Comunistas filipinos promovem campanha de conscientização pela vacina da Covid-19
Já se tornou lugar comum dizer que o governo reacionário de Rodrigo Duterte, nas Filipinas, guarda muitas semelhanças com o governo de Jair Bolsonaro. Para sustentar esta noção, muitos se baseiam nos trejeitos e tendências de ambos para afirmações polêmicas e absurdas. Porém, algo que tem passado despercebido é a semelhança dos dois governos no que diz respeito à forma de tratar a crise iniciada pela pandemia da Covid-19.
As Filipinas é um dos países mais populosos e densamente povoados do mundo, com cerca de 110 milhões de habitantes em um país cuja extensão territorial é semelhante àquela do estado do Piauí. Para vacinar 60% da população filipina, pouco mais de 60 milhões de pessoas, seria necessário um orçamento de 72 bilhões de pesos filipinos (moeda nacional). Contudo, o governo de Duterte alocou apenas 2,7% deste montante para a campanha de vacinação, revelando sua incompetência e mostrando que não possui qualquer plano claro de vacinação nacional.
Até então, as perspectivas de vacinação conduzidas pelo governo de Duterte são absolutamente insuficientes. Diz-se que o governo nacional e empresas privadas fizeram contratos de aquisição de 42 milhões de doses das vacinas produzidas pela Sinovac e AstraZeneca. Contudo, ainda que a totalidade destas vacinas seja aplicada, isto cobriria apenas 21 milhões de pessoas, cerca de 19% da população nacional. Ademais, as negociações de importação das vacinas permanecem em segredo absoluto, com suspeitas de pagamentos de propinas por parte de grandes empresas ligadas à produção e comercialização das vacinas aos funcionários do governo reacionário de Duterte.
Desde o ano passado, quando a pandemia se alastrou pelo país, o Partido Comunista das Filipinas tomou medidas sérias para evitar que o contágio se alastrasse em suas bases de apoio. Porém, o governo de Duterte, indiferente à saúde popular, seguiu violando as próprias ofertas de cessar-fogo e utilizou a pandemia como oportunidade para golpear o Partido e seu braço armado, o Novo Exército Popular.
Atualmente, enquanto se desenvolvem no mundo melhores perspectivas para a vacinação em massa contra a Covid-19, o Partido Comunista das Filipinas, no editorial de seu órgão central Ang Bayan, intitulado “Lutemos por vacinas da Covid-19 gratuitas e seguras”, fez as seguintes declarações em defesa da vacinação em massa:
“Os graves atrasos e a falta de fornecimento de vacinas da Covid-19 são os mais recentes e aparentes fracassos, negligência e corrupção do regime de Duterte diante da pandemia da Covid-19.
(...)
“Nas Filipinas e em todo o mundo, tem sido dada atenção ao controle capitalista monopolista da vacina. As vacinas são desenvolvidas e fabricadas não para o benefício da humanidade, mas para o lucro. A Covid-19 tem sido explorada por imensas empresas farmacêuticas que, atualmente, se encontram na corrida pelo controle do mercado. Ao invés de cooperação, há segredo e concorrência entre tais empresas. Elas mantêm as pesquisas e os conhecimento sobre as vacinas à sete chaves. Negociações de venda são feitas também secretamente, para vendê-las pelo maior preço.
(...)
“Diante da pandemia da Covid-19, que infectou meio milhão de filipinos, mais de 95 milhões de pessoas globalmente e causou a morte de mais de 2 milhões, vários países têm feito esforços para levar a cabo programas de vacinação em massa. Países capitalistas como Reino Unido, Estados Unidos, Japão, China, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Cingapura e outros têm tomado a dianteira. Até mesmo países menos desenvolvidos como Cuba, Índia, Vietnã, Irã e outros desenvolveram suas próprias vacinas e estão se organizando para distribuí-las gratuitamente.
“O Partido incentiva todos os filipinos a se vacinarem contra a Covid-19. Isso é para a saúde de cada indivíduo e de toda a sociedade. A vacinação em massa da população é uma das medidas chave para impedir a difusão da Covid-19. Ao mesmo tempo, a decisão de indivíduos de não quererem ser vacinados por suas crenças deve ser respeitada.
“Todas as forças revolucionárias devem levar a cabo esforços para disseminar informações para elevar o conhecimento do povo sobre a vacina, de forma a se deixar de lado medos e superstições. Deve-se ajudar todos a compreender a importância das vacinas.
“O povo deve reivindicar que a pesquisa e o desenvolvimento das vacinas da Covid-19 tornem-se públicos. Isso deve ser feito de forma a se ter uma base firme para decidir qual vacina será tomada.
“O povo filipino deve lutar pela vacinação gratuita da Covid-19. Ele deve exigir a obrigação do Estado em assegurar que vacinas gratuitas e seguras estejam disponíveis para todos aqueles que queiram ser vacinados. Deve-se expor e denunciar a falta de orçamento e a corrupção dos funcionários do governo em negociações secretas para a venda de vacinas.
“Ao mesmo tempo, o povo deve reivindicar a testagem e tratamento gratuitos para a Covid-19. Deve seguir na luta para o fortalecimento do sistema público de saúde. Deve haver um aumento de investimentos para a melhoria de hospitais públicos, contratação de mais enfermeiros e profissionais de saúde, e para o aumento de seus respectivos salários.
“A vacinação é um importante aspecto no controle da difusão de doenças contagiosas. Muitas doenças foram eliminadas ou controladas através de vacinas. Esta é uma das armas científicas mais importantes da humanidade.”