Greve dos estudantes da UNESP de Assis
Em consonância com um movimento mais amplo da juventude de todo o país, em resposta a uma série de ataques das classes dominantes e seus agentes políticos contra a educação pública, os estudantes da UNESP Faculdade de Ciências e Letras de Assis deflagraram greve por tempo indeterminado.
Se juntando aos companheiros da UNESP de Franca e Araraquara os estudantes de Assis deliberaram em assembleia realizada na segunda (16/05) por parar suas atividades normais além da ocupação do campus a partir de sexta-feira (20/05). Na madrugada da quinta para sexta-feira, cerca de 80 alunos se dirigiram para o campus com barracas e colchões e passaram a ocupar permanentemente o saguão do prédio do curso de letras, onde se encontram a congregação (órgão colegiado) e a diretoria da unidade.
As pautas do movimento são por permanência estudantil, que engloba questões referentes ao restaurante universitário; moradia estudantil e bolsas de permanência, contra a precarização da universidade, exigindo a contratação imediata de novos professores, além da paridade nos órgãos colegiados (atualmente funcionando de forma antidemocrática, com os professores tendo 70% do poder de voto enquanto alunos e técnicos administrativos possuem 15% cada um).
Outra pauta que entrou nesta greve e é uma novidade e um avanço em relação às últimas, é a questão da violência de gênero, que foi reconhecida como um problema disseminado na universidade e que barra a entrada das mulheres trabalhadoras no ensino superior, exigindo-se a inclusão de um artigo no estatuto da UNESP que trate especificamente deste assunto.
Também foi inclusa, como primeira pauta do movimento, a luta contra o golpe de Estado em curso no Brasil. Conscientes do que está em jogo com um governo abertamente neoliberal e pró-imperialismo no poder, os estudantes conseguiram incluir esta pauta política inestimável em sua luta. A clareza com que leram esta situação foi logo comprovada pela declaração do novo ministro da educação do golpista Michel Temer, Mendonça Filho, que afirmou que iria defender a cobrança de mensalidade em cursos de pós-graduação nas universidades públicas do país, configurando claro ataque contra a educação pública e de todos.
O movimento estudantil de Assis deve manter-se firme e avançar mais e mais na conscientização política neste momento crítico que vivemos para que conquistem os direitos tão legitimamente reivindicados por sua greve. É necessário entender que esta luta se articula com muitas outras que pipocam pelo país e transbordá-la para fora dos muros da universidade; buscando o diálogo efetivo com a classe trabalhadora e suas formas de organização.
A resistência da juventude mostra uma vez mais que os golpistas - e aqui não podemos deixar de incluir o sr. Geraldo Alckmin - que querem entregar de vez nosso país ao setor privado (em espacial para grandes grupos monopolistas internacionais) não terão vida fácil. Só a luta mudará a vida!
por Guilherme Nogueira