Violência e assassinatos não derrotarão a luta pela terra! Solidariedade aos movimentos rurais!
O desrespeito e humilhação praticados pelos poderosos contra o povo trabalhador, evidentemente, não têm sido verificados apenas nos grandes centros urbanos. Se aqui abundam as arbitrariedades, os assassinatos de motivação racial e classista, as áreas rurais, os rincões do país, não ficam nem um pouco atrás. Ao contrário, em meio ao bastião do atraso e da debilidade da noção de “Estado”, no sentido impessoal do termo, os déspotas rurais, agroindustriais, pistoleiros, funcionários de empresas de segurança (paramilitares, de fato) encontram um ambiente de impunidade para agredir, expulsar de suas casas e até mesmo assassinar camponeses, trabalhadores rurais e indígenas. Afinal, a crise nacional deve ser jogada em cima das costas de alguém, e sem dúvidas, os grandes capitalistas e fazendeiros não parecem estar dispostos a cederem seus bolsos obesos para aliviar as degradadas condições de vida do povo brasileiro.
Que tais fatos sejam denunciados e repercutidos ao máximo por nossos leitores. Nada disso pode passar em branco e sob impunidade. Que sejam presos os executores e os mandantes, os bandidos e safados, e que justiça seja trazida para todas as vítimas das agressões, assassinatos, arbitrariedades e humilhações!
Em Parauapebas (PA), paramilitares a mando da mineradora Vale conduzem massacre contra camponeses posseiros
Os fatos lamentáveis servem como lição para que não se confie nem um pingo sequer na palavra das classes dominantes. No município de Parauapebas, sudeste do estado do Pará, camponeses que há muitos anos cultivam as terras outrora improdutivas do latifúndio Fazenda Lagoa (supostamente sob propriedade da mineradora Vale), atualmente Acampamento Lagoa Nova, reuniram-se na data de 21 de junho com um representante da Vale para a resolução do conflito agrário que já se arrasta desde o ano de 2016. Tratando-se de uma grande comunidade, com cerca de 250 famílias e liderado pela FETRAF (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar), o espertalhão “representante” da empresa, que prometeu aos lavradores uma resolução pacífica do conflito, deu a deixa para que, horas depois, dezenas de paramilitares contratados pela empresa de segurança Prosegur invadissem o acampamento e disparassem a esmo contra os moradores, cerca de 150 deles, que estavam no momento realizando suas orações.
A raça de canalhas não respeita sequer as cerimônias religiosas de um povo. Quem se propuser a pesquisar mais à fundo sobre o ocorrido verá que estes terroristas não pouparam sequer uma menina de cinco anos, que chorava ao mostrar para jornalistas o tiro de bala de borracha que a atingira no braço. Uma senhora de cabelos grisalhos fora atingida na cabeça. Pelo menos vinte outros agricultores e seus familiares terminaram feridos. Eis o que ocorre no Brasil reacionário de Bolsonaro.
Garimpeiros executam indígenas Yanomami no interior de Roraima
Informação fornecida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou que, em 23 de junho, em um conflito desigual com garimpeiros, os indígenas Original Yanomami e Marcos Arokona Yanomami terminaram mortos no município de Alto Alegre, interior do estado de Roraima. Se desde o início da pandemia as comunidades Yanomami têm feito uma campanha pela desintrusão de seus territórios por garimpeiros, que têm espalhado o novo coronavírus dentre as aldeias, podemos observar facilmente que a doença não é a única assassina em meio à situação.
Por se tratar de um dos rincões brasileiros, de um município grande e com acesso extremamente rarefeito a estradas, as informações sobre o massacre contra os indígenas Yanomami são ainda nebulosas. Para além dos dois mortos, não se sabe quantos terminaram feridos e em que situação de saúde se encontram.
Dirigente camponês e militante do PSOL é executado no Rio Grande do Norte
Na noite de 04 de julho, homens armados invadiram a casa de Francisco das Chagas Batista (companheiro conhecido como Lavor), localizada no Assentamento Margarida Alves, município de Macaíba – RN. Apresentando-se como policiais, fizeram-no refém e dispararam várias vezes contra ele, levando ainda pertences de sua casa.
O companheiro Lavor era um histórico dirigente camponês do estado do Rio Grande do Norte. Iniciou seu trabalho organizativo como dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), embora tenha terminado seus dias como dirigente do MNT (Movimento Nossa Terra) e FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade). Era filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Diversos movimentos de massas têm cobrado a investigação de seu assassinato e deram suas condolências a ele e sua família.
Ataque contra acampamento rural no interior do Rio de Janeiro executa lavrador
Na zona rural do município de São Pedro da Aldeia – RJ, pistoleiros invadiram no dia 10 de julho o Acampamento Emiliano Zapata, dirigido pela FETAGRI – RJ (Federação dos Trabalhadores da Agricultura). Sob condições extremamente desiguais, os camponeses, moradores do acampamento, resistiram à agressão, o que não impediu que os pistoleiros, pagos por Matheus Canellas (grileiro da área Fazenda Negreiros), executassem o agricultor Carlos Augusto Gomes, conhecido como Mineiro. Os lavradores conhecidos como Tião e Russo, também moradores do acampamento, foram também feridos à bala.
Além disso, órgãos dos meios de comunicação democráticos denunciam que outras agressões foram cometidas contra os acampados, como o incêndio de barracos e pertences, morte de gado pertencente aos agricultores, etc.
Intensificam-se as arbitrariedades da reação na Mata Sul pernambucana
Há muitos meses, a NOVACULTURA.info tem dado repercussão ao conflito que opõe milhares de famílias posseiras, que cultivam as terras dos antigos engenhos da Mata Sul, de um lado, e grandes empresas ligadas à especulação imobiliária e à criação de gado, de outro. Este conflito já resultou em agressões contra agricultores, cerceamento ao direito de locomoção deles por parte de empresas de segurança, tentativas de assassinatos, e até mesmo o uso de aviões para despejar agrotóxicos em casas de agricultores dos engenhos.
Ontem, 16 de julho, por volta das 18 horas, o camponês Edeilson Alexandre Fernandes da Silva sofreu uma emboscada enquanto saía de sua casa, localizada no Engenho Fervedouro, rumo à sede municipal de Jaqueira (PE). Foi atingido por sete tiros disparados por funcionários de uma empresa de segurança que atende aos interesses da empresa Agropecuária Mata Sul S.A., interessada em despejar as mais de mil famílias camponeses que cultivam as terras dos engenhos do município mencionado e demais municípios vizinhos.
Edeilson já havia sido vítima de uma emboscada na data de 26 de junho, quando dois carros o cercaram em uma estrada vicinal e apontaram armas contra sua cabeça, fazendo ameaças.
Na data de 09 de julho, houve outro episódio semelhante, desta vez levado a cabo por funcionários da empresa Consultoria e Empreendimentos Imobiliários LTDA, no município vizinho de Maraial (PE). Utilizando retroescavadeiras, destruíram cercas de propriedades dos camponeses, derrubaram árvores e interditaram estradas vicinais que davam acesso ao Engenho Batateiras. É a tragédia anunciada de novos assassinatos que estão por vir, caso não haja uma mobilização à altura por parte dos movimentos democráticos.
Bandos de pistoleiros ameaçam camponeses e destroem suas lavouras no estado do Paraná
Na data de 03 de julho, no município Quinta do Sol – PR, um latifundiário e cerca de catorze pistoleiros armados invadiram o acampamento Valdair Roque e, ameaçando as famílias, destruíram com um trator lavouras que eram dedicadas exclusivamente à doação para famílias pobres, como parte de uma campanha de combate à fome durante a presente pandemia. Para se ter uma ideia, na data de 07 de maio, os moradores do acampamento doaram uma tonelada e meia de alimentos ali produzidos para a Santa Casa e para o Comitê de Apoio às Pessoas em Situação de Risco Social.
A intimidação contra as famílias e a destruição das lavouras possui também seu papel simbólico de mostrar que a classe latifundiária, dentre outros reacionários, quer realmente matar nosso povo de fome.
Curiosamente, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) emitiu um decreto suspendendo todos os despejos urbanos e rurais em razão da pandemia da Covid-19. Nada disso impediu a ação monstruosa por parte do suposto fazendeiro da Fazenda Santa Catarina (propriedade da Usina Sabará Álcool).