"A impressionante solidariedade soviética à Espanha"
Os soviéticos acompanharam com grande atenção as lutas e batalhas de classe nos países capitalistas, a luta dos trabalhadores contra a reação e o fascismo, sentindo-se consternados por seus reveses e alegrando-se com seus êxitos. Moscou passou a ser a segunda pátria para os perseguidos pelos camisas negras na Itália ou pelos nazistas na Alemanha. Já em 1934, após a repressão à greve de Astúrias contra os mineradores, uma onda de solidariedade se estendeu por todo o país soviético. As operárias têxteis da fábrica moscovita “Triojgórnaya” acordaram destinar metade de suas diárias ao Fundo de Ajuda aos mineiros asturianos. Este exemplo serviu de inspiração em outros centros de trabalho chegando-se a arrecadar 3 milhões de pesetas[1] para as vítimas do terror fascista. Numerosos participantes da Revolução de Astúrias encontraram asilo na URSS.
Em fevereiro de 1936, a Frente Popular ganhava a Espanha, e os asturianos emigrados regressavam à Espanha não sem antes agradecer ao povo soviético por ter tornado mais suportável a amargura da emigração. Porém, não haviam passado mais de seis meses quando as forças reacionárias da Espanha lançaram um desafio armado à República. O golpe de estado fascista aconteceu com a conivência da Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler. Na URSS surgiu um encolerizado protesto e se seguia com atenção a evolução dos acontecimentos na Espanha.
Em 2 de agosto, celebraram-se em numerosas empresas encontros de solidariedade e apoio ao povo espanhol. “Enviamos uma saudação fraternal aos trabalhadores da Espanha, que lutam heroicamente sob a direção do governo pela liberdade, pela República democrática, contra o fascismo, contra os sublevados, contra os traidores da pátria. Morte ao fascismo! Viva a vitória do povo espanhol!” se dizia na fábrica eletromecânica “Ordzhonikidze”. No dia seguinte, a Praça Vermelha de Moscou e ruas adjacentes encheram-se de manifestantes. Portavam cartazes que diziam “A causa do povo espanhol é nossa própria causa” ou “solidariedade ao povo espanhol”. Abriu o encontro Nikolai Shvernik, Secretário do Conselho Central dos Sindicatos da URSS, falaram também um porta-voz de cada fábrica e algum intelectual. 120.000 pessoas abarrotaram a manifestação moscovita exortando a todos os trabalhadores soviéticos a contribuir economicamente com a causa republicana. Enquanto isso, 100 000 pessoas em Leningrado se manifestaram com propósito idêntico, e em Rostov, Dniepropetrovsk, Kiev, Novosibirsk, Omsk, Ivanovo, Odessa... Em todas as partes se arrecadou dinheiro para os combatentes antifascistas da Espanha.
Os soviéticos seguiam com atenção os partidos da Espanha. O poeta Nikolai Tijonov escrevia no “Leningraskaya Pravda”: “Cada dia começa com um pensamento: o que há de novo na Espanha? Nestes dias difíceis acompanhamos com grande carinho a luta dos heróis que combatem por uma humanidade nova e os desejamos uma vitória rápida e completa”. A fome das crianças espanholas comovia a todos os pais soviéticos que faziam doações desde os confins mais despovoados da URSS. Em 6 de agosto, já se havia arrecadado 12 milhões de rublos, que em outubro alcançariam os 47 milhões. Em 18 de setembro de 1936, zarpou de Odessa o primeiro barco com ajuda soviética. Manteiga, açúcar, farinha, latas de conserva, roupas e outros produtos básicos chegaram à Espanha em barcos soviéticos.
Assim se iniciava a solidariedade soviética para o povo espanhol em armas contra o fascismo. Depois viriam os encontros entre artistas e intelectuais, a formação de Brigadas Internacionais, a adoção de crianças espanholas, a acolhida aos refugiados espanhóis que fugiram do fascismo depois da derrota militar da República. Que seja eterno o agradecimento à URSS daqueles que recordam o que aconteceu naqueles anos.
Notas de tradução:
[1] Peseta: Unidade monetária da Espanha até substituição pelo Euro em 2002.
Do blog “Cultura Bolchevique”
Traduzido por Glauco Lobo