50 anos da fundação do Novo Exército Popular (NEP) das Filipinas
O proletariado e o povo filipinos, junto a seu partido de vanguarda, o Partido Comunista das Filipinas (PCF), celebram nesta presente data – 29 de março de 2019 – o aniversário de cinquenta anos da fundação do Novo Exército Popular (NEP), instrumento principal das massas trabalhadoras filipinas para derrubar o poder político do velho Estado burguês-latifundiário bancado pelo imperialismo norte-americano. Todas as bases de apoio da Guerra Popular realizam celebrações de todos os tipos, dentre discursos, rodas de conversas, atividades culturais, etc.
A fundação do Novo Exército Popular que teve lugar na província de Tarlac (Central Luzon) em 29 de março de 1969 por algumas dezenas de militantes do Partido Comunista das Filipinas, dirigidas pelo camarada José Maria Sison, remonta na verdade a séculos de lutas do povo filipino contra seus exploradores e opressores. Representa a retomada da batalha pela continuação da velha e não concluída Revolução democrático-burguesa filipina de 1896 – quando milhões de operários e camponeses filipinos se levantaram contra a dominação colonial espanhola e posteriormente contra a dominação do imperialismo –, porém sob as novas condições na qual a Revolução democrático-nacional filipina é dirigida não mais pela burguesia liberal e progressista (os ditos “ilustrados”), mas pela classe operária em aliança com os camponeses pobres, assalariados rurais e demais trabalhadores.
A fundação do Novo Exército Popular em 1969 remonta também, mais imediatamente, às tradições profundamente antifascistas do povo filipino. No início da década de 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, quando as Filipinas foram submetidas à ocupação e agressão por parte do Japão imperialista que buscava anexar todo o Extremo Oriente asiático como sua colônia, o povo filipino e o antigo Partido Comunista organizaram o Exército Popular Anti-Japonês (Hukbalahap) para, a partir das montanhas e áreas rurais, resistirem à agressão imperialista japonesa e salvaguardarem sua emancipação e soberania. Porém, após a vitória das forças antifascistas e pela paz durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Popular Anti-Japonês, encabeçado pela liderança oportunista de Luis Taruc, caiu em compromisso com o imperialismo norte-americano devido às posturas e leituras erradas sobre o papel que este viria a cumprir nas Filipinas e na arena internacional. Em razão de tais compromissos e manobras oportunistas, o velho Exército Popular Anti-Japonês fora dissolvido numa associação de veteranos, veteranos estes que acabaram depondo suas armas. A Revolução Filipina, que se encontrava novamente agora em confronto com o velho imperialismo norte-americano, passou a carecer de um braço armado. Neste sentido, quando o antigo Exército Popular Anti-Japonês converteu-se em Novo Exército Popular no ano de 1969, a partir da liderança combativa de José Maria Sison, isto representou na prática não uma fundação de algo novo, mas a retomada do processo histórico da Revolução Filipina sob a única forma possível da luta armada revolucionária.
Dirigidos por José Maria Sison, ao reorganizarem o Novo Exército Popular, os comunistas filipinos assumiram a grande concepção militar do proletariado, a teoria da Guerra Popular Prolongada – aporte universal fornecido pelo Pensamento Mao Tsé-Tung, a etapa mais avançada do Marxismo em nossa época –, e passaram a aplica-la no decorrer da prática revolucionária. Concluíram corretamente que uma força pequena e débil (que então possuía apenas 12 fuzis para um contingente de 60 guerrilheiros), em luta contra um inimigo forte, experiente e bancado pelo imperialismo norte-americano, jamais teria condição de fortalecer-se e vencer a guerra utilizando-se de formas convencionais de luta. Portanto, há 50 anos o Novo Exército Popular conduz a guerra de guerrilhas, utilizando-se da superioridade relativa, utilizando-se de forças numericamente superiores suas para derrotar forças numericamente inferiores do inimigo, expropriando novos armamentos e formando novas unidades e destacamentos.
O Novo Exército Popular, além disso, pôde resistir à onda de capitulação e oportunismo que tomou não só as Filipinas como todo o mundo durante as décadas de 1980 e 1990, vencendo todas as formas de oportunismo de esquerda e direita e fortalecendo suas posições entre os setores mais avançados do povo trabalhador.
Ao longo de seus cinquenta anos de luta, o Novo Exército Popular produziu diversos e heroicos mártires que ou tombaram na luta ou entregaram-na de todo coração para a Guerra Popular. Neste sentido, é importante lembrarmos e homenagearmos grandes dirigentes como José Maria Sison, Leoncio Pitao, Gregorio Rosal, Bernabé Buscayano, Frankie Joe Soriano, além de vários outros não citados que permanecerão na memória do povo filipino e dos povos do mundo como exemplo de comunistas, patriotas e combatentes do povo.
O fato de a luta armada conduzida pelo Novo Exército Popular permanecer de pé e avançando, firme e entusiasmadamente, mesmo após cinquenta anos de sua fundação, é de grande ajuda para a luta dos povos do mundo e particularmente para a luta do povo brasileiro. Quando o revisionismo e o oportunismo de nosso país, aliados ao imperialismo, espalham aos quatro cantos que uma revolução não é mais seria possível em razão das mudanças de condições, de que as massas supostamente não estariam mais dispostas a tomarem parte numa guerra prolongada, etc., a luta armada conduzida pelo Novo Exército Popular é um verdadeiro golpe sobre tais noções erradas.
Viva aos 50 anos da fundação do Novo Exército Popular! Que os comunistas brasileiros tenham em mente, em sua luta revolucionária, os diversos exemplos positivos fornecidos pela luta armada encabeçada pelos comunistas filipinos.