fascistas alemães foi precisamente um dos fatores principais que nos garantiram a vitória. Isto se vê claramente hoje, quando as hordas fascistas alemãs, derrotadas e expulsas de nosso país, estão à beira da derrota.
Ao escalar o Poder, os fascistas proclamaram: “Que nos chamem de bárbaros, não queremos cultura!’' E entregaram-se à queima de vinte milhões de livros.
Nosso Partido concedeu enorme importância à revolução cultural na União Soviética.
É difícil avaliar todo o esforço realizado pelo Partido e pelo Governo para desenvolver a cultura e a instrução das massas populares, sem falar da constante preocupação do Partido e do Governo pelo desenvolvimento da indústria e da agricultura, pela organização e pelo equipamento dum exército moderno. Salvo raras exceções, os observadores estrangeiros, ao julgarem o nível da cultura e da ciência na União Soviética, partem dos tempos pré-revolucionários. E mesmo quanto levam em conta a elevação deste nível durante os anos de Poder Soviético, medem-no pela bitola do progresso cultural dos países burgueses. Mas basta citar alguns dados do desenvolvimento das instituições culturais de nosso país para que se convença de sua extraordinária envergadura.
Já em 1938-1939 a URSS era o primeiro país do mundo pelo número de alunos das escolas primárias e secundárias e superava neste terreno em 20% a Grã-Bretanha, a Alemanha, a França e a Itália reunidas; quanto ao número de estudantes dos centros de ensino superior, este supera em 40% o dos países acima citados e mais o Japão. Somente em Leningrado, havia nos centros de ensino superior, antes da guerra, mais estudantes que em toda a Alemanha fascista.
Em princípios de 1939, a URSS contava com 240.765 bibliotecas, num total de 422.203.800 livros. Em comparação com 1914, o número de bibliotecas populares aumentou de 6,2 vezes na União Soviética. Só a Biblioteca Pública Saltikov-Stchedrin possui 3,2 vezes mais livros que a Biblioteca Nacional Prussiana de Berlim.
Nossa cultura socialista se baseia no princípio formulado por Lenin:
“Antes, toda a inteligência do homem, todo o seu gênio criava unicamente para proporcionar a uns todos os benefícios da técnica e da cultura e privar a outros do mais imprescindível: a instrução e o desenvolvimento intelectual. Hoje, pelo contrário, todas as maravilhas da técnica, todas as conquistas da cultura passarão a ser patrimônio de todo o povo e de agora em diante nunca mais a inteligência e o gênio humanos serão convertidos em instrumentos de violência, em meios de exploração”.
O Poder Soviético não poupou recursos para converter em patrimônio de todo o povo as melhores realizações do intelecto humano. Elevam-se a dezenas e centenas de milhares de exemplares as edições das obras de Aristóteles, Voltaire, Diderot, Helvetius, Holbach, Spinoza, Descartes, Demócrito, Feuerbach, Darwin, Newton, Einstein, Mendeléiev, Métchnikov, Pávlov, Timiriásev. As obras dos clássicos da literatura mundial como Byron, Balzac, Heine, Goethe, Hugo, Dickens, Zola, Maupassant, Romain Rolland, Cervantes, Anatole France, Shakespeare e Schiller foram editadas em milhões de exemplares.
As obras dos clássicos da literatura russa — Púchkin, Gógol, Griboiédov, Lérmontov, Herzen, Nekrássov, Saltikov-Stchedrin, Leon Tolstoi, Tchékhov, Máximo Górki e Maiakovski — já foram editadas em dezenas de milhões de exemplares. O povo russo familiarizou-se com os clássicos da literatura dos outros povos da URSS: Chevtchenko, Akhúndov, Rustaveli, Ovanes Tumanian e Cholom Aleikhem. Outros povos da URSS puderam conhecer os tesouros da literatura russa e mundial. Eis alguns dados característicos:
No regime soviético obtiveram grande difusão as obras dos bardos, poetas e narradores populares: Djambul, Togtohul, Satilgánov, Suleiman Stalski, Hamsat Zadass, Fekla, Bessúbova, Marfa Kriúkova.
Nosso teatro ocupa de direito um lugar de vanguarda não só na cultura soviética, mas também na cultura mundial. Pelo seu caráter é multinacional, como é a União Soviética. A arte teatral de muitas de nossas nacionalidades, que antes da Revolução permanecia em estado embrionário, desenvolveu-se em todos os aspectos sob o regime soviético e ocupou um lugar de honra na cultura nacional. Assim, na Armênia, Turcmênia, Tadjikistão, e Quirguízia não havia, antes, teatros profissionais. Hoje, a Armênia tem 27 teatros, o Tadjikistão 23, a Quirguízia 21, a Turcmênia 11. Antes da Revolução existiam 31 teatros na Ucrânia. Em 1940, já eram 125; na Geórgia havia 3, agora há 49; na Uzbékia não havia mais que um, hoje são 49.
Mesmo as nacionalidades menores, que nem sequer tinham linguagem escrita na época czarista, possuem hoje vários teatros, à base dos quais floresce sua arte nacional.
Os clubes, cinemas e, museus alcançaram ampla difusão na União Soviética. Em princípios de 1939 já existiam mais de cem mil clubes, sendo quarenta e um mil nos kolkhozes. Em 1939, o número de instalações cinematográficas da URSS era 21,9 vezes maior que em 1915. De modo geral, o cinema, uma das mais populares formas da arte, só se desenvolveu durante o regime soviético.
Quando se iniciou a guerra atual contávamos com 794 museus, enquanto na época pré-revolucionária eles apenas chegavam a várias dezenas, com a particularidade de que se achavam quase exclusivamente nas capitais (Petersburgo e Moscou). Somente algumas grandes cidades, como Kíev, Khárkov e Tiflis, tinham seus pequenos museus. Agora, quase todas as capitais de nossas repúblicas contam com seus próprios museus de Belas Artes e, na prática, não existe um único centro regional que não tenha seu museu, onde estão reunidas as amostras das riquezas do território ou da região, e as obras dos artistas locais.
Além disso, cada cidade onde tenha nascido ou passado a vida algum dos escritores, músicos ou pintores famosos, reúne com amor tudo o que se relaciona à vida e ao trabalho do artista e organiza um museu ostentando seu nome, muito frequentado tanto pelo público local como pelos forasteiros. Assim, por exemplo, existe um museu dedicado a Tchékov em Taganrog, cidade natal do grande escritor russo, e outro em Yalta, onde ele passou os últimos anos de sua vida. Esta procura de museus é tão grande que, inclusive agora, nesta época de guerra tão dura para o povo, não se interrompeu o processo de criação de museus. Constantemente aparecem nos jornais notícias da abertura deste ou daquele museu em diversos pontos de nosso país. Faz muito pouco tempo que se organizou uma filial literária no Museu Nacional de Kazan. No Palácio Mauritano da cidade de Khiva, o museu regional de Khoresm organiza uma exposição de novos materiais históricos do antigo Khoresm.
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Estamos no quarto ano de guerra. Ela foi deslocada para o território alemão. Agora os alemães sentem os efeitos da guerra de modo mais real e concreto, pois os estão sentindo nas suas próprias costas, embora, é claro, a entrada dos exércitos aliados na Alemanha não signifique para a população alemã a pilhagem e as violências que os hitleristas cometiam nos países por eles ocupados, particularmente na URSS Em nossas cidades e aldeias os alemães exterminavam ferozmente a população civil. Todo o exército alemão dedicava-se ao saque, desde o comandante-chefe até ao último soldado; todos os alemães martirizavam e assassinavam, desde Hitler até ao soldado raso.
No princípio da guerra, o povo soviético parecia indeciso, não sabia como nem com que lutar contra aquele bando invasor de saqueadores e assassinos. Muitos ficaram surpreendidos pela bárbara invasão procedente da “culta” Europa; isso não combinava em absoluto com a ideia que faziam da Europa.
Em seu discurso irradiado a 3 de julho de 1941, o camarada Stalin indicou que a guerra contra a Alemanha fascista não podia ser considerada como uma guerra entre dois exércitos e exortava à grande guerra de todo o povo contra os invasores fascistas. Esse apelo deu ao povo uma forma concreta para lutar contra o inimigo; e o povo preferia morrer com as armas na mão a converter-se em eterno escravo das feras fascistas. Somente então o mundo exterior viu e compreendeu — e não podia deixar de fazê-lo — a força espiritual da gente soviética, seu alto nível moral e político.
Com efeito, não se pode deixar de reconhecer o heroísmo de nosso exército, o gigantesco trabalho realizado por todo o nosso povo nos momentos mais difíceis que atravessava o país e sua ilimitada fidelidade à Pátria soviética.
Nossa classe operária deu provas de tanta abnegação para superar as dificuldades engendradas pela guerra, de tanta tenacidade para melhorar sua qualificação, de tanta consciência e disciplina no trabalho que duvido existam exemplos iguais em qualquer outro país do mundo. E o camarada Stalin rendeu alta homenagem a esses heroísmo no trabalho, declarando:
“Do mesmo modo que o Exército Vermelho, em prolongada e dura luta de igual para igual, conquistou a vitória militar sobre as tropas fascistas, os trabalhadores da retaguarda soviética, em combate singular com a Alemanha hitlerista e seus cúmplices, conquistaram a vitória econômica sobre o inimigo”.
Quem não conhece as duras condições em que se teve que organizar o trabalho nas fábricas evacuadas dos territórios ocupados pelo inimigo? Em lugares novos, em condições às quais absolutamente não estavam habituados, os trabalhadores tiveram que erguer as naves das fábricas e construir moradias, organizando ao mesmo tempo a produção. E o faziam. Os operários permaneciam noite e dia nas fábricas, quando se tratava de atender algum pedido de urgência para a frente.
E, apesar das incríveis dificuldades, foram feitas e continuam sendo feitas sem cessar novas obras.
Grande heroísmo revelam nossos operários nas regiões libertadas, restaurando a indústria destruída pelos alemães.
Em sua carta ao camarada Stalin, os mineiros da região de Stalino falam das condições em que devem organizar a extração da hulha:
“Imediatamente após a libertação começamos a restauração das minas destruídas. Os homens iam a este trabalho como se fossem ao combate. Com frequência, o perigo rondava os mineiros. Na minha “Smolianka” número 1-2, do truste “Kúibichevúgol”, os alemães, depois de minar as galerias, dinamitaram o poço e entupiram a mina. Mas os homens, com o risco de ficar enterrados a cada instante, trabalharam tenazmente dia e noite, e metro por metro, foram limpando o acesso à mina. Os escora- dores mais hábeis encabeçavam este abnegado trabalho, animando os demais mineiros com sua intrepidez e valor. No terceiro dia conseguiu-se limpar o acesso à mina. Então começou uma nova etapa da luta. Desprezando o perigo, os dinamiteiros retiraram da mina mais de trezentos quilos de dinamite que os alemães ali tinham colocado. Metidos na água gelada até à cintura, trouxeram à superfície os mecanismos afundados.
Na mina “Kaganóvitch”, do truste “Makéievúgol”, os alemães incendiaram a camada de carvão. Os intrépidos mineiros desceram à mina para apagar o incêndio esses heróis lutaram contra o fogo durante três dias e três noites. O incêndio foi apagado e já se extrai carvão da mina restaurada.
Na mina “Kalínin”, do truste “Artemúgol”, jovens ajustadores, metidos na água gelada, desmontaram a bomba de água e a retiraram da mina inundada.
Na mina “Dimítrov” número 5-6, do truste “Budiónnovúgol”, os operários trouxeram as enormes caldeiras a pulso, transportando-as 15 quilômetros”.
Tanto na indústria como na agricultura, leva-se a cabo este processo de restauração em todas as regiões libertadas.
Também nossos kolkhozianos deram prova duma elevada consciência cívica. No campo restam agora muito menos homens aptos para o trabalho que antes da guerra. O peso principal dos labores agrícolas recaiu sobre as kolkhozianas, que realizam uma grande obra. Já vão mais de três anos e que os kolkhozesproporcionam de modo satisfatório os víveres necessários ao Exército Vermelho e às cidades e matérias-primas para a indústria. Quase não há um kolkhoz que, depois de ter cumprido suas obrigações para com o Estado, não considere um dever moral entregar parte de sua produção ao fundo do Exército Vermelho.
Poderia caber uma pergunta: que tem isso que ver com a consciência cívica, o dever moral, etc? Não devemos esquecer que, hoje, nos kolkhozes, escasseiam com frequência não só os meios de tração mecânica, mas também o gado, a tração animal, e que somente à custa duma grande tensão das forças dos kolkhozianos e graças à decisão dos mesmos em vencer o inimigo acima de tudo, é possível terminar a tempo as fainas agrícolas e obter boas colheitas. São milhares os exemplos desta elevada consciência manifestada no trabalho.
No kolkhoz “O Plano Quinquenal em quatro anos” do distrito de Kolomna, região de Moscou, a equipe de Tamara Krútova cultivou com esmero seu setor de dois hectares semeados de batatas, terminando a tempo todas as tarefas, mas o calor de julho ameaçava queimar a colheita. Então, as moças, com Tamara à frente, acharam no curral kolkhoziano uma velha bomba de incêndio, consertaram-na e a utilizaram para regar. Em consequência, a equipe de Krútova obteve 83 toneladas de batatas por hectare.
Na estrada de ferro de Tachkent foi preciso descongestionar com urgência um local de “engarrafamento”. Dezenas de milhares de kolkhozianos lançaram-se ao trabalho e em 12 ou 15 dias construíram uma segunda via, ramais e novos desvios.
Nos dias da guerra também adquiriu amplitude nunca vista a iniciativa criadora e a atividade patriótica de nossa intelectualidade. Um incessante e fecundo trabalho se manifesta em todas as partes, começando pela Academia de Ciências, com seus institutos de investigação, e terminando pelos engenheiros nas oficinas, minas e expedições geológicas. Os professores, médicos, agrônomos, artistas, pintores e escritores soviéticos fazem tudo o que está a seu alcance para contribuir para a vitória. Os resultados de seu trabalho foram condignamente apreciados pelo camarada Stalin, que disse:
“Nossa intelectualidade marcha audazmente pelo caminho da inovação no terreno da técnica e da cultura, desenvolve com êxito a ciência moderna, aplica com talento seus descobrimentos na produção de armamento para o Exército Vermelho. Com seu trabalho criador, a intelectualidade soviética deu uma contribuição inapreciável à causa da derrota do inimigo”.
Grande é a importância da juventude, especialmente da juventude feminina, na indústria, na agricultura, no transporte e nas diversas instituições. Sobre ela recai o peso principal do trabalho durante os dias de guerra. E nossa juventude, educada pelo Komsomol leninista, honra a confiança do Partido. Não existe ramo algum da indústria em que nossos rapazes e moças, organizados em equipes juvenis, não cumpram com seu dever patriótico, elevando a produtividade do trabalho, permitindo que os operários qualificados possam ser encaminhados a outros ramos da indústria, racionalizando os processos de trabalho. A título de ilustração, citarei alguns exemplos.
Na fábrica número 45, do Comissariado do Povo da Indústria da Aviação, a fresadora Orlova propôs que em lugar dos quatro condutores antes utilizados para as brocas, fosse utilizado um só de tipo universal, o que permite combinar quatro operações em uma. O tempo requerido para trabalhar as peças reduziu- se a uma terça parte, O torneiro Tiúrin propôs que o acabamento dos orifícios das peças se realizasse no torno, em vez de fazê-lo em máquina especial. Com a aplicação de sua ideia, o tempo requerido para trabalhar a peça se reduziu à quarta parte.
Os jovens do campo não ficam atrás dos seus camaradas das cidades. Em outubro de 1944 já eram vinte mil as brigadas que participavam da emulação de jovens tratoristas, cujo número total se elevava a mais de duzentas mil pessoas. E nas equipes juvenis de cultivadores de elevadas colheitas figuravam cerca de quatrocentos mil jovens kolkhozianos.
É característico o exemplo que nos oferece o trabalho da equipe comandada por Zoia Chegueda, do distrito Buturlínovka da região de Vorónej. Quando estalou a guerra, Zoia estudava na escola secundária. Seu pai foi para a frente e ela decidiu trabalhar no kolkhoz. Pouco depois, a administração do kolkhoznomeou-a chefe de equipe, à qual atribuíram um setor de 15 hectares. Durante todo o inverno, a primavera e o verão de 1943, Zoia Chegueda e suas amigas trabalharam e estudaram intensamente. Com o objetivo de obter uma elevada colheita aplicaram métodos agrotécnicos avançados. E no outono desse ano, o tenaz trabalho da equipe foi recompensado com uma colheita jamais vista naquelas paragens: 29 quintais de milho por hectare.
O esforçado trabalho da juventude soviética, que observa diariamente e em todas as partes, atesta que nossa jovem geração cresceu muito política e moralmente na dura época da guerra. Não é pouco o mérito que, neste aspecto, corresponde ao Konsomol leninista, que soube inculcar à juventude as ideias do Partido Bolchevique, suas tradições e um abnegado amor à Pátria, a seu povo.
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Embora tudo o que foi dito sobre os operários, kolkhozianos, intelectuais e a juventude se refira igualmente às mulheres e aos homens, desejo, apesar disso, ressaltar o destacado papel desempenhado pelas mulheres nesta guerra. Possivelmente, a mulher não ocupa na literatura de nenhum outro país um posto tão honroso como na literatura clássica russa. Quantos nomes de mulheres que deram grandes provas de seu elevado espírito figuram na literatura e na história de nosso país! É claro que todo o passado empalidece ante a grande epopeia da guerra atual, ante o heroísmo e o espírito de sacrifício das mulheres soviéticas que com tanto vigor, e eu diria até com uma majestade sem precedentes, revelam seu heroísmo cívico, seu estoicismo ante a perda dos entes queridos e seu entusiasmo na luta.
A guerrilheira komsomol Zoia Kosmodemiánskaia escalou os cimos do patriotismo e da grandeza moral. Nela parecem ter encarnado os melhores sentimentos que nosso povo forjou no processo de seu desenvolvimento histórico. Ela já não é só uma filha do povo russo; é uma filha de todo o povo soviético, uma filha do Komsomol leninista. Com sua cruel barbaria o fascismo quis humilhar a mulher soviética e alquebrar seu espírito.
Mas não o conseguiu em absoluto. A firmeza moral de Zoia e de outras mulheres soviéticas triunfou sobre a bestialidade fascista.
É claro que Zoia Kosmodemiánskaia, Herói da União Soviética, era uma moça excepcional, mas constitui, não obstante, um símbolo das moças de nosso país, já que o heroísmo vivia e vive em potência na alma da maioria das mulheres soviéticas. A vida palpitante de hoje nos oferece milhares de exemplos de valor, fidelidade e amor à Pátria, tão prodigamente manifestados por nossas mulheres no transcurso da Guerra Patriótica. Eis alguns deles:
Olga Tikhomírova era exploradora e enfermeira de um dos destacamentos de guerrilheiros de Vítebsk. Mais de uma vez esta moça intrépida tinha arriscado a vida para salvar seus camaradas. Num combate travado no bosque de Chalbovski foi ferido o chefe dum grupo. Depois de fazer-lhe o primeiro curativo, Olga colocou-se à frente dos guerrilheiros e os conduziu ao assalto das trincheiras inimigas. Um estilhaço de metralha arrancou-lhe a mão direita. Os camaradas lhe vendaram o braço e Olga continuou avançando até que um projétil lhe destroçou ambas as pernas. A moça morreu, mas até o último instante de sua vida não cessou de alentar seus camaradas.
Muito dano causou aos alemães a guerrilheira dinamitadora Vera Lesovaia. Ela conta em seu haver de combatente três descarrilamentos de trens inimigos e muitos caminhões que fez voar pelos ares. Ferida numa perna, Vera caiu nas mãos dos alemães. Para obter dela dados a respeito do destacamento de guerrilheiros, os alemães acenderam uma fogueira sobre seu peito. Mas nem com esses bestiais tormentos conseguiram arrancar-lhe uma palavra. A moça morreu sem delatar seus companheiros de luta.
A alferes Maria Stepánovna Batrakova, Herói da União Soviética, participou da defesa de Leningrado e da de Stalingrado. Em agosto de 1943, ofereceu-se como voluntária para participar, com uma companhia de atiradores de fuzis automáticos, numa operação de infantaria montada em tanques. Quando o chefe da companhia caiu ferido, Maria conduziu os soldados ao ataque. As trincheiras inimigas foram ocupadas. Em setembro de 1943, ao ser forçado o rio Molótchnaia, Batrakova colocou-se à frente dum grupo de soldados cujo chefe tinha morrido em combate e os arrastou a um ataque contra os tanques inimigos. Comandados por essa moça valorosa, os combatentes soviéticos sustentaram um combate de 120 horas e rechaçaram 53 contra-ataques do adversário.
A aviadora Ekaterina Vassílievna Budánova, tenente da Guarda, pilotando um caça, descobriu doze bombardeiros alemães que se dirigiam contra um trem. A intrépida aviadora meteu-se em plena formação inimiga. Os alemães, desconcertados, lançaram as bombas na estepe, mas ao verificar que combatiam somente com um caça, contra-atacaram. Budánova aceitou o combate, derrubou um bombardeiro e pôs os demais em fuga. Ekaterina Budánova conta em seu haver vinte aviões alemães derrubados.
Todo o país sabe que a mãe de Oleg Kochevói, Elena Nicoláievna Kochevaia — apesar de dar-se perfeita conta do perigo que ameaçava seu filho e seus camaradas, se fossem descobertos no trabalho clandestino que realizavam — ocultava os komsomóis de Krasnodon e os ajudava no que podia.
É a vida soviética que elevou a tais alturas de grandeza moral o espírito de nossas mulheres. Seguramente, suas gloriosas façanhas e os profundos sentimentos patrióticos revelados por elas nesta Guerra Patriótica inspirarão os grandes literatos, escultores e pintores, que imortalizarão dignamente em suas obras as heroínas soviéticas.
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A luta guerrilheira deve ser considerada como manifestação da imensa iniciativa do povo na defesa da Pátria, na defesa da liberdade do país contra os escravizadores.
A 3 de julho de 1941 vibrou o apelo do camarada Stalin exortando à luta de guerrilhas. Neste ponto, manifestou-se com a maior evidência a união existente entre o Poder Soviético e o povo. Como chefe do povo e como Chefe Supremo de todas as forças armadas da União Soviética, como político, o camarada Stalincompreendia melhor que ninguém a necessidade e a importância desse apelo. O povo, se o imaginarmos encarnado numa pessoa, parecia inquieto, nervoso, indeciso, sem saber o que fazer, sem saber de que forma concreta e prática poderiam defender a Pátria os que não tinham sido chamados às fileiras. O apelo do camarada Stalin abriu os diques, deu um leito à paixão do povo, indicou como aplicar a energia das massas populares na luta de guerrilhas.
Chefe do povo! Maravilhoso nome! Não só significa ser dirigente do povo, do exército: é a expressão da unidade monolítica entre o chefe e o povo, da comunidade de sentimentos, da comunidade de objetivos. Por isso são tão eficazes os apelos e as diretivas do camarada Stalin. Nosso movimento guerrilheiro transformou-se numa luta de todo o povo, que se foi incrementando de mês a mês. Nosso Partido desempenhou um enorme papel neste movimento. Os comunistas foram os criadores, os organizadores dos primeiros grupos guerrilheiros. Em grande parte o êxito é devido ao fato de o movimento ter uma direção centralizada e contar com uma ideia clara dos fins visados.
Não é a primeira vez que nosso povo recorre à luta de guerrilhas para defender a Pátria contra seus inimigos. Denis Davídov, famoso guerrilheiro, baseando-se na experiência de 1812, escreveu:
“Nossa mãe Rússia é imensa! A abundância de seus recursos já custou caro a muitos povos que atentaram contra a sua honra e sua existência; mas os inimigos ainda não conhecem todas as camadas de lava que repousam em seu fundo... A Rússia ainda não se ergueu em todo o seu gigantesco porte e — ai de seus inimigos! se alguma vez ela chegar a erguer-se!”.
E, com efeito, jamais, em sua multissecular história, o movimento guerrilheiro teve tal amplitude nem abarcou tão amplas massas populares, e por isso a luta de guerrilhas nunca foi tão organizada nem tão generalizada como nesta guerra. É muito sintomática a considerável participação dos intelectuais soviéticos na luta de guerrilhas. A eficácia de sua participação no movimento pode ser vista ainda que somente no exemplo da luta sustentada pelo destacamento guerrilheiro “Irmãos Ignátov”, de Krasnodar, região do Kuban.
Em suas “Notas de um guerrilheiro”, P. Ignátov (Bátia), chefe desse destacamento, conta que sua unidade se compunha principalmente de representantes da intelectualidade técnica: engenheiros, diretores de empresas, economistas, homens de ciência. Todos eram homens da cidade, homens de “gabinete”, como se costuma dizer. Mas, movidos por seu patriotismo, trocaram sua cômoda e habitual existência na cidade pela vida dura e inusitada dos guerrilheiros da montanha, com seus riscos e penúrias. Todos eles teriam podido ser evacuados e trabalhar na indústria de guerra da retaguarda. Não obstante, levando em consideração as circunstâncias, julgaram mais eficiente consagrar suas forças à luta direta contra o inimigo odiado.
Foram surpreendentes os resultados obtidos por esses destacamento em meio ano de luta: este pequeno grupo descarrilou 155 vagões com munições, tropas inimigas, tanques, artilharia, etc.; dinamitou oito pontes, destruiu dezenas de tanques, tanque- tas e canhões pesados, mais de cem peças pequenas e morteiros, aniquilou uns dois mil soldados e oficiais alemães e feriu gravemente a mais de dois mil e quinhentos. Nesse período, o destacamento não teve mais que sete baixas; cinco mortos e dois feridos graves.
Estes resultados foram muito maiores na realidade, pois o destacamento organizou uma original “Universidade de sabotadores-minadores”, que preparava pessoal para os destacamentos guerrilheiros vizinhos, os quais, por sua vez, contam com seu próprio balanço de baixas causadas ao inimigo.
A eficácia das ações do destacamento de Ignátov é devida, em grande parte, precisamente, à sua composição. O fato de estar constituído de excelentes engenheiros, técnicos e operários permitiu-lhe, além de organizar como é devido o grupo guerrilheiro, assestar ao inimigo golpes de modo planificado e, diria eu, científico. Os homens do destacamento de Ignátov não só subordinaram seus sentimentos ao serviço abnegado da Pátria, mas também sua alta qualificação técnica, seus conhecimentos, sua vasta cultura e sua inteligência.
Todas as nacionalidades da União Soviética participaram do movimento guerrilheiro e, particularmente, por motivos muito compreensíveis, os ucranianos e bielorrussos. Sobre as proezas dos guerrilheiros foram escritos, escrevem-se e escrever-se-ão muitos livros. Aqui, vou limitar-me a citar alguns exemplos, a título de ilustração:
Na retaguarda profunda do inimigo, os guerrilheiros bielorrussos reconquistaram grandes extensões, chamadas “zona guerrilheira”, onde os alemães não se atreviam a meter sequer o nariz. Ademais, os guerrilheiros controlavam outras regiões, impedindo que os invasores levassem os cereais e outros produtos. Assim ocorria na região de Baránovitchi, onde os vingadores do povo, descarrilando trens, armando emboscadas e em batalhas em campo aberto, aniquilaram mais de trinta mil canalhas hitleristas.
No outono de 1943, os alemães resolveram exterminar a brigada guerrilheira que atuava no distrito de Luban, região de Minsk. Várias divisões alemãs excelentemente armadas e reforçadas com tanques e aviação, cercaram o bosque onde se ocultava a brigada. Esta, fazendo esforços sobre-humanos, abriu caminho e saiu do cerco cruzando pântanos, sob um fogo contínuo e um bombardeio aéreo incessante, sem poder sequer deter-se para recolher os feridos, Chachura, o chefe da brigada, ia tirando seus guerrilheiros do cerco. Quando Chachura caiu gravemente ferido, os guerrilheiros improvisaram padiolas e colocaram nelas o seu chefe. Só podiam levá-lo caminhando sem agachar-se; um após outro caíam os padioleiros (seis deles foram mortos), mas seu posto era imediatamente ocupado por outros. E a brigada, com seu chefe querido, conseguiu sair do cerco.
O movimento guerrilheiro revestiu-se das formas as mais variadas. Nos primeiros dias da guerra, P. Buiko, professor do Instituto de Medicina da cidade de Kíev, marchou para a frente como voluntário. Caiu prisioneiro, mas conseguiu escapar. Cheio de ódio contra os invasores alemães, entregou-se ao trabalho clandestino. Buiko colocou-se, como médico, no hospital dá cidade de Fástov e organizou a cura dos soldados e oficiais feridos do Exército Vermelho. Evitou que uns mil jovens da localidade fossem enviados para a Alemanha, estabeleceu contato com os guerrilheiros e recrutava gente para os destacamentos. Quando suas atividades foram descobertas (em junho de 1943), Buiko uniu-se aos guerrilheiros. Finalmente, os alemães conseguiram capturá-lo. Banharam-no de gasolina, transformando-o em tocha viva. O nome deste intrépido patriota soviético, magnífico representante de nossa intelectualidade, jamais será esquecido.
A luta de guerrilhas, na qual participaram todas as nacionalidades da URSS que povoavam os territórios invadidos pelos alemães, demonstrou brilhantemente ao mundo inteiro o caráter popular do Poder Soviético, o amor que todo o povo sente por ele, a firme decisão de lutar por conservá-lo e para manter a independência do País Soviético. Não pode haver uma demonstração mais convincente da unidade moral e política dos povos da União Soviética!
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Se toda guerra põe à prova os recursos materiais dum Estado e sua força moral, a presente conflagração exigiu do povo um dispêndio realmente nunca visto de forças materiais e o máximo de têmpera moral. Especialistas militares de grande autoridade também consideram que a firmeza moral é um dos principais elementos para obter a vitória.
Neste sentido tem interesse a opinião do general M. Dragomírov:
“Para vencer no combate o militar deve pôr em evidência uma grande energia, tenacidade e flexibilidade moral. Requer-se dele essa energia que não admite a menor dúvida no êxito quando, aparentemente, não há a menor esperança de salvação; essa tenacidade que não permite renunciar ao objetivo proposto; essa flexibilidade que num instante, quando se modificam as circunstâncias, é capaz de achar novos meios para a conquista do objetivo visado”. [7] “A vitória pertencerá ao exército cujos soldados tenham a firme resolução de conquistá-la, mesmo à custa da própria vida, pois somente pode vencer, isto é, matar o inimigo, quem estiver disposto a morrer”. [8]
O lema “desprezo à morte” exprime nitidamente esta mesma ideia, tal como nós a compreendemos hoje. Mas nós não colocamos nesta ordem um romantismo místico, a exaltação neurótica do indivíduo, o afã de morrer elegantemente. Não vemos na morte um objetivo, algo em si mesmo sublime e sobre-humano. Para nós, a morte é o golpe mais duro que o homem pode sofrer.
Talvez em lugar algum se ame tanto a vida como na União Soviética. E é precisamente o amor à vida no País Soviético, no seio do povo soviético, o que faz com que o cidadão soviético perca o temor à morte quando essa vida está em perigo, quando, para salvá-la, se luta sem quartel. Então, o temor à morte cede ante o ardente desejo do homem de conservar a vida do povo soviético e, com ela, eternizar, digamos, sua própria vida. Não é por acaso que o comunista sobe ao cadafalso com a cabeça orgulhosamente erguida e lança a seus inimigos palavras impregnadas de fé sublime: “Morro, mas nossa causa vive e viverá”. Nestes instantes, o homem se funde por completo com a coletividade, cujos interesses estão para ele em primeiro lugar e acima de tudo, são mais fortes que a morte. Esta consciência faz do cidadão soviético um intrépido combatente. Lembremo-nos dos vinte e oito soldados da Guarda da divisão de Panfílov, que travaram um duelo singular com dezenas de tanques fascistas; do soldado Matrósov, que com seu corpo cobriu a boca de fogo dum fortim alemão; de Kamal Pulátov, que, durante a defesa dos acessos de Stalingrado, lançou-se com um punhado de bombas sob o tanque alemão que encabeçava uma coluna de forças blindadas; de Tuichi Erdzhiguitov, que com seu corpo tapou a boca duma metralhadora alemã. O mais importante é que estas façanhas não são únicas. No curso da guerra, nossos soldados e oficiais as repetiram e hoje continuam a repeti-las.
Inclusive nos dias mais penosos, quando nosso exército via- se obrigado a retirar-se, reinava em suas fileiras plena confiança em nossa vitória. Os soldados e oficiais diziam com firmeza às populações que ficavam no território evacuado: “Voltaremos!” E sua certeza não se apoiava unicamente em premissas materiais, mas também na firmeza moral de nossa gente, na fé em nossa justa causa. Ninguém podia admitir nem mesmo a ideia de que no mundo houvesse força capaz de arrebatar o Poder Soviético ao nosso povo. E este sentimento imperante entre as massas transformou-se em força material, que no Ocidente qualificam de milagre. Nós, ao contrário, tínhamos nesta confiança a medida mais exata da força do Poder Soviético.
O amor à Pátria é inerente a todos os povos. Mas não podemos dizer o mesmo de todos os exércitos. O decantado exército brandenburguense de Frederico IInão amava seu povo, nem este estimava o exército. O exército e o povo eram estranhos um ao outro. Aquele exército não era mais do que um instrumento para a realização dos planos de conquista do rei prussiano, somente servia para consolidar o poder de Frederico sobre seus súditos.
Os princípios e métodos de organização e educação do exército de Frederico pertencem ao passado remoto. Mas até os últimos tempos constituíram o ideal dos governos europeus que desejavam exércitos semelhantes ao de Frederico. Compreende-se que o tempo e o progresso introduziram suas emendas, limitando consideravelmente essas aspirações. Não obstante, a disciplina do porrete, o espírito de quartel, o isolamento do mundo exterior, o apoliticismo, a proibição de ler a literatura progressista, numa palavra, todas as medidas tendentes a isolar o exército de seu povo e o povo do exército, continuam em vigor até hoje. E, neste sentido, a Alemanha marcha na vanguarda de todos os países estrangeiros. Lá, o culto da disciplina mecânica do garrote floresce até hoje. Ali existe até um viveiro especial (Prússia), escrupulosamente guardado do povo e destinado à criação de homens duma natureza singular, cujo único objetivo é a guerra.
Por mais que os tzares da Rússia se tivessem esforçado para transplantar os métodos prussianos para o exército russo, não puderam consegui-lo na medida de seus desejos. Os russos não são da mesma massa que os alemães. Com razão diz o ditado: “O que faz bem ao russo, mata o alemão”. Mas também o governo tzarista mantinha o exército distanciado do povo e o exército não era patriótico no sentido que nós damos à palavra. Apesar de tudo, existia nele uma camada da qual saíam patriotas sinceros e chefes militares de talento, que serviam à Pátria honradamente e, a despeito da pressão de cima, melhoravam as verdadeiras qualidades combativas do exército, elevando seu prestígio nos campos de batalha.
O Exército Soviético é um exército diferente, que não se assemelha nem ao velho exército russo, nem a nenhum dos exércitos europeus. Seus efetivos saíram das entranhas do povo entre os soldados e oficiais do Exército Vermelho não existe nenhuma diferença de classe, fato que não ocorre em nenhum dos exércitos modernos. Nosso exército está ligado a seu povo por infinitos laços, tanto por seu gênero de vida como por sua atividade social.
Os vínculos sociais entre o povo e seu exército manifestam- se em nosso país no apoio, na atividade artística e de mil outras formas. O Partido e suas elevadas ideias unem espiritualmente o povo ao exército. Nossos soldados e oficiais não só se interessam pela vida de seus conterrâneos, não só vivem mentalmente tudo o que ocorre em seu torrão, mas, na medida do possível, participam da vida local e, na grande maioria dos casos, o fazem fruiferamente. O exército ama entranhamente sua Pátria e não pode deixai de amá-la, porque a sente sempre como se a estivesse tocando com suas próprias mãos.
Em nosso país, a amizade dos povos repousa sobre o sólido alicerce da comunidade de interesses. É natural que essa comunidade também se perceba fortemente no exército. Compreende- se que esta’ amizade em nada se parece aos vínculos existentes entre os soldados e oficiais alemães, cuja “amizade” se baseia no saque e no assassinato. Entre eles, o mandão dum bando cacarejante, ao lançar-se numa aventura arriscada, admite os chefetes dos bandos pequenos, mas olha com desprezo a chusma de bandidos. Tais eram, precisamente, as relações existentes entre e exército alemão e os exércitos dos satélites da Alemanha no momento da agressão de bandidos contra a URSS. Essa “amizade” é amoral e, portanto, instável, como o demonstra a todas as luzes o desmoronamento do bloco fascista. Isto não nos deve. causar estranheza: a própria teoria racial fascista nega rotundamente a amizade entre os povos. E sobre essa teoria é que se baseia toda a política da Alemanha.
A amizade entre os povos da União Soviética, a amizade autêntica, cultivada nos tempos de paz, fulgiu como chama brilhante nos anos de guerra e surpreendeu tanto nossos amigos como nossos inimigos no estrangeiro. Esta amizade temperou-se nas duras provas da guerra. Como é natural, evidencia-se com mais vigor na frente, onde o perigo sempre ronda o homem e, por isso, deve ser completa a confiança no companheiro ao lado. A frente é a pedra de toque que põe à prova, entre muitos outros sentimentos, também a lealdade e a amizade. Os povos da União Soviética não só passaram por esta prova no trabalho solidário da retaguarda, mas também na conduta de seus filhos na linha de fogo. E não podia ser de outro modo. Nosso exército é uma família irmanada, onde a ajuda ao companheiro é uma obrigação moral. Qualquer crônica de guerra das que publica nossa imprensa nos dá exemplos de fraternal ajuda em combate.
Nos momentos de trégua a amizade embeleza a vida na frente.
Um jovem kazak lê uma carta de sua mulher em que esta lhe comunica o nascimento dum filho. O pai discute seriamente com os companheiros do pelotão que nome há de dar ao filho. Chega à frente a carta dum siberiano na qual descreve a vida kolkhoziana, as perspectivas da colheita, etc.. Tais questões interessam a todos os soldados, inclusive aos que antes viviam nas cidades, e dão lugar a que se, estabeleça uma conversação generalizada. Numa palavra, sempre existe uma infinidade de temas para discutir em comum.
Não é a cor da pele ou a nacionalidade do militar, mas a inteligência e mérito na guerra que determina sua promoção e carreira em nosso país. E não apenas formalmente ou, como diríamos, de acordo com a lei. Para isso contribui também a opinião geral dos soldados e oficiais. A amizade pessoal nascida sobre semelhante base perdura muito tempo, mesmo entre pessoas que vivem em pontos muito distantes.
O ódio ao inimigo arraigou-se profundamente em nosso exército. Os próprios alemães contribuíram para isso. Creio que em todo o exército não existe uma só unidade, por pequena que seja, cujos homens não tenham sofrido com a selvageria dos alemães: mataram-lhes a mulher, os filhos ou os pais, ou têm uma irmã que foi levada para a escravidão alemã, sem falar dos bens saqueados, das casas incendiadas.
Hoje, quando os exércitos aliados estreitam cada vez mais o cerco em torno da Alemanha e a guerra se desloca para seu território, a propaganda alemã derrama lágrimas de crocodilo; a guerra, diz ela, torna-se cada vez mais encarniçada, desapareceu dos exércitos o antigo cavalheirismo. Pelo visto, esta propaganda é feita para os néscios dos países aliados. Hoje, quando veem aproximar-se a hora de pagar os crimes que cometeram, os miseráveis que exterminaram, direta e indiretamente, dezenas de milhões de seres, lembram-se do cavalheirismo.
Nós consideramos sagrado o ódio às feras fascistas. Mas eis que um jornalista americano, comentando favoravelmente dum modo geral o livro de Ehrenburg, “A guerra”, observa que a obra perde seu valor pelo excessivo ódio aos alemães, que se respira nas suas páginas. Não é uma opinião casual. Um considerável número de pessoas na América e na Europa Ocidental foge às formulações incisivas e não põe grande paixão na luta contra o fascismo. Segundo afirmam, a moderação é mais eficaz e, dum modo geral, o ódio não se harmoniza com os nobres sentimentos humanos. Isto, compreende-se, é completamente falso.
A literatura russa foi considerada com toda a justiça pelos críticos estrangeiros como uma grande literatura, como a literatura mais humana. Assim, o crítico polonês A. Brückner, no prólogo de sua “História da Literatura Russa”, escreve:
“A literatura russa é a mais jovem do mundo... Sua juventude é compensada pela abundância e a originalidade de suas obras, pelo seu alto valor moral, pela prédica do humanismo e do altruísmo, pela agudeza e profundidade de suas análises da alma humana e de suas observações da vida, por sua franqueza e amor à verdade e por seu espírito democrático. Ela se impõe pela grande significação que conquistou em seu próprio país, coisa em que supera grandemente as demais literaturas do mundo... Ela se converteu em cátedra da qual brotou o verbo em defesa do bem, da beleza, da liberdade e do humanismo, converteu-se em intérprete incomparável da consciência social...”.
Mas em nossa literatura, nas obras de nossos melhores artistas da pena, o ódio ao mal ressalta vivamente, como o sentimento mais nobre e como um dos meios mais eficazes na luta contra os inimigos da humanidade.
O escritor Gorbátov pintou muito bem o ódio aos alemães em sua novela “Os indomáveis”. O velho Tarás não pode sequer conceber que os alemães, que tanto mal causaram ao povo, não sejam castigados. Faz tudo o que pode para vingar-se do inimigo. Quando os alemães abandonam a cidade, sai a correr pela rua, batendo com o bastão nos portões, gritando:
“— Ei! Gente, saia! Os alemães estão fugindo! Não os deixemos ir embora! Ei, homens, saiam! Em seu redor já se tinha reunido um grupo de pessoas.
— Deixa-os ir! — gritou alguém do grupo. — Nós não os chamamos! Que vão para o diabo, bendito seja Deus!
— Que queres, Tarás?
— Que não deixemos os alemães sair! — gritou. — Que os exterminemos aqui!
— Hão de matá-los sem nossa ajuda, Tarás!... Não somos militares. Isto não nos compete.
— Como é que não nos compete? — rugiu Tarás —. Como é que não nos compete? A quem compete, então? Se se forem assim como vieram, tornarão a aparecer para escoucear- nos, para enforcar nossos filhos. Não os deixemos partir. Enterremo-los! Enterremo-los!
Corria para o centro da cidade agitando seu bastão. Lionka corria a seu lado. De todas as partes já saíam operários correndo, muitos com armas conseguidas sabe Deus como.
— Pena que eu não tenha um fuzil! — exclamou Tarás sem deixar de correr. Ei, Lionka, que pena que eu não tenha um fuzil!
E o velho ergueu sobre a cabeça o nodoso bastão. Impressionava e dava pavor vê-lo assim, com o bastão na mão, a cabeça branca descoberta, iluminado pelo resplendor da cidade em chamas...”
Assinalei as fontes que deram origem ao desenvolvimento da moral soviética. Estas fontes remontam ao passado mais longínquo de nossa história. Aos investigadores do desenvolvimento espiritual do povo russo e dos demais povos que habitam a União Soviética é que cabe descobri-las. Referi-me a um número muito reduzido de personalidades que contribuíram para a introdução e o desenvolvimento das melhores qualidades morais na sociedade russa. Subentende-se que os sentimentos morais das pessoas são mais ricos, mais variados. Não falamos, por exemplo, de como, na época soviética, aumentou o amor dos pais pelos filhos, nem do incremento do papel ativo e da independência da mulher, etc., etc. Ilustrei, preferentemente, as qualidades político-morais do povo, tratando de pôr em relevo os sentimentos que impulsionam a luta contra o inimigo.
Como já disse, nossa moral foi cultivada e pregada pelos melhores filhos do povo. Neste aspecto, é preciso fazer justiça à intelectualidade progressista russa, à literatura e à arte russas, que durante séculos lutaram abnegadamente contra as forças negras do czarismo, contra a crueldade dos exploradores, contra a ignorância do povo. A literatura russa enobreceu o homem, obrigou todo o mundo a reconhecer seu elevado espírito moral, que floresceu particularmente e penetrou na massa do povo com o regime soviético. O regime soviético socialista serviu de base para o desenvolvimento de nossa moral comunista. E não poderia ser de outro modo. O governo soviético, o Partido de Lenin e Stalin visam um único fim — o bem do povo — e orientam todas as suas atividades para esta finalidade autenticamente elevada.
O camarada Stalin confirma com todos os seus atos as palavras por ele pronunciadas quando disse que entregaria todo o seu sangue, gota a gota, pela causa do povo. Acaso não é este o grau supremo da moral humana? A moral de nosso Partido, do Partido de Lenin e Stalin, é, ao mesmo tempo, a moral de nosso povo. Ela dá ao Estado soviético sua enorme força de resistência diante dos agressores; ela inspira os trabalhadores das fábricas e do campo; ela faz com que o heroísmo na frente seja um fenômeno de massas; ela é um dos elementos mais importantes da vitória.
Janeiro de 1945
Escrito por Mikhail. I. Kalinin
Notas
[1] F. Engels, “Anti-Dühring”, pág. -114, ed. alemã, Moscou, 1946.
[2] A. N. Radístchev, “Obras completas”, tomo I, págs. 313, 314, 315, 317, russa, 1933.
[3] V. I. Lenin, “Obras Escolhidas”, t. II, págs. 838, ed. esp. 1948. (retornar ao texto)
[4] K. Marx e F. Engels, “Gesamtausgabe”, (“Edição Conjunta”), t. IV, pág. 60, Moscou, 1933.
[5] V. I. Lenin, “Obras”, t. XXIII, pág. 458, 3ª ed. russa.
[6] V. I. Lenin, “Obras Escolhidas”, t. II, pág. 619, ed. espanhola, Moscou, 1948.
[7] M. Dragomírov, “Manual de Tática”, parte I, pág. 3, ed. russa, 1906.
[8] M. Dragomirov — Obra citada, parte II, págs. 10-11.