"Na Venezuela está em jogo a paz desta América"
“Neste momento, a Venezuela é o centro de uma agressão sistemática, política, da mídia e de caráter diplomático que ultrapassa os parâmetros regulares de tudo aquilo que sofremos nestes 17 anos de Revolução Bolivariana”, declarou na terça-feira, 17 de maio, o presidente Nicolas Maduro em uma entrevista coletiva convocada a partir desta capital e transmitida a partir de todas as embaixadas e consulados deste país em outras partes do mundo. Portanto, Maduro ressaltou que a Venezuela vai lançar uma contraofensiva para fazer chegar a verdade ao povo e afirmar sua soberania nacional. “Por isso achei necessário convocar este encontro com a imprensa internacional, interligado com as nossas embaixadas, porque precisamos lançar uma contraofensiva política, diplomática, e mobilizar a consciência global em defesa do direito à paz, à independência e à democracia na Venezuela", expressou. Na companhia da ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodriguez e outros membros do Gabinete Executivo, bem como do chefe do bloco parlamentar da Pátria, Hector Rodriguez, o presidente lembrou as várias formas mediante as quais setores da direita têm implementado suas tentativas de derrubar o Governo Bolivariano. Maduro indicou que “têm sido 17 anos de luta constante e são conhecidos os métodos de intervencionismo imperial, estrangeiro, do capital mundial, da direita, das oligarquias mundiais”. “No entanto, se comparássemos os eventos, eles não têm imposto a violência e a desestabilização da Venezuela, hoje não conseguiram o impacto que, sem dúvida, em outras etapas conseguiram ocasionar ao país”, disse lembrando a revolta ocorrida em 2014, quando lançaram um plano chamado ‘A Saída”, para derrubar o governo, em consequência do qual causaram a morte de 43 pessoas. Para Maduro, uma das principais razões para convocar esta reunião com a mídia foi as recentes declarações do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe nos Estados Unidos, o qual, na sexta-feira passada, em Miami, acompanhado do secretário-geral da OEA, fez um apelo para uma intervenção militar na Venezuela. “Isso nunca tinha acontecido, nunca tinha acontecido, apelar a uma intervenção militar na Venezuela”, revelou. “Este país, uma nação soberana, tem o direito de escolher seu destino, o sistema político que melhor lhe convier e o futuro que desejar para seu povo, sem interferências internas”, alertou. Segundo o presidente, Washington não tem autoridade moral para exigir democracia em qualquer país, nem respeito pelos direitos humanos, pois suas intervenções no Iraque, Líbia, Afeganistão e seu apoio à oposição armada na Síria demonstram a verdadeira natureza, imperial e militarista de sua política externa. O presidente também denunciou a incursão no espaço aéreo venezuelano de um Boeing 707 E3 Sentry, “que tem todos os mecanismos de espionagem eletrônica”. “Eu faço uma denúncia perante o mundo, que está sendo montado um cenário de violência na Venezuela para justificar uma intervenção militar estrangeira”, disse Maduro. CAMPANHA DE MÍDIA Maduro denunciou a campanha contra seu governo que lançaram meios ultraconservadores da Espanha, como os jornais El Mundo e ABC, que recrutam elementos da oposição venezuelana para caluniar sua terra natal. Portanto, ele pediu aos chefes de Estado, líderes e outras pessoas de bem no mundo para demonstrar solidariedade com a Venezuela, ante os ataques realizados pelo eixo Bogotá-Madri-Miami. “Na Venezuela está em jogo a paz desta América e está em jogo o futuro da nossa própria independência neste século 21”, disse o chefe de Estado, quem observou que a política externa de seu país é baseada na união dos povos e na construção da paz. “A Venezuela tem uma diplomacia cuja chave é a construção da paz, com igualdade, com justiça, com a integração; Venezuela tem o direito de viver, de crescer, de se desenvolver, para enfrentar seus problemas e superá-los”, expressou Maduro. O presidente Maduro apresentou uma pesquisa que diz respeito ao tratamento da situação em seu país, nos primeiros quatro meses do ano, em jornais de Bogotá (Colômbia), Madri (Espanha) e Miami (Estados Unidos), onde se pode demonstrar que 97% das notícias são negativas, para um total de 1.315 informações, tanto da página inteira como de um recanto. “Não há um país, uma questão desse próprio país ou dessa própria cidade que tenha merecido mais atenção do que a Venezuela”, disse o presidente, acrescentando que dessas notas, 25 delas falam da Agenda Econômica Bolivariana e apenas duas são positivas. Diante disso, o chefe de Estado exigiu “o fim da campanha global de assédio, ameaças, a campanha de mídia de ódio e de manipulação contra a vida nobre de um povo, que a única coisa que faz é trabalhar e ama e quer continuar amando sua terra natal, sua pátria e sua história”. Em outro ponto ele chamou a reforçar a solidariedade entre os povos irmãos para conter as constantes campanhas da mídia contra a Venezuela. “Daqui da Venezuela fazemos um apelo à solidariedade mundial de líderes, de mulheres, de movimentos sociais, de presidentes, presidentas, primeiros-ministros, de governos do mundo todo”, expressou o chefe de Estado nas declarações. PROTEÇÃO DAS CONQUISTAS SOCIAIS Na entrevista coletiva efetuada no salão Ayacucho, do Palácio de Miraflores, Maduro reiterou que a preservação e proteção das conquistas sociais do povo venezuelano é uma tarefa fundamental da Revolução Bolivariana, que ganha novo vigor diante dos ataques abusivos da direita venezuelana, que se junta a aliados externos para destruir a nação. O presidente disse que para atingir esse objetivo a Revolução Bolivariana também ativou uma nova fase, destinada a estimular a economia produtiva do país, que vai permitir superar a atual situação econômica, como resultado de uma guerra não convencional orquestrada por setores imperiais e pela baixa dos preços do petróleo. Para isso, o governo está desenvolvendo a Agenda Econômica Nacional Bolivariana, composta por 15 motores econômicos produtivos. Na reunião com os meios de comunicação, o presidente disse que a esta revolução econômica também se juntou a participação ativa e entusiástica do povo, através dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), com os quais se procura levar produtos alimentares, de forma direta, às famílias venezuelanas e a estimulação da produção local. Assegurou que há mais de 10 mil CLAPs constituídos no país todo. E informou que a essas instâncias serão incorporados outros programas da revolução, como Farmapatria e sistema de cuidados médicos gratuitos, para atender às necessidades básicas da população. Esta iniciativa também permitirá combater a direita, que tentou render as pessoas com a tática da acumulação, boicote, a usura e contrabando de extração dos produtos declarados ou não de primeira necessidade. “Se eles estão travando a guerra nos sistemas de distribuição privada, com o contrabando e a revenda, então é preciso fazer um desvio em todo esse sistema e continuar construindo, com sucesso, o mecanismo de distribuição direta com o CLAP. Daí o poder atribuído ao CLAP”, disse Maduro. Em relação ao referendo revogatório que procura fazer a oposição, ele disse que para fazer isso devem ser ativados os órgãos necessários para sua implementação. Ele afirmou que a Venezuela está passando por uma época democrática, participativa e protagonista, mas disse que a ativação dessa remoção deve ser realizada em 11 de janeiro deste ano, que seria metade do mandato constitucional da presidência. “Vamos defender a verdade da Venezuela, vamos garantir e ganhemos a paz todos os dias, como garantia do exercício de nossa Constituição, dos direitos do povo e da independência perpétua da Pátria dos libertadores”!, afirmou. E explicou que os passos necessários para o referendo são legitimar e ativar, posteriormente a conformidade e coleta de assinaturas para chegar à execução, “desde que as assinaturas sejam verdadeiras”. Finalmente, Maduro esclareceu que a direita “não quer um referendo, só procuram um golpe de Estado, quer a violência para encobrir o desastre”, mas deu a entender que aqui será visto em ação um povo e uma força armada fazendo história: “Esta força revolucionária de Bolívar e de Chávez nunca vai se render”, reafirmou.
Do Granma