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REIMPRESSÕES

Foto do escritorNOVACULTURA.info

Povos originários seriam improdutivos e contra a soberania?


A camada que se situa muito abaixo do fundo do poço da sociedade brasileira, essa camarilha de ratos que são as viúvas do regime fascista de 1964, militaróides fascistas, fazendeiros e grandes empresas do agronegócio, e assim por diante, há muito lançam o lugar comum e a campanha chauvinista e racista segundo a qual os povos originários, indígenas e quilombolas, seriam contra o desenvolvimento nacional e também contra a soberania do país, pois, de acordo com a campanha racista, a demarcação de territórios indígenas e quilombolas seria na verdade um movimento de "estrangeiros" para tornar estes mesmos territórios independentes para então se apossarem das riquezas naturais e da biodiversidade destes territórios. Não apenas isto, como o ataque a estes povos originários se estende ao senso comum de que os indígenas e quilombolas seriam "improdutivos", vagabundos. Há um pingo sequer de verdade nisso?

Quem de fato está contra a soberania nacional? Essa cambada de vagabundos da laia dos Maggi, Leitão, Caiado e o raio que o parta estão fazendo tramitar no Congresso a lei das mais entreguistas em décadas, que permite que ESTRANGEIROS (Pessoa Jurídica e também Física, sim!) comprem terras ao bel prazer aqui no nosso país. De acordo com essa lástima, qualquer estrangeiro que for poderá comprar até 100 mil hectares de terras aqui, e arrendar outros 100 mil hectares. Juntando cinco meninos de Wall Street, especuladores que como quem jogam um videogame, com um apertar de botões podem matar de fome países inteiros, agora podem também se juntar para controlarem juntos 1 milhão de hectares de terras aqui no Brasil e, caso queiram, poderão quebrar e matar de fome um município inteiro, quando não dois, três, cinco, dez, ou mesmo o país inteiro. Essa trupe de fazendeiros quer aprovar a lei colonial para que possam tomar bilhões em empréstimos do FMI, Banco Mundial e o escambau, dando a terra como garantia. O que poderá acontecer, então? Como quem tratam os campos de nosso país como casa da mãe Joana em que podem fazer o que bem entenderem, poderão grilar, por exemplo, 100 mil hectares, e bater às portas dos banqueiros estrangeiros para emprestarem bilhões de dólares para o plantio de soja. Terminarão, por fim, nem sequer plantando, ou plantando uma ou duas safras. No final das contas, darão calote nos banqueiros estrangeiros (como já fazem com o Estado reacionário brasileiro, por exemplo, para quem já devem 1 trilhão de dólares!) que procederão no sentido de tomarem esses 30 mil hectares para si. Para os latifundiários, porém, isso não importa, pois terão bilhões para gastarem em whisky, mansões e produtos de luxo no exterior, e se precisarem de mais dinheiro para torrar em Miami, basta grilar mais terras! Com essa situação se repetindo em escala ampliada e todos os dias, não demorará para que nosso território esteja na sua maior parte controlado por gringos e que milhões de brasileiros do interior se tornem estrangeiros no próprio país! É a nova Palestina que está por nascer.

E esses canalhas ainda têm a coragem de falar que são os sofridos povos originários que atentam contra a soberania nacional?! Na sua palestra mais recente, Mourão, que ao menos abertamente não é um senhorzinho de terras, mas apenas um milico frouxo e decrépito, declarou que a venda de terras para estrangeiros deve, sim, ser liberalizada, pois o Brasil "não deve temer investimentos estrangeiros" e "se tornar mais competitivo". O que mais falta pra essa canalha? Tatuar a bandeira dos Estados Unidos na bunda?

Há uma coisa importante de ser lembrada! Os grandes latifundiários são a vanguarda na defesa do governo corrupto de Temer. Votaram a favor do Golpe de Estado contra Dilma Roussef e, em troca da permissão para arrancarem não só o couro como também as veias por debaixo dos corpos dos camponeses e assalariados rurais, "flexibilizando o trabalho escravo", mantêm o golpista safado longe das denúncias de corrupção que lhe têm tirado o sono. Vejam que interessante! O golpista Temer, sustentado por essa cambada de barões, baixou recentemente um decreto para dissolver a RENCA (Reserva Nacional de Cobre e Associados), uma faixa de terra do tamanho da Dinamarca entre os estados do Amapá e Pará. Dias depois, foi descoberto que uma mineradora canadense já sabia deste decreto meses antes de ser anunciado. Estranho, não?! Até onde se sabe, Temer não é índio, nem quilombola, mas quer dar até mesmo a própria alma pra a gringalhada...

Acusados de serem "contra a soberania", porém, os povos indígenas e quilombolas tomam atitudes completamente diferentes desses barões e militaroides. Protegem as terras brasileiras dos invasores fazendeiros e gringos, lutam pelas suas terras originárias corajosamente, de armas na mão, garantindo que as mesmas sempre sejam preservadas para as próximas gerações e que sempre sejam um patrimônio do povo brasileiro. Quando os gringos colocam suas garras no sagrado solo brasileiro, é sobre os indígenas e quilombolas que seus pistoleiros e paramilitares apontam seus revólveres e fuzis. Para os fazendeiros, porém, só sobram beijos e abraços. Enxerguemos isso, de uma vez por todas!

Os índios "têm muita terra", como acusam os fazendeiros e militaroides reacionários? Vejamos bem. As terras indígenas cobrem 13% do território nacional, sendo que mais de 90% delas se situam no norte do país, principalmente no estado do Amazonas, e pode-se observar que neste caso particular as terras indígenas estão ligados não apenas aos direitos dos povos originários ao território como principalmente à necessidade de se preservar a maior floresta tropical do mundo. Fora da região norte do Brasil e também do estado do Mato Grosso, há pouquíssimas terras indígenas. Não é à toa que as lideranças Guarani-Kaiowá do estado do Mato Grosso do Sul, diante dessa acusação esdrúxula, simplesmente respondam que não têm um pedaço de terra sequer para enterrar seus parentes mortos pela pistolagem, pelo paramilitarismo, pelo alcoolismo ou o suicídio, com semelhante situação se repetindo também para os povos indígenas do sul da Bahia, do Rio Grande do Sul, etc. Além disso, algo que os fazendeiros escondem claramente é que as terras indígenas se encontram sob a soberania da República Federativa do Brasil, sob proteção federal, logo, os indígenas não são "donos" de 13% do território brasileiro, não podem fazer com esse território o que bem quiserem, comercializá-lo, arrendá-lo ou coisa parecida. A bancada ruralista que, por sua vez, advoga a extinção dos territórios originários quer transformá-los, sim, em propriedade privada, para que, caso essas enormes extensões de terra não lhes tragam enriquecimento, possam vendê-las para quem quiserem, e, pelo jeito, querem vendê-las para os americanos.

Acusam os povos originários, também, de serem "improdutivos", vagabundos e contra o desenvolvimento. Vagabundos são os barões latifundiários, que nunca precisaram sair de seus gabinetes em Brasília para fazerem como um quilombola do interior de Alagoas, para acordar às 5h da manhã para arar a terra, plantar e colher de sol a sol, para depois a seca lhe tomar tudo mesmo após meses de trabalho no campo! Nunca precisaram ter a vida difícil de um jovem indígena do Mato Grosso do Sul, para quem a única alternativa para uma vida fora do alcoolismo é nos campos de cana de açúcar, como semi-escravo nas plantações da Bunge, Cargill e Louis Dreyfus! Seriam os povos originários os verdadeiros "improdutivos" e "contra o desenvolvimento"? Vejamos os próprios dados! O Censo fundiário do INCRA de 2013 faz a terrível constatação que mais de 70% da área das propriedades agropecuárias de mais de mil hectares estão ociosas. Somente 60 mil fazendeiros, esses improdutivos de sangue, detêm 228 milhões de hectares, ou 26% do território nacional, como PROPRIEDADE PESSOAL! Em 2003, detinham 133 milhões de hectares de terras improdutivas, e dez anos depois possuem 228 milhões. Eram improdutivos, são improdutivos e continuarão a sê-lo. São 228 milhões de hectares de terras que poderiam estar sendo utilizados para plantar a comida do povo brasileiro e permanecem sob a camisa de força da especulação latifundiária, IMPEDINDO O DESENVOLVIMENTO! E até mesmo quando não deixam as terras improdutivas e as utilizam para iniciar culturas de exportação, não adquirem seus meios de produção no país. Importando quase todos os meios de produção do exterior, terminam arrebentando a indústria local, ou impedindo o desenvolvimento desta. Atualmente, políticos latifundiários estão na linha de frente para depenar a Petrobras e aplicar ainda mais medidas para acelerar a desindustrialização. Desindustrializando-se de forma acelerada como está, o Brasil precisa cada vez mais importar do exterior os bens que antes podia produzir localmente, trocando agora estes bens importados por soja, açúcar, café e carnes, e precisando aumentar cada vez mais a produção destes produtos agrícolas para que chegue ao menos pertinho de conseguir manter a importação de tais bens (o que obviamente nunca se consegue, dados os preços baixíssimos e voláteis desses produtos no exterior). Precisando aumentar cada vez mais a produção dessas culturas de exportação para importar seus bens de consumo, avança-se sobre as culturas alimentícias voltadas para o mercado interno, forçando o Brasil não apenas a ser importador crescente de produtos manufaturados como até mesmo de alimentos, ainda que possua uma extensão territorial, quantidade de terras e clima adequado para plantar todo tipo de cultura, desde culturas tropicais a mediterrâneas. É um Brasil colonizado, agrário, com um povo empobrecido e semi-escravizado. É uma situação de falta de desenvolvimento, muito ruim para o povo e até mesmo para a burguesia local (que ficará sem um mercado consumidor para seus bens), mas que enche os bolsos dos agroexportadores de dinheiro, fazendo fluir para seus respectivos bolsos bilhões de dólares para que possam ter mais mansões nas Bahamas, nas Canarias ou onde for.

Os indígenas e quilombolas são herois, trabalhadores e defensores da soberania nacional!

Os fazendeiros e militaroides fascistas são vagabundos, improdutivos, e entreguistas do solo local para o estrangeiro capitalista!

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