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REIMPRESSÕES

Foto do escritorNOVACULTURA.info

Cinco jovens são assassinados à sangue frio por milicianos no RJ


Na madrugada do dia 25 de Março, em Maricá, Zona Metropolitana do Rio de Janeiro, no condomínio do programa Minha Casa Minha Vida em Itaipuaçu, distrito da cidade, foram mortos Sávio Oliveira, Marco Jonathan, Matheus Barauna, Matheus Bittencourt e Patrick Silva, todos com idade entre 16 e 20 anos. — O meu filho deixou amigas em casa e veio cumprimentar alguém. Chegaram dois homens, mandaram eles deitarem no chão, deram um tiro na cabeça de cada um e saíram gritando "Aqui é milícia e vamos voltar". Uma testemunha viu tudo — contou July Mary Silva, de 34 anos, mãe de Marco Jonathan, de 17 anos. Os jovens voltavam de um show de rap na cidade, suas mortes provocaram imensa comoção e revolta por parte dos moradores, defensores dos Direitos Humanos e militantes do Movimento Negro. Três deles, Marco Jonathan, Matheus e Sávio faziam parte de um projeto social da prefeitura de Maricá de rap e hip-hop, ligado à secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, que tinha como objetivo levar cultura à crianças e adolescentes e incentiva-los para que tirassem boas notas nas escolas. — Eles voltavam de um show do cantor Projota quando foram abordados e executados. Mandaram deitar no chão e gritaram "somos da milícia". Meu sobrinho era do bem, fazia rap, já ganhou concurso de passinho. Queremos justiça — pediu Adriana Silva, de 49 anos, tia de Marco Jhonatan. — Tinham feito uma página no Facebook. Ele ia ser o professor de passinho e o Sávio, o DJ. Íamos exigir que as crianças tirassem notas boas na escola. O Mateus (outra vítima) também estava nesse projeto. Já tínhamos logomarca, íamos fazer uniforme... estava muito no início — falou July, que defendeu o filho. — Eu gostaria de desmentir que meu filho é bandido. Não era. Ele era usuário (de drogas), mas estudante, nunca fez mal pra ninguém, nunca roubou. Há três anos, na inauguração do condomínio, ganhou o concurso do passinho. O sonho dele era ser cantor de rap. Todos eles gostavam disso. A delegada titular da divisão de Homicídios de Niterói, que investiga o caso, relatou que parte dos jovens fazia parte de grupos de rap e hip-hop em Maricá, e o que pode ter ocorrido é que uma das letras das músicas ter desagradado a milícia, que tem expandido seus territórios da capital para Niterói, Itaboraí e Maricá. Cerca de 200 pessoas acompanharam os enterros em Maricá. O primeiro corpo a deixar a capela foi o de Sávio, sepultado numa gaveta. Em seguida foi a vez dos amigos Marco Jhonatan e Patrick, enterrados em covas próximas uma da outra. Abalados, os familiares evitaram dar entrevistas. Amigos vestiam camisetas com fotos dos cinco rapazes e não escondiam a indignação. — Não tem outra palavra a não ser revolta. Queria que todo o Brasil sentisse essa revolta. Nada justifica interromper a vida e o sonho de uma pessoa como aconteceu com meu amigo e irmão, uma pessoa que sempre lutou para trazer melhoria e diferença para as crianças do conjunto. É triste ver o meu irmão não realizar o sonho dele — lamentou Carlos Eduardo Silva Júnior, de 20 anos, amigo de Sávio. Carlos Eduardo contou que ele e Sávio tinham um grupo de hip hop, batizado de D. Front, havia cerca de cinco anos. Ele disse ainda que o amigo era envolvido em projetos sociais e tinha o sonho de fazer uma escola de rimas voltada para crianças. O pastor Dimas Rodrigues disse que conhecia os jovens desde criança e que eram amigos de seus filhos. Ele criticou o descaso das autoridades. — É lamentável isso que aconteceu com nossos meninos. São nossas crianças e a gente culpa as autoridades que estão mais preocupadas com outras coisas. Por que não investem nos nossos jovens? Vem alguém e ceifa a vida deles como se fossem porcos. E onde estão nossos governantes, nossas autoridades? Como homem de Deus estou indignado, mas sozinho não posso mudar muita coisa — desabafou. Segundo testemunhas, os rapazes estavam numa praça de convivência do conjunto Carlos Marighela, em Itaipuaçu, quando foram brutalmente assassinados pelos milicianos. Eles ordenaram que os jovens deitassem no chão e os executaram com tiros na cabeça. Segundo o jornal Brasil de Fato, dois desses jovens também eram militantes da União da Juventude Socialista (UJS), juventude ligada ao PCdoB. Esses assassinatos brutais denotam o ódio que as classes dominantes brasileiras e suas polícias nutrem contra as classes populares, especialmente suas camadas mais pobres e de pele negra, ódio eternizado na morte de Marielle Franco, que levantava a bandeira contra as milícias terroristas do Estado. Isso também se demonstra na Intervenção Militar reacionária e na chacina de oito pessoas na Rocinha, todos jovens, negros e moradores de favelas, caracterizando um genocídio racial à plena luz do dia em nosso país. Os mais brutais e sanguinários imperadores e ditadores europeus do século XIX sentiriam inveja da polícia do Brasil, a mais mortífera do mundo. Assim, não é uma simples coincidência que a população morta pelas milícias seja justamente a negra, trabalhadora e moradora da periferia. Trata-se da própria prática do fascismo, do medo através do terrorismo de Estado e de esquadrões da morte. É o autêntico fascismo, com todas as suas características de ódio ao povo e de racismo aberto. O povo brasileiro não pode deixar barato aos terroristas que assassinam nossas crianças e que ficam impunes. A violência genocida dos terroristas defensores dos poderosos e milionários deve ser respondida com o mesmo rigor, em uma resistência justa. Em memória de Sávio Oliveira, Marco Jonathan, Matheus Barauna, Matheus Bittencourt e Patrick Silva.

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