É sobre o Petróleo!
Não apenas em texto publicado humildemente neste mesmo blog (Imperialismo norte-americano: o motor do golpe), mas também em lugares de maior reconhecimento como na mídia (alternativa) e mesmo na academia, alguns corajosos vêm inserindo o debate sobre uma dimensão de intervenção das maiores potências do mundo – notadamente os Estados Unidos da América – nos processos políticos de nosso país e na escalada golpista que não cessa de avançar. Alguns nomes de maior relevância que começam a fazer estas denúncias, vão desde o jornalista notoriamente petista, Luis Nassif[1] até economistas nacionalistas que, a rigor, não possuem simpatia alguma com nada de ”esquerda”, como é o caso do professor Adriano Benayon[2]. Mas talvez a principal voz neste ainda pequeno coro, seja a do professor de Ciências Políticas e Relações Internacionais Moniz Bandeira, brasileiro indicado ao nobel de literatura em 2014 pelo seu livro ”A Segundo Guerra Fria”[3] onde analisa as recentes intervenções norte americanas pelo mundo para explicitar a agenda dominadora e totalitária desta potência. Moniz identifica os BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul) como potenciais concorrentes que o Império norte americano busca suprimir antes de atingir suas potencialidades. Submetê-los econômico, político e militarmente seria o objetivo principal no presente momento. E para alcançar este intento, há de se atacar um setor absolutamente essencial para qualquer país: Sua política energética. E aqui chegamos no Brasil, na Lava Jato, no juiz Sérgio Moro e em todo este circo golpista montado pelas classes dominantes brasileiras. Ao que parece, a Petrobras se tornou estatal grande demais, capaz de concorrer e mesmo de fazer comer poeira as maiores petroleiras norte americanas e européias[4]. E foi o governo petista que, após a quase completa privatização promovida na era tucana, investiu nesta estatal de modo a torná-la a gigante que é hoje. Isso, somado a associação com os países do BRICS e incapacidade de promover o ajuste fiscal exigido, tornou o governo petista absolutamente intolerável para o império norte americano em sua ânsia pela hegemonia completa. Oras, é claro que houve corrupção na Petrobras durante os últimos 14 anos. Mas é igualmente óbvio que a corrupção já existia nestes mesmos moldes antes disso. A própria Lava Jato comprova que os desvios na Estatal remontam mesmo à época do governo Collor, passando por Itamares e FHCs todos. E se engana quem pensa que é apenas a Petrobras! Escândalos como o Swiss Leaks e o Panama Papers demonstram cabalmente como a corrupção é uma epidemia completamente disseminada por todo o sistema capitalista dominante e que envolvem tanto estatais e políticos, mas, principalmente, o ridiculamente pintado como sacrossanto setor privado. Pois bem, dito isso, devemos nos atentar em como a mídia vêm tratando dos desvios na Petrobras e quais tem sido as consequências concretas destes fatos. Ao pintar a Petrobras como foco único de corrupção e simplesmente uma plataforma de desvio de dinheiro (Mentira descarada, além de não dizer para quem está indo este dinheiro e como os trabalhadores da empresa nada têm a ver com isso) buscam minar sentimentos anti-entreguistas do nosso povo em relação à nossa principal empresa estatal, pavimentando o caminho para a sua progressiva privatização. Todos os recentes ataques contra a Petrobras têm por justificativa a Operação Lava Jato (operação que curiosamente não penalizou e nem mesmo investigou seriamente nenhuma empresa estrangeira envolvida). Desde os ”desinvestimentos” (eufemismo para privatizações), até o recente projeto de lei do senador José Serra, que intenta entregar de vez o pré-sal aos imperialistas[5]. Não é de hoje que querem tomar nosso petróleo. Porém, com a descoberta das reservas do pré-sal e o aprofundamento da crise capitalista (inclusive e principalmente no setor petrolífero), a sanha dos imperialistas em roubar-nos esta inestimável riqueza se tornou incontrolável. Nada está ruim o bastante que não possa piorar! Mesmo a proposta de Serra ainda não atende as urgências exigidas pelas gigantes do petróleo. Apenas o golpe de Estado pode viabilizar todos os interesses destes monopólios petrolíferos em nosso país. Por isso a luta contra o golpe e a luta em defesa da Petrobras se complementam e devem caminhar juntas. Notas [1] – http://jornalggn.com.br/noticia/quem-e-quem-no-xadrez-do-impeachment [2] – https://antigolpe.wordpress.com/2016/04/09/tirar-os-antolhos/ [3] – BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. A Segunda Guerra Fria: Geopolítica e Dimensões Estratégicas dos Estados Unidos das rebeliões na Eurásia à África do Norte e ao Oriente Médio. 1 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. [4] – http://www.novacultura.info/#!Em-defesa-da-soberania-sobre-nossos-recursos-naturais/c216e/555c0d030cf298b2d3cde487 [5] – http://www.novacultura.info/#!Jos%C3%A9-Serra-PSDB-e-o-projeto-de-entrega-do-Pr%C3%A9sal/c216e/557fb05e0cf28827c1888541