Seguem as ações dos trabalhadores grevistas dos Correios
A categoria dos ecetistas (operários dos Correios) persiste na greve nacional que já dura há quase três semanas contra a suspensão unilateral por parte da empresa de um acordo coletivo de trabalho celebrado em 2019, suspensão esta que, na prática, retira 70 das 79 cláusulas de compromissos obrigatórios da empresa para com seus empregados. Ao todo, tal suspensão resulta em uma queda de 40% na remuneração dos trabalhadores. Ademais, os ecetistas estão sendo obrigados a trabalhar sob risco constante de contágio pelo coronavírus, na medida em que não possuem equipamentos de proteção individual em suficiência. Mais de 120 carteiros já morreram em virtude do coronavírus.
Em uma audiência realizada no início deste mês de setembro, a direção dos Correios recusou uma proposta do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em uma tentativa de encerrar a greve. A despeito da intransigência da empresa em passar a perna em seus operários, estes seguem firmes na luta, realizando uma série de ações a nível nacional.
Ao longo do final do mês de agosto, grandes manifestações levaram às ruas das principais capitais do país dezenas de milhares de ecetistas que manifestam sua persistência na greve e no protesto contra as ações anti-operárias do presidente Correios, Floriano Peixoto, e sua turma de corruptos entreguistas. No município de Indaiatuba – SP, grevistas ocuparam em 28 de agosto o Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE), grande armazém de logística dos Correios, como uma das ações para pressionar a empresa para que volte atrás nos ataques. No Distrito Federal, Brasília, ações de ocupação também foram levadas a cabo. Em 2 de setembro, os grevistas ocuparam o terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Brasília (Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek), paralisando as operações aéreas dos Correios.
Em 3 de setembro, a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), uma das entidades representantes da categoria, definiu um calendário nacional de lutas que, entre piquetes, manifestações de rua e conversas de convencimento com trabalhadores que ainda não entraram em greve, durará até o dia 11 de setembro.
A cada dia que passa, os fatos mostram que o pretexto utilizado pela direção dos Correios para depenar as condições de existência de seus operários não passa de lorota. Em uma audiência recente realizada com o TST e representantes dos sindicatos, a própria direção da empresa não pôde deixar de esconder que, somente durante a pandemia, o lucro líquido da empresa disparou para vultuosos 600 milhões (durante o ano inteiro de 2019, os Correios alçaram lucros de 110 milhões de reais) de reais, simples indicativo que não há qualquer rombo nas contas para justificar o pouco caso feito com a vida destes trabalhadores, tampouco para justificar a privatização de um suposto “elefante branco” que se limitaria a gerar prejuízos para o Estado e a mamata de burocratas – burocratas, de fato, são Floriano Peixoto, Bolsonaro e sua laia, não os carteiros, motoristas e demais trabalhadores.
A presente greve dos Correios tem sido uma grande demonstração de unidade dos setores populares, capaz de unificar duas grandes federações sindicais em uma só reivindicação econômica. A despeito das dificuldades impostas pelo peleguismo e pelo desemprego massivo, o movimento operário brasileiro ainda demonstra grande vitalidade e disposição militante.