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Foto do escritorNOVACULTURA.info

Terrorismo Paramilitar: Lavradores são assassinados e carbonizados em Rondônia


As regiões rurais do Brasil e, em particular, do estado de Rondônia, vêm passando neste ano de 2016 por uma onda de ataques contra os movimentos camponês e indígena por parte de grupos paramilitares, da velha pistolagem e das polícias do Estado burguês-latifundiário. Este, na ânsia de atender aos interesses ultra parasitários da classe latifundiária e das companhias transnacionais estrangeiras em acumular imensas extensões de terras e em remeter lucros para o estrangeiro, retraindo o desenvolvimento econômico nacional e causando inúmeros desastres sociais e ambientais, vem aprovando políticas neoliberais, cortando na carne as já mínguas verbas destinadas à reforma agrária, e sendo ainda mais e absolutamente conivente com a intensificação da grilagem de terras e, em particular, com a onda de matanças de lideranças do movimento popular rural. Tais fatores vêm causando uma situação de calamidade no campo.


Já neste ano, as lideranças Nilce de Souza (a "Nicinha", militante do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB e liderança de uma comunidade de pescadores no interior de Rondônia), Enilson Ribeiro e Valdiro Chagas (duas lideranças do acampamento Paulo Justino e militantes da Liga dos Camponeses Pobres - LCP) foram assassinadas. No Vale do Jamari (norte do estado), os últimos dias têm sido marcados por uma instauração de situação de terrorismo paramilitar. Os grandes fazendeiros, grileiros e burocratas locais têm recrutado para as fileiras da pistolagem policiais militares e até mesmo agentes do exército, organizando grupos paramilitares para combater as ocupações de terras por parte de camponeses. Possuindo carta branca para matar por parte do Estado reacionário brasileiro, mais um bárbaro crime foi cometido no última quinta-feira (11).


Durante o mês de janeiro, lavradores organizados pela LCP ocuparam a Fazenda Tucumã na zona rural do município de Cujubim, interior de Rondônia. Poucos dias após a ocupação, contudo, os lavradores sofreram uma reintegração de posse por parte da Polícia Militar. Após serem despejados, um grupo cinco trabalhadores rurais que participaram da ocupação retornaram para a fazenda para buscarem alguns pertences que tinham ficado para trás durante a reintegração. Estes cinco foram abordados por pistoleiros da fazenda que estavam em dois carros, e desde o dia 31 de janeiro se encontram desaparecidos. No dia 11 de fevereiro, dois dos cinco desaparecidos (Ruan Hildebran Aguiar e Allyson Henrique Lopes) foram descobertos como assassinados. O lavrador Allyson foi assassinado com enorme crueldade e teve seu corpo carbonizado pelos pistoleiros. Os três outros lavradores permanecem desaparecidos.


Este não foi o único ataque dos últimos dias que deixou desaparecidos. No último dia 03, em Marabá, no sudeste do Pará, camponeses organizados pelo MST e APPGA (Associação dos Pequenos Produtores da Gleba Ampulheta) realizaram uma manifestação em frente a uma fazenda grilada e pretendida pela mineradora Vale, e terminaram brutalmente reprimidos pela Polícia Militar paraense, numa megaoperação que deteve 120 camponeses, feriu 35, prendeu 7 deles e deixou três desaparecidos.

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