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REIMPRESSÕES

Foto do escritorNOVACULTURA.info

Mulheres do MST ocupam fábrica da Nestlé em MG


As mulheres do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra estão na linha de frente no combate à uma das maiores atrocidades que o governo golpista de Michel Temer e a sua corja de ladrões pretende cometer contra o povo e a nação brasileira, a privatização do Aquífero Guarani.

Sendo o segundo maior manancial de águas subterrâneas do mundo, o Aquífero Guarani possui uma área de 1,2 milhões de km². Dois terços da sua extensão se localiza no Brasil, mais precisamente nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Parte do território de países como a Argentina, o Paraguai e o Uruguai também são contempladas com as águas abundantes do Aquífero. Se levarmos em conta a questão política é provável que além do governo golpista do Brasil, o governo neoliberal de Macri na Argentina, bem como de Horacio Cartes no Paraguai - segundo presidente após o golpe sofrido por Fernando Lugo em 2012 -, ambos completamente alinhados aos interesses imperialistas, abrirão caminho para a privatização das águas sul americanas.

Para entendermos a ação das camponesas do MST devemos retornar ao mês de janeiro, data de realização do Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, em que o presidente golpista Michel Temer teve um encontro privado com o CEO (Chefe Executivo de Ofício) da Nestlé, Paul Bulcke. É evidente que se ambos aparecessem lado a lado para as lentes da mídia, a opinião pública seria tomada por certa indignação e rejeição por parte da população brasileira, consciente dos interesses da Nestlé em nossas águas, contudo, o encontro às escuras não impediu que a informação logo circulasse. Como se não bastasse, o entreguista Michel Temer também se encontrou com o Presidente Global da Ambev, Carlos Brito, com o CEO da Coca-Cola, James Quincey; e com superior da Dow Chemical, Andrew Liveris.

Afrontando esse ataque ao coração da soberania nacional, na manhã dessa terça-feira (20) por volta de 600 mulheres ocuparam a sede da Nestlé em São Lourenço, no Sul de Minas Gerais. A filial da multinacional localizada em terras mineiras foi instalada em 1994, ano em que comprou as fontes e o Parque das Águas de São Lourenço, promovendo desde então a exploração desenfreada e irregular do meio ambiente.

A coordenadora estadual do MST, Mari Gomes de Oliveira, declarou que a empresa foi escolhida por ser uma das principais patrocinadoras do 8º Fórum Mundial da Água, evento que acontece esta semana em Brasília. É bom lembrar que a Nestlé controla 10,5% do mercado mundial de água.

As mulheres foram detidas nos ônibus da PM, cerca de duas horas depois elas foram soltas em conseqüência do suporte dado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, o Sind-UTE. “As mulheres, que seguem na Jornada Nacional de Lutas, denunciam a entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer”. [...] As mulheres sem terra prometem continuar as lutas durante o ano. Nesse sentido, Maria Gomes de Oliveira é taxativa. “Enquanto a burguesia continuar impondo este rompimento democrático, condenando a população brasileira à perda de direitos, vamos seguir ocupando terras, empresas e propriedades para denunciar todos os articuladores do golpe. O povo precisa saber quem são os responsáveis pela miséria, pela sua exploração e pela destruição do meio ambiente” [1].

NOTAS

[1] Trecho retirado da nota do MST sobre a ocupação da fábrica pelas militantes.

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